Intersubjetividade no pensamento clínico de Harold Searles: ressonâncias contemporâneas (original) (raw)

A importância da intersubjetividade para Husserl

A Filosofia ocidental no século xx sofreu uma grande mudança. A ênfase deixou de ser a investigação a partir da subjetividade transcendental e passou a ser a partir da linguagem construída intersubjetivamente. A questão é que apesar da ênfase ter modificado e a linguagem ter se tornado objeto primeiro de interesse para muitos filósofos, esqueceram-se de tematizar o problema da intersubjetividade, da qual deriva toda e qualquer linguagem com finalidade comunicativa. Em outras palavras, para se falar em linguagem, sua construção, suas regras, semântica e sintaxe, antes há que se falar da interação entre os sujeitos que a usam. A grande pergunta é: como é possível essa intersubjetividade? Como se dá essa interação entre as pessoas?

Intersubjetividade em Michel Henry: Relação Terapêutica

Resumo: A psicoterapia é realizada no contexto da relação terapêutica entre o psicoterapeuta e o paciente. A intersubjetividade se coloca como preponderante, pois é nesse registro que o trabalho terapêutico se desenvolve. Michel Henry (1922-2002), filósofo e romancista francês, desenvolveu a Fenomenologia da Vida, na qual é revelada o papel originário dos afetos na constituição do indivíduo, na sua relação consigo mesmo, com o outro e com o mundo. O objetivo deste trabalho é discutir a intersubjetividade dentro dos pressupostos teóricos da Fenomenologia da Vida de Michel Henry, tendo em vista o que este conhecimento contribui para a compreensão deste conceito relevante para a clínica psicológica. Palavras-chave: Michel Henry; Intersubjetividade; Afetividade; Relação terapêutica

O Contextualismo de John Searle

O objetivo principal deste trabalho é analisar criticamente a modalidade de contextualismo assumida pelo filósofo norte-americano John R. Searle. A motivação inicial para investir em um tema tão inusitado para linguística é o fato de que a obra desse autor tem rendido, nas últimas décadas, algumas apreciações que não a fazem justiça, da parte de alguns linguistas brasileiros. Uma das consequências pretendidas por este estudo, será, pois, a de atentar para a necessidade de reavaliar tais concepções. Contudo, a principal razão de ser desta empreitada é mostrar que o contextualismo dos escritos de Searle apresenta, para qualquer um interessado nos estudos da linguagem, propostas e desafios que merecem ser considerados, como, por exemplo, a posição (talvez excessivamente) radical a que uma utilização irrestrita de alegações de dependência contextual parece conduzir.

Sobre a filosofia da mente de John Searle

O objetivo principal desta dissertação é apresentar, discutir e avaliar criticamente a concepção de Intencionalidade da mente defendida por John Searle. Com o fim de atingir esses três objetivos, que estruturam nosso trabalho, argumentamos que, para alcançar uma compreensão bem detalhada, ampla e profunda da concepção searleana de Intencionalidade da mente, é preciso explicar esta última tanto como um fenômeno mental (psicológico) quanto como um fenômeno natural/biológico. Expomos de modo pormenorizado as famílias de noções que definem a natureza, a estrutura, as formas mentais centrais, o funcionamento, bem como a maneira como Searle entende que devamos naturalizar a Intencionalidade, no capitulo 2 deste trabalho (respectivamente nas seções 3.1, 3.2, 3.3, 3,4, 3.5). Além disso, observamos que a ambição desse filósofo, no campo da filosofia da mente, não se limitou somente a ter desenvolvido uma visão sobre a natureza e o funcionamento da Intencionalidade da mente, e em mostrar como tratá-la naturalisticamente, mas consistiu também em apontar o que há de errado nos estudos filosóficos e científicos contemporâneos sobre o assunto, e propor correções. Nesse ponto, apresentamos os principais e gerais descontentamentos de Searle no Capítulo 1: das seções 2.1 à seção 2.6 apresentamos sua ambição de criticar e reformar os estudos atuais, os quais são focados na análise do materialismo contemporâneo no estudo da mente; subsequentemente (seção 2.7), explicitamos sua tentativa de rejeição da insolubilidade do aclamado e controverso problema mente-corpo e apresentamos as revisões propostas por ele para que essa insolubilidade desvaneça. No que diz respeito à avaliação crítica, procuramos identificar algumas dificuldades na visão de Searle sobre o que foi exposto nos capítulos 1 e 2. Buscamos analisar minuciosamente sua solução do problema mente-corpo, seu naturalismo biológico, e examinar como ele trata naturalisticamente a noção de Intencionalidade da mente com a estratégia redutiva denominada de redução causal. Partindo de algumas observações que o renomado epistemólogo da ciência Gilles-Gaston Granger (1994) fez acerca dos métodos - das regras e dos procedimentos - que regem as ciências naturais, afirmando que todo conhecimento científico, do que depende da experiência, consiste em esquematizar experiências, procuramos mostrar que a estratégia da redução causal possui as mesmas implicações negativas, apontadas por Granger, para o estudo da natureza e estrutura de nossa vida mental, em geral, e da natureza estrutural da Intencionalidade, em particular. Esperamos ter cumprido este último objetivo no capítulo 3 desta dissertação.

A intersubjetividade em Merleau-Ponty e a prática clínica

Psicologia Argumento, 2017

O problema da intersubjetividade e o esforço em solucioná-lo estão presentes ao longo de toda a obra de Merleau-Ponty, porém de modo diferente em cada fase de seu pensamento. Enquanto suas primeiras obras introduzem a questão pela reinstauração do valor simbólico ao sensível e ao corpo, seus últimos trabalhos aprofundam a tese a respeito da camada pré-objetiva que servirá como fundamentação para explicar a possibilidade da relação intersubjetiva. Levando em consideração as características peculiares de cada momento filosófico, nota-se que a experiência e o reconhecimento do outro são abordados de forma cada vez mais complexa, con¬forme o autor percebe a necessidade de um recuo mais acentuado à carnalidade do mundo. Visa-se, portanto, percorrer o itinerário investigativo correspondente aos momentos distintos de sua filosofia da intersubjetividade, a fim de evidenciar sua contribuição para pensar o outro na prática clínica.

A Intersubjetividade Em Husserl e Em Levinas

Veritas (Porto Alegre), 1996

A intersubjetividade em Husserl émarcada pela objetividade, pela imanência da intencionalidadeimplicativa e pelo idealismo do cogito.Levinas contrapõe a isto um modo de relaçãocom transitividade e transcendência diversa,pela qual se supere o horizonte de adequação fenomenalda alteridade e onde o "outro não seja reduzidoao mesmo".

Impasses na clínica psicanalítica:a invenção da subjetividade

Resumo: A presente reflexão se propõe pensar a questão da 'invenção da subjetividade' nos primórdios da psicanálise e na contemporaneidade, procurando apontar os impasses clínicos com respeito à economia e dinâmica psíquicas, nos tempos atuais.

Quatro objeções de John Searle ao Cognitivismo

Cognitivismo é uma tendência recente da Ciência Cognitiva que defende que o computador fornece uma imagem correta da natureza do mental, e não deve ser visto como metáfora apenas. No entanto, esta visão não se compromete em afirmar que computadores têm, literalmente, estados mentais, mas somente que o cérebro efetua processamento de informação: pensar, por exemplo, seria processar informação. Ora, se processar informação é, justamente, manipular símbolos, e os computadores digitais efetuam processamento de informação, então a melhor maneira de se estudar a mente seria através de modelos computacionais (vide programas de computador) que simulassem o funcionamento da mente. Bem, o objetivo deste trabalho se restringirá e se situará nesse ambiente de discussão entre Searle e o Cognitivismo. Vamos nos comprometer aqui em apresentar e discutir algumas dificuldades que Searle, em suas investigações e pesquisas, considera estarem presentes nessa visão, dificuldades essas que têm sérias conseqüências para os estudos da mente em geral e para a Ciência Cognitiva em particular. Visto que o autor pondera que os resultados de seu experimento mental do argumento da sala chinesa não atingiram esta visão, que dificuldades Searle levanta à tese de que o cérebro é um computador digital que efetua processamento de informação? Continuariam elas a serem obstáculos aos modelos computacionais da mente, isto é, ao modo cognitivista de estudar a mente? Estas são as perguntas básicas que este trabalho visa responder, e este é seu objetivo principal.

Sintonia afetiva e intersubjetividade na obra de Daniel Stern

Ayvu: Revista de Psicologia, 2014

O artigo apresenta o conceito de intersubjetividade, tal como desenvolvido por Daniel Stern, como ponto de partida para uma compreensão da relação terapêutica, tornando-o o principal recurso interventivo da psicoterapia. Esboçamos a teoria dos sensos de si, do mesmo autor, como perspectivas autônomas de organização da experiência subjetiva que se constituem em períodos pré-verbais do desenvolvimento infantil. Nesse âmbito é problematizada a utilização maciça do recurso verbal no campo da clínica psicológica e o lugar central que a linguagem ocupa como meio pelo qual se produz diferenciação subjetiva, o que pode levar a subestimar os processos não verbais envolvidos. A sintonia afetiva é destacada como processo básico na interatividade humana e agente fundamental na experiência clínica em sua potência de criar estados afetivos comuns.