Paisagens de modernidade branca: uma análise sócio-histórica da segregação de classe e raça no urbanismo de Fortaleza (original) (raw)
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Este trabalho tem como objetivo compreender a produção literária lavrada pelos intelectuais participantes do movimento modernista em Fortaleza, de 1927 a 1931, no que diz respeito aos seus discursos sobre a identidade regional cearense e nordestina. De acordo com a documentação histórica manuseada, foi percebido que a produção letrada, dos intelectuais engajados na estética moderna em Fortaleza, possuía um sentindo comum compartilhado, que era a construção da identidade regional do Nordeste (espaço geográfico) e do nordestino (indivíduos que possuíam uma cultura específica). Neste sentido, pretende-se compreender a produção dos discursos destes agentes letrados, bem como o relacionamento dentro de uma constelação caótica de discursos possíveis, os limites, os significados, as implicações e os temas. A metodologia utilizada para a elaboração deste artigo foi análise do discurso presente nas poesias, nos textos jornalísticos e nas entrevistas dos intelectuais participantes do movimento modernista em Fortaleza. Também fora feito o cruzamento de fontes, como as memorialísticas e as oficias da época para estabelecer um diálogo crítico. As fontes históricas manuseadas foram o livro O Canto Novo da Raça, o jornal O POVO, bem como as folhas modernistas Maracajá e Cipó de Fogo. Acredita-se, portanto, que os escritores participantes da geração modernista em Fortaleza contribuíram com sua produção letrada, no universo de discursos possíveis, na construção e na edificação da identidade regional do Nordeste e do nordestino. No qual toda uma gama e sorte de discursos produzidos (políticos, médicos, urbanísticos, literários, científicos) criaram o conjunto imagético-discursivo que entendemos como sendo a região Nordeste do país.
Cooper etnográfico: branquitude nas performances de classe e raça no espaço urbano
Ponto Urbe
Sou um jovem branco, homem cisgênero, filho de trabalhadores assalariados; morei durante muitos anos em um bairro da periferia. Hoje, como pesquisador e professor universitário, pertenço, do ponto de vista da classe social, a uma "nova" classe média "intelectualizada". Na condição artesanal de um etnógrafo urbano, desloco-me de carro até a Praça das Flores, um amplo logradouro arborizado, com quadra esportiva, playground e quiosques com variadas espécies de plantas e flores à venda, tudo ao ar livre. 2 A praça encontra-se localizada na região central da Aldeota, um tradicional bairro de classe média e alta da cidade de Fortaleza-CE. O entorno da praça é caracterizado por amplas ruas e avenidas igualmente arborizadas que vão compondo o contraste da densa paisagem verticalizada de prédios imponentes formando uma "floresta" de edifícios urbanos de usos residenciais e comerciais de alto padrão. Cooper etnográfico: branquitude nas performances de classe e raça no espaço u...
O luxo da Aldeia: a produção social de lugares da branquitude em Fortaleza
Revista Espaço Acadêmico bimestral, 2022
Resumo: A Aldeota é um bairro da cidade de Fortaleza (CE) que começou a adquirir o significado de status e prestígio social na linguagem local a partir da década de 1960. Reflito neste artigo sobre a produção social deste bairro, como espaço característico da branquitude na cidade (LEFEBVRE, 2000). Em busca da subjetividade envolvida nos modos de dar sentido ao lugar, analiso a literatura produzida por cronistas, poetas, cientistas sociais e urbanistas sobre a Aldeota, complementada por registros sobre o lugar nas mídias sociais digitais contemporâneas. Além disso, utilizo-me de minha própria experiência de vida morando no bairro ou próximo a este como vantagem metodológica, que, combinada às molduras teóricas dos Estudos Críticos da Branquitude possibilitam "estranhar o familiar". O artigo traz evidências das diferenças nos padrões de moradia, nos usos do espaço e na apropriação subjetiva da Aldeota para brancos e negros que coabitam o mesmo bairro.
Propriedades, negritude e moradia na produção da segregação racial da cidade: cenário Belo Horizonte
2018
Objetiva-se com este estudo discutir o lugar da propriedade fundiaria na producao da segregacao racial da cidade. Inicia-se com investigacao teorica sobre a ideia de propriedade privada constituida nos processos historicos-sociais europeus - o direto de propriedade - que se espalha no globo com a modernidade colonizadora tornando-se o principal simbolo do capitalismo. Tambem investiga-se teorias sobre o racismo de modo a subsidiar analises sobre como opera na producao da cidade e compartilha espaco com a negritude: estrategias de enfrentamento ao racismo. Desenvolve-se analises a partir de dados empiricos obtidos em entrevistas e em pesquisas institucionais, fundamentadas em teorias dentre as quais se destacam elementos conceituais analiticos sobre a producao do espaco urbano, o poder microfisico e o poder em estruturas: contribuicoes de Santos, Bourdieu e Foucault respectivamente. Na historia de Belo Horizonte - criada para ser a cidade branca da Republica em um pais colonizado da ...
Sankofa (São Paulo), 2009
Nas últimas décadas do século XIX, Fortaleza passou por grandes transformações urbanas, sociais e políticas. Nesse contexto, as manifestações culturais festivas negras que ocorriam na cidade sofreram perseguições e tentativas de controle. Para resistir, essa cultura negra recriava-se a partir das vivências de seus sujeitos. Esse artigo analisa o deslocamento dos reis negros coroados na Irmandade do Rosário de Fortaleza para outras manifestações culturais, como os autos de rei congo. Ressaltam-se diversas dimensões presentes nessas festas, ampliando, portanto, a visão de que eram apenas diversões e buscando percebê-las também como espaços de sociabilidades e de reelaborações culturais, bem como instrumentos dos negros para a conquista de territórios físicos e simbólicos na cidade.
A metrópole Híbrida: uma perspectiva histórica da urbanização de Fortaleza
PAIVA, Ricardo Alexandre. A metrópole híbrida. Uma perspectiva histórica da urbanização de Fortaleza. , São Paulo, ano 17, n. 199.00, Vitruvius, dez. 2016 Arquitextos http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/17.199/6341. A palavra "híbrida" é bem apropriada para qualificar a metropolização recente de Fortaleza, que ocorre em função de várias dinâmicas socioespaciais (industriais, terciárias, imobiliárias/ habitacionais e turísticas) condicionadas pela inserção periférica do Ceará na produção e consumos globalizados. Entretanto, este caráter híbrido de Fortaleza se evidencia também no acúmulo histórico dos processos sucessivos de urbanização da Metrópole e do seu papel na rede urbana cearense ao longo do tempo.
2018
A questao dos criados de servir acompanhou os debates sobre a libertacao dos escravos, e se perpetuou no pos-Abolicao. Foi central, ainda, para o projeto de modernidade das classes dominantes, no Ceara, a partir da decada de 1870. Tal tema dizia respeito a reposicao das hierarquias sociais e era caro tanto a comerciantes de escravos, quanto a abolicionistas. Uns como os outros pretendiam controlar a mao de obra de livres e libertos ao longo do processo de modernizacao, centrado nas familias dominantes. A modernizacao exigiu a incorporacao (nao sem resistencias) de um ethos do trabalho; para tanto, deu-se diverso modo de policiamento dos pobres, que organizavam festas como forma de ocupar espacos na cidade, criando territorios de resistencia, o que se pode ver como expressao de sua visao de mundo. O riso, nesse sentido, tornava-se expressao de um habitus de viver. Por esta via, a resistencia se dava de modo velado, no âmbito do paternalismo, e aberto, a exemplo de fugas. Os criados f...
Morfologia urbana: a segregação na cidade contemporânea
Entrepreneurship, 2021
O objetivo desse trabalho é realizar uma revisão teórica da segregação consolidada no solo urbano. Além de trazer uma breve abordagem histórica do termo segregação, se encontra entre as questões analisadas, os aspectos relacionados as causas dessa ruptura e ao mesmo tempo, elucidar as causas e consequências do agrupamento de semelhantes em comunidades, sejam elas carentes ou mesmo em condomínios residências de alto padrão, bem como, compreender o comportamento dos mesmos em relação ao entorno dos agrupamentos, seja no perímetro imediato ou em relação a toda a cidade. Como resultado, foi possível elencar os agentes desse fenômeno, como, o poder monetário ou a falta dele advindo do fator capitalista do mercado financeiro vigente, a atuação do mercado imobiliário na transformação do solo das cidades em mercadorias e as políticas públicas voltadas para as questões relacionadas ao planejamento urbano, a moradia e a morfologia urbana.
A Segregação Como Conteúdo Da Nova Morfologia Urbana De Boa Vista – RR
Revista ACTA Geográfica, 2009
Resumo Esse artigo é resultante de parte dos objetivos propostos para entendermos as novas formas do tecido urbano de Boa Vista, no que se refere às diferenças espaciais e demográficas nas quatro zonas urbanas dessa capital. Buscamos verificar por que há uma exagerada concentração populacional em uma única zona urbana assim como, as condições sócio-econômicas do povo que vive nessa cidade. Atentamos que a segregação é conseqüência de diferentes processos determinantes que atuam ao longo do século XX e princípio do século XXI. Palavras-chave: segregação, morfologia urbana, Boa Vista.
Periferias e segregação urbana em Florianópolis: um estado da arte a partir da História
PerCursos, 2023
Periferias e segregação urbana em Florianópolis: um estado da arte a partir da História Resumo O presente artigo tem como objetivo realizar uma pesquisa do tipo estado da arte dos principais trabalhos acadêmicos que discorrem acerca da periferia urbana e da segregação urbana em Florianópolis, Santa Catarina, tendo em vista a introdução do material e da temática para a disciplina da História. Com base nos levantamentos realizados por Valladares (2005) na cidade do Rio de Janeiro, busco retratar aqui os principais tópicos, métodos de pesquisa, instituições e áreas do conhecimento observados em trabalhos de conclusão de curso, dissertações e teses disponíveis nos repositórios das principais universidades do estado de Santa Catarina e do país. Foram analisados 46 trabalhos ao todo, selecionados a partir da relevância e da abordagem das temáticas selecionadas: periferia, favelas, segregação urbana e ocupações de Florianópolis e região. A partir dessa análise, teço comentários sobre a relação do material com a realidade colocada historicamente na cidade, bem como as possibilidades de estudo e de aproximações do conteúdo para os historiadores, colocadas principalmente na integração interdisciplinar e na observação das cidades e periferias como objeto de estudo dotado de dinâmicas próprias, ainda não totalmente exploradas no campo da História.