Estado capitalista e América Latina (original) (raw)

Estado e Desenvolvimento Na América Latina

Revista de Economia Contemporânea

RESUMO Este trabalho foi escrito em atendimento a uma solicitação da CEPAL, com o objetivo de sugerir - de forma sintética - algumas premissas para um novo programa de pesquisa sobre o tema do estado e do desenvolvimento na América Latina. Primeiro, ele resume as principais posições do debate clássico sobre este tema, do período áureo do desenvolvimentismo latino-americano, entre os anos 1950 e 1970 do século passado. E logo depois sugere uma nova perspectiva, e uma rediscussão da questão do desenvolvimento, a partir de um ponto de vista que privilegia o ângulo do “poder” e da competição pelo poder dentro do “sistema interestatal”, como condições essenciais do sucesso econômico das principais potencias capitalistas do sistema internacional. Para finalmente, apresentar alguns cenários possíveis do desenvolvimento latino-americano, dentro de um sistema mundial em plena transformação.

Estado economia e Democracia na America Latina

Estado, Economia e Democracia na America Latina, 2017

Estado, economia e democracia no Brasil e na América Latina 9 Historiadores de todo o mundo afirmam que mudanças significativas aconteceram nos rumos da huma-nidade a partir do momento em que os homens colocam em questão as explicações teocêntricas que ilumina-ram o conhecimento humano durante muito tempo, marcando assim a passagem da Era Medieval para a Modernidade. Essa passagem incidiu em várias áreas do conhecimento como nos enciclopedistas franceses; na Astronomia e Física Descartes; na Medicina e Biologia, de Hipócrates a Darwin; nas Artes, na Cultura, Literatura, nas Engenharias e em todos os objetos cognoscíveis, possíveis de serem submetidos à racionalidade humana tendo o homem como o centro das preocupações. É por evidente que se alteraram, a partir daí, as formas tradicionais de exercício de poder e por consequência os modos de organização das diferentes sociedades. Assim, Estado, Economia e Democra-cia passam a ter suas formas e conteúdos ressignificados no bojo do processo de constituição das classes sociais, das economias liberais e das democracias burguesas. Se no velho continente esse processo é temporalmente situado na transição dos regimes feudais para as sociedades burguesas, na América Latina processo semelhante não apenas ocorre em um distinto tempo histórico, como também é marcado pela violenta expropriação colonialista e imperialista dos nossos povos originários, pela constituição dependente e subordinada de nossas economias-caracterizadas pela degradante e exponencial superexploração da força de trabalho-e pela formação claudicante dos regimes democráticos que se revezaram, ao longo da história, com regimes autoritários civis-empresariais e/ou militares. Essas particularidades, bem como os sentidos gerais e as características universalizantes do Estado, da Democracia e das diferentes formas econômicas-embora sejam os elementos centrais da luta de classes ao redor do mundo-não foram por muito tempo temas dignos de prestigio científico nos meios acadêmicos e intelectuais. O déficit entre nós com relação a estudos e pesquisas nessas áreas vem sendo apenas recente-mente enfrentado com o advento de teorias que resgatam a nossa particularidade de ser um subcontinente expropriado e de economias dependentes, a exemplo do que demonstra a Teoria Marxista da Dependência (TMD), associado a experiências recentes de alternância democrática que ofereceram novas formas de fazer político, distintas das tradicionais orientações (neo)liberais imperialistas, a exemplo de experiências na Venezuela, Bolívia, Uruguai ou mesmo no Brasil. Essas duas ordens de fatores têm possibilitado com que tratemos com maior atenção não apenas as grandes temáticas citadas, mas outras que delas decorrem, como a configuração das políticas públicas, as formas de gerenciamento e alcance dos aparelhos de Estado, as transformações das instituições e o regulacionismo delas decorrentes, dentre outros temas. É na esteira desse resgate que a Revista Katálysis nos brinda com uma edição inteiramente voltada aos temas do Estado, da Economia e da Democracia na América Latina. As reflexões aqui contidas nos dão a oportunidade de problematizar tanto do ponto de vista teórico quanto prático as dimensões constitutivas de nossas sociedades que tem o Estado como seu principal agente difusor. Como elemento de disputa dentro e fora de si mesmo, os Estados burgueses condensam materialmente as contradições provenientes da correlação de forças dispostas nas sociedades, por isso, por mais que possam DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1982-02592018v21n1p09 © O(s) Autor(es). 2018 Acesso Aberto Esta obra está licenciada sob os termos da Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional (https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/deed.pt\_BR), que permite copiar, distribuir e reproduzir em qualquer meio, bem como adaptar, transformar e criar a partir deste material, desde que para fins não comerciais, e que você forneça o devido crédito aos autores e a fonte, insira um link para a Licença Creative Commons e indique se mudanças foram feitas.

O marxismo na América Latina

Marx e o Marxismo: teoria e prática, 2011

Há uma rica tradição marxista em nosso continente que se inicia ainda ao final do século XIX, quando o argentino Juan Justo traz a primeira tradução ao espanhol de O Capital. Nos anos seguintes, não apenas a produção teórica de intelectuais como o chileno Luís Emílio Recabarren e o peruano José Carlos Mariátegui (divisor de águas no marxismo latino‐americano), mas também a luta socialista de Sandino e Farabundo Martí, contribuíram enormemente para a organização dos trabalhadores e a criação dos primeiros partidos de classe. Nas décadas seguintes, esses partidos, muitos dos quais associados a III Internacional Socialista, vinculam suas teses a da revolução etapista e, se por um lado obstaculizam o marxismo criativo na América Latina, por outro criam as condições para o surgimento do marxismo renovado dos anos 1960 e 1970 por meio de uma ruptura. Buscaremos, neste trabalho, resgatar essa tradição, dando especial atenção aos seus primeiros anos de história.

Estados e Nações na América Latina

Estados e Nações na América Latina: uma jornada de dois séculos, 2022

Capítulo no livro “Balanço e Desafios no Bicentenário da Independência” – Cátedra José Bonifácio da USP – 2022

América Latina

Revista Darandina, 2019

Este artigo tem por intuito refletir sobre a região do globo denominada América Latina bem como sua identidade manifestada pela Negritude nestes tempos atuais de globalização. Para tanto, dialogaremos com teóricos como Aimé Césaire e Frantz Fanon para discutir as questões da Negritude, e com Aníbal Quijano, Walter Mignolo e Emir Sader, teóricos latino-americanos que teorizam e produzemsaberes pela perspectiva da margem.

América Latina em perspectiva

Humberto da Rocha (UFFS-Campus Erechim) João Carlos Tedesco (UPF) João Vicente Ribas (UPF) Roberto Georg Uebel (ESPM) Vinícius Borges Fortes (IMED)

Miradas acerca da América Latina: capitalismo dependente, crise estrutural e lutas sociais

Editora Telha, 2021

A coletânea que ora apresentamos […] reúne ensaios que intentam construir reflexões na esteira da inspiração latino-americana insurgente e resistente. Representa uma iniciativa premente de realização de inventários, análises histórico-críticas acerca das particularidades do desenvolvimento capitalista na América Latina, suas intercessões com a crise estrutural do capital, seu agravamento progressivo na última década e suas repercussões nas condições materiais e objetivas da classe trabalhadora.

América latina e a crise mundial

A crise, na verdade, era global desde seu início, porque a "bolha" imobiliária não foi apenas norteamericana, mas internacional; a especulação nas Bolsas de Valores incluiu também bancos e intermediários financeiros europeus e asiáticos; o mundo está mais "integrado" do que nunca, pela via do comércio exterior e dos fluxos financeiros; finalmente, porque na "arquitetura" financeira mundial os EUA atuam como "compradores de última instância" mediante o financiamento de seus "déficits gêmeos" (fiscal e do balanço de pagamentos) através da captação da poupança externa.

Trajetórias divergentes: a América Latina e o Leste Asiático na economia-mundo capitalista

Colombia Internacional

Objetivos/contexto: o objetivo principal deste artigo é explicar as trajetórias divergentes de desenvolvimento de duas regiões da economia-mundo capitalista, a América Latina e o Leste Asiático. Metodologia: partindo dos conceitos de economiamundo, região-mundo, enfoque regional e longe durée (longa duração), pretende-se verificar como as formas de integração das duas regiões à economia-mundo capitalista as afetou em três dimensões essenciais para o desenvolvimento econômico: Estado, acumulação de capital e capacidade tecnológica, desde o século XVI até o presente. Conclusões: por ter desenvolvido autonomamente as três dimensões analisadas ao ponto de se igualar ao Ocidente pelo menos até o final do século XVII, ao ser incorporado à economia-mundo capitalista na primeira metade do século XIX, o Leste Asiático foi capaz de tirar proveito dessa integração e avançar nas hierarquias mundiais de riqueza e poder. Por sua vez, a América Latina, que, como entidade geopolítica, nasce junto com a economia-mundo capitalista no século XVI, encontrava-se nesse momento em um nível de desenvolvimento relativamente baixo nessas dimensões, o que, junto com o colonialismo, continuou restringindo seu desenvolvimento e mantendo a região em sua posição histórica de periferia da economia-mundo capitalista. Originalidade: esta pesquisa estabelece um princípio de variação historicamente fundamentado para explicar a divergência nas recentes trajetórias de desenvolvimento da América Latina e do Leste Asiático.