Cultura, política e ativismo nas redes digitais (original) (raw)

Net-ativismo e plataformas digitais em contexto pandêmico no Brasil

Lumina

O presente artigo pretende realizar uma análise inicial do papel desempenhado pelas plataformas digitais no enfrentamento à Covid-19 em comunidades periféricas do Brasil em um contexto de disputas de narrativas e ausências de ações e diretrizes governamentais coordenadas. A partir da discussão sobre “net-ativismo” e plataformização, buscou-se compreender como as plataformas, junto às infraestruturas existentes pré-pandemia, auxiliaram nas mobilizações coletivas e auto-organizadas contra o novo coronavírus, possibilitando a constituição de formas de participação e de ativismo com a colaboração entre entidades humanas e não-humanas de maneira alternativa às ações estatais. Para isso, a pesquisa centrou-se no estudo de caso de dois ecossistemas formados pela sociedade civil nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro (primeiras cidades no país a registrarem casos da infecção do vírus): a campanha “Maré diz NÃO ao Coronavírus”, iniciativa da Redes da Maré, no Rio de Janeiro, e as articula...

Redes digitais e culturas ativistas 1: arte, cidades e ativismo

2022

Os dois livros que fazem parte dessa coleção Redes Digitais e Culturas Ativistas são resultado das colaborações dos participantes da última edição do evento de mesmo nome, realizada em outubro de 2020 de forma remota pelo Programa de Pós-Graduação em Linguagens, Mídia e Arte da PUC-Campinas. Este primeiro volume, Arte, Cidades e Ativismo (CLEA Editorial, 2022) é voltado ao campo das poéticas e das artes.

NARRATIVAS DIGIFEMINISTAS: ARTE, ATIVISMO E POSICIONAMENTOS POLÍTICOS NA INTERNET

A forte incorporação das tecnologias nas práticas cotidianas realimentou as relações de poder e os discursos hegemônicos, nos ambientes digitais, no entanto, também favoreceu a visibilização de correntes feministas críticas e questionadoras dos discursos dominantes e sexistas. Neste artigo, reviso o contexto do ciberfeminismo, um movimento que surgiu na década de 1990 e influenciou uma nova geração que hoje se empenha na construção de uma internet feminista e combativa. Os subsídios partem de uma pesquisa na qual analiso as práticas de subjetividade das identidades nas redes sociais, em que as ações feministas formam parte das reflexões e do marco teórico. A abordagem metodológica é a netnografia e a análise de conteúdo. O termo digifeminista é usado para pensar as ações políticas e as produções artísticas de jovens mulheres que, de maneira similar às ciberfeministas do passado, usam as ferramentas digitais para expressar opiniões e executar estratégias de oposição às hegemonias e opressões nos ambientes digitais. Apresento também algumas artistas digifeministas, que exploram novos significados do corpo feminino, expressando feminilidades alternativas que escapam, interpelam e testam os limites das políticas da sexualidade contemporânea, com o objetivo de apontar o que as normas excluem, inviabilizam ou silenciam. Palavras-chave: Digifeministas. Internet. Ativismo. Arte digital.

A política da cultura digital: ruas, redes e participação social

A política da cultura digital: ruas, redes e participação social por RODRIGO SAVAZONI 1 Resumo: O artigo aborda a introdução de uma nova modalidade de participação política no processo eleitoral e na gestão de políticas públicas, ocasionada pelo avanço da cultura digital e o consequente surgimento das redes político-culturais. Esses agrupamentos contemporâneos, que fazem uso intensivo de tecnologias e da internet, têm conseguido influir no processo decisório tradicional por meio de ações nas redes sociais e também nos espaços públicos. A partir dessa concepção, recupera o processo que ocorreu durante a campanha para prefeito de São Paulo, em 2012, quando os atos #AmorSimRussomanoNão e #ExisteAmoremSP contribuíram para uma mudança do debate público. Por fim, aborda o programa desenvolvido pela Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, sob a gestão de Juca Ferreira, ministro da cultura do Governo Lula (2008-2010), intitulado #ExisteDialogoemSP, a criação de uma coordenadoria pela Secretaria de Direitos Humanos da Prefeitura de São Paulo de cidadania nas ruas e o edital Redes e Ruas, que premiou projetos culturais e políticas voltados para a ocupação do espaço público. Essas ações se destacam por construírem pioneiramente pontes entre novas formas de participação em rede e a gestão pública. Palavras-chave: Participação política, cultura digital, democracia, redes político-culturais Corria o ano eleitoral de 2012. Ainda no primeiro turno das eleições para prefeito de São Paulo as pesquisas de opinião apontavam para um surpreendente resultado. Superando os candidatos do Partido dos Trabalhadores (PT), Fernando Haddad, e do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), José Serra, o jornalista e deputado federal Celso Russomano, do Partido Republicano Brasileiro (PRB), aparecia liderando o certame com mais de 30% das intenções de voto. Na reta final da disputa, parecia que o candidato azarão iria conseguir avançar ao segundo turno, removendo do cenário um dos dois principais partidos do país, os

Arte, ativismo e tecnologias de comunicação nas práticas políticas contemporâneas

O presente trabalho surge a partir de uma pesquisa sobre os usos artísticos das tecnologias de comunicação para realizar questionamentos e ações críticas nos espaços públicos e na internet. Esses usos chamam a atenção por produzir alteridade nos processos comunica- tivos e por indicar a possibilidade de se pensar novas formas de ação política na atuali- dade. As ações críticas de artistas por meio de tecnologias de comunicação apresentam um caráter inusitado pelas mediações que caracterizam suas formas de participação e co- laboração, que mesclam arte e ativismo e apresentam continuidades e descontinuidades com as práticas dos anos 60 e 70. O trabalho analisa comparativamente aspectos desses processos na França e no Brasil, a partir do estudo de coletivos de artistas, ativistas de mídia e trabalhos de net arte.

Ativismo digital e valores democráticos

Estudos de Sociologia, 2021

Political participation is one of the pillars of democracy and, throughout the past decades, Political Science has argued about increasing citizens’ participation within the political process, focusing on a qualified inclusion based on dialogue and information. The rise of the Internet and social media has become a popular participation tool. Nonetheless, “digital activism”, assumes different characteristics, becoming a puzzle for scholars. Would digital participation be a “qualified” one? This study contributes to answering this question. Using the 2018 Americas Barometer, we created an indicator of the digital activism intensity in Brazil and tested its determinants as well as its effects on social and democratic values within the Brazilian electorate. The results indicate that digital activism has no significant relationship with supporting democracy or tolerance for minorities but maintains a negative relationship with tolerance for those who think differently politically.

Webcelebridades: Indivíduo, cultura e política econômica digital

Resumo: Parece inegável admitir papel preponderante das tecnologias da comunicação e da informação na constituição do indivíduo contemporâneo. Vetores de disseminação e permanente fluxo de idéias, coisas e pessoas, os media impuseram uma temporalidade conectada ao imediatismo e à fragmentação conduzindo à dita "experiência global da modernidade". (GIDDENS, 1977:77) Um eixo de articulação da relação entre mídia e subjetividade se deu por meio da celebridade, conformando um aspecto central da produção social da individualidade. (KRIEKEN, 2012) A ampla disseminação de aparatos tecnológicos e digitais adicionam nesse composto um ente emergente: a webcelebridade, indivíduo que adquire status de celebridade no ciberespaço explorando o humor e o conflito para mobilizar as emoções da 'audiência'. Acredito que tal panorama nos conduz a refletir sobre novas concepções sobre o significa ser indivíduo, sua íntima relação com o digital e mudanças político-econômicas que tocam mundos e territórios virtuais, perspectiva alimentada por reflexões produzidas ao longo minha incursão empírica junto ao circuito das webcelebridades brasileiras, iniciada em julho de 2012. Proponho, então, compartilhar apontamentos sobre essa nova forma de ser e estar no mundo e sugerir possíveis encaminhamentos analíticos. Palavras-chave: Self, Indivíduo, Digital. @hebecamargo, tida por muitos como uma das principais webcelebridades brasileiras, surge na paisagem da 'alta mídia social' no início de 2010, termo comumente utilizado por atores envolvidos na produção da esfera pública-virtual brasileira em uma alusão à existência de uma elite composta por "pessoas influentes e cheias de seguidores" 2 . Sua trajetória inicia-se no Twitter, passando posteriormente a construir sua presença digital nas plataformas sociais Facebook e Instantgram e a notável visibilidade não demorou para atrair investimentos de patrocinadores e interesse por parte de uma rede de profissionais ligados à comunicação e ao mercado digital, tornando sua presença na internet uma profissão. Hoje ela possui 67.507 seguidores no Twitter e 12.178 curtidas 3 no Facebook, canalizando investimentos publicitários mediante menção direta de marcas nessas plataformas e participação em ações promocionais. Criada por Victor Calazans, ele também experimenta os efeitos de sua fama. Por meio de @hebecamargo, passou a integrar a equipe de uma agência de comunicação digital especializada em criar e gerenciar ações promocionais e perfis corporativos em sites de redes sociais, além de ser tratado como "presença VIP" e DJ em festas noturnas, principalmente na região Sudeste do país, além de palestrante sobre

Redes reais: arte e ativismo na era da vigilância compartilhada

Rapsodia, 2019

O artigo analisa ações ativistas, notadamente com perfil artísticos, que operando nas intersecções do real expandido pelas redes. Discute as formas pelas quais esse ativismo, típico do século 21, indica possibilidades de mudança cultural a partir da reprogramação dos meios e de sua reverberação na esfera pública. Entre outros projetos são comentados: "Face to Facebook", de Alessandro Ludovico e Paolo Cirio (2010), "High Retention, Slow Delivery", de Constant Dullaart (2014), e "Go Rando" de Ben Grosser (2017)