Avaliação institucional (original) (raw)
Objetiva-se compreender a produção e utilização dos resultados derivados dos processos de Avaliação Institucional (A.I), entendendo-os como estratégia de (re)organização dos espaços de discussão no contexto da universidade. Tomamos como referência o processo de Avaliação desenvolvido pela Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), cujo período de implementação teve início em 1997, sustentado nos princípios do PAIUB. Atualmente, este processo está adequado às leis do SINAES. A pergunta norteadora da pesquisa é: para que tem servido os resultados da A.I? Utilizamos como metodologia a abordagem quanti-qualitativa, aplicando, inicialmente, um questionário (por amostragem) aos professores, alunos e funcionários. Constatamos como limites no processo de A.I, a pouca divulgação, discussão e implementação de ações sugeridas pelos resultados e, como avanços, o reconhecimento da comunidade acadêmica de que a avaliação é importante e necessária para obtenção de melhorias. Posteriormente, realizamos grupos focais com uma amostra dos sujeitos participantes, além dos membros da CPA e Chefes de Departamento, buscando entender, aprofundar e desvendar os entraves que distanciam os resultados das tomadas de decisão. Para melhor compreensão, organizamos os resultados da pesquisa em duas grandes categorias. Na primeira, as concepções de avaliação sustentam o viés regulatório, causando temor nos sujeitos sobre "como" e "para que" tais dados serão utilizados. Na segunda, as concepções de avaliação sustentam o viés emancipatório, propiciando aos sujeitos conceberem os resultados como potencializadores da qualidade institucional. Desse modo, torna-se evidente que os resultados da avaliação têm sido usados, porém, em níveis insuficientes ao se considerar os fundamentos da avaliação participativa. As tomadas de decisão também têm se efetivado apenas no nível das mudanças físicas, administrativas e organizacionais. Todavia, as mudanças decorrentes são insuficientes. Tal constatação pode estar relacionada com o fato de que a participação restringe-se, mais intensamente, no preenchimento dos instrumentos para coleta de opiniões. Essa forma de participação é insuficiente para produzir efeitos sobre as práticas e mudanças nas concepções. Concluímos, é necessário repensar as formas de participação, enfatizando o aprender a participar, como forma de alcançar resultados confiáveis nos processos de avaliação. Assim, a CPA e toda instituição poderá utilizá-los como estratégia potencializadora da (re)organização dos espaços de discussão. Esses diálogos podem gerar mudanças de concepções, engendrando novos sujeitos dispostos a usarem os princípios emancipatórios em suas práticas, rompendo com o medo instalado sobre o fim a que se destinam os resultados da avaliação. Portanto, não são os resultados da avaliação que engendrarão as mudanças de concepções de qualidade ou fortalecerão os processos de tomadas de decisão, mas a possibilidade de discuti-los coletivamente, devidamente, referenciados ao projeto pedagógico da instituição.