O Corporativismo Empresarial e o Estado no Desenvolvimento Industrial: uma análise comparada entre Argentina e Brasil no período entre 1956 e 1978 (original) (raw)

Institutos de Estudos Econômicos de Organizações Empresariais e sua Relação com o Estado em Perspectiva Comparada: Argentina e Brasil, 1961-1996

Anos 90, 2006

Este artigo constitui uma síntese das conclusões alcançadas em nossa tese, na qual abordamos a constituição e as formas de ação adotadas por três centros de estudos e pesquisas em economia, financiados por grupos de empresas, cujos membros mais destacados chegaram à condução econômica, ocupando postos governamentais relevantes no Brasil e na Argentina, entre os anos de 1961 e 1996. As instituições que tratamos são: o Instituto de Pesquisas Econômicas e Sociais (IPÊS), a Fundación de Investigaciones Económicas Latinoamericanas (FIEL) e a Fundación Mediterránea (FM); entidades que podem ser consideradas paradigmas de uma nova matriz de relação entre o Estado, as corporações empresariais e os técnicos vinculados fundamentalmente à área econômica desenvolvida no período. Essas instituições contaram com uma estrutura dinâmica e atuaram como ponte para desenhar e pôr em prática políticas de transformações profundas nas estruturas econômicas de ambos os países, afastando-se dos modelos desenvolvimentistas para se aproximarem, cada vez mais, dos moldes liberais, alcançando certo consenso no interior de diferentes frações das burguesias e de outros setores sociais.

Os institutos de estudos econômicos de organizações empresariais e sua relação com o Estado em perspectiva comparada: Argentina e Brasil, 1961-1996

Tese de doutorado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2005

A tese aborda a constituição e as formas de ação adotadas por três centros de estudos e pesquisas em economia, financiados por grupos de empresas, cujos membros mais destacados chegaram à condução econômica, ocupando, em inúmeras ocasiões, postos governamentais, especialmente ministérios da área, presidência dos bancos centrais e outros cargos relevantes no Brasil e na Argentina, num amplo período compreendido entre os anos de 1961 e 1996, abarcando tanto a crise dos regimes populistas, quanto a passagem dos governos autoritários e democráticos, que lhes sucederam. As instituições de que trata o trabalho são, o Instituto de Pesquisas Econômicas e Sociais (IPÊS), a Fundación de Investigaciones Económicas Latinoamericanas (FIEL) e a Fundación Mediterránea (FM), escolhidas por serem atores fundamentais no desenho das políticas implementadas por distintos governos dos dois países, durante o último terço do século XX. Entidades que podem ser consideradas paradigmas de uma nova matriz de relação entre o Estado, as corporações empresariais e os técnicos vinculados fundamentalmente à área econômica, desenvolvida no período. De modo diferente das corporações de padrão mais antigo, essas instituições contaram com uma estrutura mais dinâmica e atuaram como ponte entre o Estado e os empresários para desenhar e por em prática, seja de forma direta ou indireta, políticas de transformações profundas nas suas estruturas econômicas, afastando-se dos modelos desenvolvimentistas para aproximarem-se, cada vez mais, dos moldes liberais, alcançando certo consenso no interior de diferentes frações das burguesias e de outros setores das sociedades brasileira e argentina.

CORPORATIVISMO E EMPRESARIADO NO BRASIL

Corporativismos ibéricos e latino-americanos, 2019

Análise da experiência do corporativismo no Brasil a partir das formas de representação de interesses dos empresários.

Capacidade estatal, coesão empresarial e coordenação Estado-indústria: dimensões analíticas comparadas em um período de desenvolvimento econômico na Argentina e no Brasil

2014

As histórias político-econômicas de Argentina e Brasil revelam semelhanças e diferenças que favorecem o entendimento sobre a evolução e a institucionalização do capitalismo na América Latina. Com base nessa premissa, este estudo centrou-se em um recorte temporal, entre 1956 e 1978, considerando o processo de industrialização e as relações sociais, econômicas e políticas que envolveram o Estado e as associações empresariais industriais na Argentina e no Brasil nesse período. A partir de uma análise interpretativa dos discursos encontrados nos documentos produzidos por estes agentes, ao longo de 12 casos constituídos pelos regimes e nações estudadas, buscou-se entender a relação causal entre o padrão de relação entre o Estado e as principais associações empresariais industriais e o upgrading industrial na Argentina e no Brasil. Por meio da Técnica QCA (Qualitative Comparative Analysis), procedeu-se à análise comparativa entre os casos e as nações, encontrando indicativos de que o upgrading industrial, nos casos estudados, demandou de organização do aparelho estatal e que a coordenação entre o Estado e a indústria organizada garantiu a diferença deste, entre as duas nações. As dimensões estudadas foram: a capacidade estatal, a coesão empresarial e a correlação entre o Estado e a indústria. Os achados desta investigação permitiram concluir Cuarto Congreso Latinoamericano de Historia Económica Bogotá, Colombia. Julio de 2014 que existe uma relação causal entre as dimensões estudadas e o upgrading industrial, e que o Estado é direcionador do nível de upgrading. Introdução A história do capitalismo latino-americano revela peculiaridades na relação entre o Estado e as empresas, embora conserve intimidades política e estratégica entre ambos. Na Argentina e no Brasil, tal configuração não foi diferente. Neste estudo, por meio de um recorte temporal ao longo do século XX, a relação entre o Estado e o empresariado industrial organizado na Argentina e no Brasil é comparada, com vistas a entender qual a contribuição dessa relação para o upgrading industrial. Esse recorte temporal representa o período compreendido entre os anos 1956 e 1978, quando se revelou um maior 'descolamento' da aproximação dos PIBs industriais dos dois países ao longo dos últimos cem anos, ou seja, ao longo do período que representa a história da industrialização na América Latina. Embora a denominação de upgrading tenha relação com a capacidade de inovar, entende-se, aqui, por upgrading industrial, a resposta técnico-produtiva da indústria, tanto quantitativa, como qualitativamente, em busca de um maior valor da produção. Tal interpretação coincide com o conceito dado por Ancochea (2009), em que upgrading industrial se traduz como um esforço sustentado em que os atores econômicos (nações, firmas e trabalhadores) se deslocam de atividades de baixo valor agregado para atividades de mais valor agregado nas cadeias e redes de produção global. A relação entre o Estado e as associações empresariais industriais representa um importante campo de análise, já que identifica o nível de influência do corporativismo em prol dos interesses da indústria e dos governos (e, por que não dizer, do proletariado sindicalizado), favorecendo o melhor entendimento sobre a dimensão do capitalismo na região. Para efeito deste estudo, foram elencados como associações de referência no período estudado, no Brasil, a Confederação Nacional da Indústria (CNI), como associação representativa da indústria em âmbito nacional, e o Sistema FIESP-CIESP, que compreende a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo e o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo, uma vez que o Estado de São Paulo concentrava, naquele período, o maior volume de empresas e capital industriais do país, fato que determinava a essa Associação expressiva representatividade do setor, não só local, como nacional. Na Argentina, a análise contempla a relação do Estado com a UIA (União Industrial Argentina), instituição mais representativa do setor industrial, dentro do contexto econômico, em evidência no período analisado.

Corporativismo Na Seção Trabalho Do Boletim Do Ministério Do Trabalho, Indústria e Comércio (1934-1939)

Outros Tempos – Pesquisa em Foco - História, 2014

Este artigo tem como propósito analisar o corporativismo no discurso oficial do Estado varguista presente na seção Trabalho do Boletim do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, entre os anos de 1934 a 1939. Ao mesmo tempo em que devemos compreender o corporativismo como algo novo na sociedade brasileira da década de 1930, precisamos vê-lo enquanto uma ação do Estado no sentido de dirimir os embates entre Capital e Trabalho. Destarte, consideramos um equívoco apreciar o corporativismo enquanto um fascismo à brasileira ou ainda uma simples 'cópia' das doutrinas de outras nações mais desenvolvidas no sentido de cooptar o operariado.

Elites estatais e industrialização: ensaio de comparação entre Brasil, Argentina e México (1920-1970)

States elites and industrialiozation. The purpose of this article is to stress on the importance of the sociology of state elites to fully understand developmental processes. With that purpose in mind, we comparatively analyze the industrialization process in Argentina, Brazil and Mexico from 1920 to 1970. Our analysis shows that although Argentina was in a much better condition to initiate its industrialization process in the early thirties, it was overtaken by Brazil and Mexico already in the late fifties. The article suggests that this took place because Brazil and Mexico, among other things, had a state elite willing to take development seriously, whereas Argentina lacked it. Keywords: Brazil; Argentina; Mexico; industrialization; state elites. JEL Classification: Z13.

Apresentação: Corporativismo histórico no Brasil e na Europa

Estudos Ibero-Americanos, 2016

HistóriCo no Brasil e na europa O tema do corporativismo, seja em termos teóricos ou de sua práxis, é fortemente associado pela historiografia aos regimes fascista e parafascistas do período entre guerras, não apenas no clássico caso italiano ou mesmo no modelo português de Oliveira Salazar, mas também, por exemplo, no caso dos regimes menos conhecidos de Dolffus, na Áustria, e do rei Carol II, na Romênia. No Brasil, de igual forma, seus estudiosos associam o corporativismo ao autoritarismo do Estado Novo de Vargas, especialmente destacando suas influências fascistas e o caráter incompleto do corporativismo estatal brasileiro, mero instrumento de dominação de classes. A esse respeito, observa-se que muitos desses estudos foram realizados entre as décadas de 1970 e 1990, período que coincide, de um lado, com o fim das ditaduras na Europa (Portugal e Espanha) e América Latina (Brasil, Argentina e Uruguai) e a crise do comunismo e, de outro, com a implantação de reformas políticas e econômicas de tipo liberal ou neoliberal nesses mesmos países. Em outras palavras, por hipótese, talvez se possa dizer que esses estudos sobre o corporativismo estavam diretamente ligados às preocupações dos historiadores e demais cientistas sociais, em tempos de transição democrática, de compreender as raízes e o modo de funcionamento do autoritarismo em seus países. Em sentido oposto, portanto, talvez se possa afirmar também que o tema do corporativismo teria deixado de ser relevante para esses mesmos estudiosos em tempos democráticos. Já a partir de princípios do século XXI, entretanto, observa-se uma retomada do corporativismo como objeto de estudo de historiadores, cientistas políticos, sociólogos e economistas, mas, dessa vez, não apenas no sentido de revisitar o chamado corporativismo histórico e suas

O governo João Goulart e o empresariado industrial: tensões e rupturas na última valsa do social-desenvolvimentismo no Brasil (1961-1964)

2014

The work done here aims to present the tensions involving the government of Joao Goulart (1961-1964) and a fundamental part of the Brazilian industrial business, concentrated in the hosts FIESP. Through it seeks to demonstrate the difficulties inherent in the development proposed by the president in his brief rule, from the actions and reactions of the industrial business. In this sense, is possible to conclude that the lack of industrial support, so important to the development strategy of the president, was crucial to its ultimate failure.

Corporativismo e Estado Novo: contributo para um roteiro de arquivos das instituições corporativas (1933-1974)

During the Estado Novo a dense network of corporatist institutions which covered the whole Portuguese territory was built. These institutions had various economic, social and cultural functions and operated in a parallel system connected to the central government. The 2700 corporatist organizations which were created went through several merges and extinctions, even during the Estado Novo regime. In April 1974, when the dictatorship was overthrown, there were about 2250 organizations spread across different hierarchical levels, but the localization of its archival records is unknown and the possibilities of having access to these records are scarce. The corporatist system began to be dismantled or transformed in the months following the 25 th April 1974 Revolution. Almost 40 years after the first legislation that abolished most of these public institutions, a thorough identification of the produced archival records and fonds did not existed. The historical and historiographical relevance of the Portuguese corporatist system contrasted with the lack of broad historical archival records produced by its institutions. The process of dissolving and replacing the corporatist system was long and complex, leading to various merges, services reorganization, transfer of powers, redistribution of assets and staff. During these institutional changes, there was a scattering of the archival records produced by the various institutions. Since the researchers lack historical records in order to develop research projects, it was necessary to compile the following guide for these historical archives (1933-1974). The guide describes the contacts which were made, between February 2011 and March 2013, with the central and regional archives, in order to find these fonds. This working tool identifies the main changes which occurred in the organizational evolution of these corporatist institutions and the location of its archival records in the recent years of 2012/2013.