O ouvir e o lógos, ou o que ouve Electra (original) (raw)
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2017
O propósito deste trabalho que aborda prioritariamente a Electra de Eurípedes é, além de desenvolver uma tentativa de compreensão do texto em questão, poder experimentar uma tentativa de compreensão do texto em relação à dois conceitos fundamentais, que ao longo do nosso estudo acerca da semiologia do mito estiveram sempre em posição de destaque: um, o próprio conceito de mito; o outro o conceito de tragédia. Esses dois conceitos centrais são, a nosso ver aqueles que podem possibilitar uma compreensão da Electra num contexto mais amplo e mais interessante que o de mais uma mera história. Cremos mesmo que o fato dessa obra permanecer ainda hoje dentro da tradição dramática ocidental, se deva mesmo a que esteja contextualizada por uma compreensão capaz de tomar as dinâmicas expressivas de mito e tragédia como referenciais e, desse modo, se fazer, também ela Electra, de alguma forma, referencial
Para além da dialética: entre o lógos e o sagrado
O que nos faz pensar, 2021
Meu propósito neste artigo é analisar como a dialética, concebida por Platão em seus Diálogos, se origina de um nexo inerente entre os âmbitos mítico e racional. Na primeira seção, buscarei expor o nascimento da concepção de theoría, como uma prática religiosa e política, observado, sobretudo, no nascimento da tragédia como um fenômeno cívico e ritualístico, pré-condição ao despertar da filosofia. Na segunda seção, discutirei que o opróbrio platônico à tragédia e à poesia épica não se baseia em uma crítica estética, mas numa fenomenologia das paixões, pela qual defende sua abordagem ontológica e ética contra os poetas e a mentalidade trágica. A dialética platônica surge deste modo da tentativa de elaborar uma nova forma de cosmovisão das estruturas míticas e racionais, atestada na polis ateniense. Na última seção, visarei demonstrar que a dialética nos Diálogos de Platão tem um significado ambíguo, porque pode indicar a ciência da verdade assim como o lado reto da retórica. De acord...
Nau Literária, 2008
Este trabalho parte das inferências de João David Pinto Correia sobre os relatos de viagem e expansão, segundo o qual o olhar realça o sujeito em seu poder de observar as terras a que chega. Ao olhar “ingênuo”, seguir-se-ia um outro, sob os impactos do deslumbramento, do horror e da fantasia. Tendo em mira As viagens, de Marco Polo, discutem-se as visões daquele professor português a respeito de narradores viajantes, considerando-se as formas culturais populares e as narrações da oralidade no período em que foi escrito e começou a circular o “livro das maravilhas” do mercador veneziano. Palavras-chave: Alteridade; Colonialismo; Literatura de Viagens; Marco Polo.
Revista Ética e Filosofia Política
Lyotard leu muito Levinas; foi um dos primeiros a lê-lo rigorosamente e a relação que ele estabeleceu com a obra de Levinas contou de maneira decisiva na elaboração de sua própria obra. Pode-se ficar impressionado com leitura desses textos pela vontade de Lyotard de entender, em um sentido exclusivamente, a Lei em Levinas. E ao ponto de fazer de Levinas, em relação ao que este último marcou explicitamente um desacordo, um “pensador judeu’’. Pode-se assinalar também que, consagrando um texto ao “rosto”, Lyotard não menciona uma palavra de Levinas, que ele lê, aliás, com tanta precisão. No “ouvido” de Lyotard, Levinas é só um “ouvido” convocado, obrigado. E tudo se passa como se isso implicasse colocar de lado o “olho” levinasiano. “Colocar de lado” (e será necessário precisar esse gesto) o olho – ou seja, em um sentido fenomenológico como tal; desviando-se da inscrição sensível; da “encarnação”, tanto no sentido fenomenológico quanto no sentido cristão. O “Levinas” de Lyotard não est...
As sonoridades e os devires da escuta cinematográfica
Animus Revista Interamericana de Comunicação Midiática, 2012
O presente artigo visa a encontrar ressonâncias entre o pensamento poético de Robert Bresson, Dziga Vertov, Alberto Cavalcanti, Eric Rohmer e Andrei Tarkovsky no que tange à criação das sonoridades na concepção dos seus filmes. A pesquisa destes artistas coaduna-se diante de um mesmo desafio: o de "fazer escutas" em prol da força narratívica, plástica e rítmica de suas películas. Para tentar compreender as suas ideias apoiando-se em pensamentos teóricos específicos, empregam-se os conceitos de Pierre Schaeffer sobre a escuta a acusmática, as concepções de Silvio Ferraz e Brian Ferneyrough acerca das modalidades de escuta e as sonoridades e, por fim, o conceito de "devir", sob o sentido que Gilles Deleuze lhe atribui, para se estudar a escuta cinematográfica.
O lógos e o ethos: sujeito e significante
Mestre em filosofia pelo PPGF da UFRJ Professor da Escola de Negócios da Laureate/IBMR Apresentação para a V Jornada de Psicanálise em Niterói -A Experiência Psicanalítica: ética e desejo do psicanalista Niterói, 7 de dezembro de 2012 A filosofia grega tem como um dos seus principais termos o lógos, cuja principal marca na língua é sua enorme polissemia e ambiguidade. Comecemos aqui por distinguir duas modalidades de discurso: o apodítico e o epidético.
Entre a Presença do Ouvir, Sentidos a Escutar
Revista Brasileira de Estudos da Presença, 2019
Resumo: No ensaio aproximam-se estudos fenomenológicos em torno da dimensão poética da linguagem para uma abordagem das ações de ouvir e escutar como distintas na experiência de produção de sentidos. Estabelece-se uma interlocução entre filosofia e poética para pensar a inseparabilidade entre corpo e mundo, ritmo e voz, e assim destacar a relevância educacional da experiência estésica da escuta do mundo como ressonância fundante de sentidos que são organizados, situados e expressos em linguagem.