Tradução e música (original) (raw)
Este trabalho reflete sobre a canção vertida e cantável (do português para o inglês e do inglês para o português), entendendo que considerá-la somente com base na letra seria tirar dela toda a poesia, uma vez que seu valor poético está cravado de sentimentos que a música vem acordar. Minha proposta é oferecer uma nova escuta para a versão cantável de canções populares, partindo do princípio de que são criadas para serem cantadas, por serem uma combinação de letra e música, passando assim a intercambiarem uma teia sempre renovável de significações. Além disso, mostrar que essa teia de significações é criada e articulada não somente pelo versionista, mas também pelo cantor e pelo arranjador, que atuam como coautores. Para tanto, o corpus da pesquisa faz um recorte que seleciona canções vertidas do português para o inglês no disco Brasil (1987), gravado pelo grupo vocal americano The Manhattan Transfer, com canções brasileiras de Ivan Lins, Djavan, Milton Nascimento e Gilberto Gil. O trabalho também se apoia, para efeito de comparação, em um breve estudo das versões do inglês para o português criadas por Carlos Rennó. Apliquei à escuta e ao cotejo dessas canções a abordagem teórica oferecida principalmente pelo Princípio do Pentatlo de Peter Low e por Klaus Kaindl em sua perspectiva sociossemiótica.