A MEMÓRIA ENFERMA E O RACISMO COMO SINTOMA DE UMA NEUROSE CULTURAL BRASILEIRA: SOBRE A NECESSIDADE DE UMA TERAPIA MNEMÔNICA COLETIVA COM BASE NOS PENSAMENTOS DE PAUL RICOEUR E LÉLIA GONZALEZ (original) (raw)
2023, Guairacá - Revista de Filosofia
Este trabalho pretende, ao longo de três tópicos, sugerir a necessidade de uma terapêutica mnemônica coletiva como um meio para a elaboração de traumas históricos coletivos, promovida por uma historiografia crítica. Para isso, será inicialmente apresentada a noção de memória enferma, desenvolvida por Paul Ricoeur em A memória, a história, o esquecimento, com o objetivo de testar a possibilidade de uma transposição de certas categorias psicanalíticas, circunscritas à esfera interpessoal da clínica e mediadas pela transferência, à noção de memória coletiva. Depois, será então apresentado o pensamento da filósofa brasileira Lélia Gonzalez, notadamente no que se refere a seu entendimento do fenômeno do racismo como sintomática do que chamou de neurose cultural brasileira, com atenção especial a sua relação fundamental com o mito da democracia racial, supostamente existente no Brasil de acordo com alguns intelectuais brasileiros do início do século XX. Por fim, com base nos dois tópicos anteriores, será indicada a necessidade de uma espécie de terapia coletiva