ABRAMOVAY, Ricardo. Amazônia: por uma economia do conhecimento da natureza. São Paulo: Elefante, 2019. 108 p. ISBN 978-85-93115-54-7 (original) (raw)

BARRETO Fº, Henyo T. Da nação ao planeta através da natureza: uma abordagem antropológica das unidades de conservação de proteção integral da Amazônia brasileira. Tese (Doutorado em Antropologia) – Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo. São Paulo, 2001.

2001

O objetivo desta tese é realizar uma etnografia histórica comparada dos processos de criação e gestão do Parque Nacional do Jaú e da Estação Ecológica das Anavilhanas, situados na micro-região do baixo rio Negro, estado do Amazonas, contextualizando-os no âmbito do desenvolvimento e das sucessivas mudanças de enfoque da política ambiental no Brasil. Baseio a reconstituição histórica e a descrição etnográfica em fontes documentais e na observação direta de processos sociais em curso. O estudo de duas categorias de manejo de unidades de conservação distintas, situadas em uma mesma bacia hidrográfica - o rio Negro, com as características comuns de um sistema de águas pretas -, abarcando cerca de 60% da área do município de Novo Airão-AM - o que justifica uma análise do efeito da sua criação ao nível local -, criadas à mesma época e geridas sucessivamente por distintas agências do governo federal - o IBDF, a SEMA e o IBAMA -, permitirá: (a) interpelar etnograficamente a relação entre diferentes agências e instituições, locais, regionais, nacionais e internacionais, na criação e gestão de unidades de conservação de proteção integral na Amazônia brasileira; e (b) identificar os recursos sociais, políticos, econômicos, normativos, institucionais e técnicos, que permitiram avanços e retrocessos na implantação destas unidades, enquanto instrumentos da política ambiental. O estudo de caso comparado é empregado como um procedimento recursivo cujo propósito final é construir uma compreensão propriamente antropológica das unidades de conservação de proteção integral - definidas hoje como instrumentos de política ambiental. Faço-o explorando o conceito antropológico de artefato cultural, enfatizando o caráter de construto socionatural histórico instável e indeterminado das unidades de conservação - dimensão dissimulada pelas formulações anacrônicas e ahistóricas hegemônicas nas análises normativas sobre a matéria.

CAPOBIANCO, João Paulo Ribeiro. Amazônia, uma década de esperança: como o Brasil controlou o desmatamento entre 2004 e 2014 e está pondo tudo a perder. 1. ed. São Paulo: Estação Liberdade, 2021. 224 p

Novos Cadernos NAEA

O texto apresenta a recente obra de João Capobianco em que ele constata a importância da presença do Estado como variável determinante de uma mudança da percepção da população regional sobre o aumento do risco no descumprimento da legislação ambiental. Isso se refletiu na expressiva queda das taxas de desmatamento, entre 2004 e 2014. Para tanto, ele faz um estudo detalhado sobre as políticas ambientais voltadas para o controle do desmatamento na Amazônia Legal Brasileira (ALB) e descreve como o Brasil reduziu suas taxas de desmatamento na maior floresta tropical do mundo. O autor mostra como o país, num curto espaço de tempo, passou de protagonista no combate ao desmatamento a um incentivador da degradação florestal. Assim, constata a centralidade do papel do Estado e confirma sua hipótese de pesquisa, de que a presença estatal na região, sobretudo por meio das ações de fiscalização, são decisivas para inibir o desmatamento ilegal.

Livro: LOUREIRO, Violeta. Amazônia: estado, homem, natureza. 3 ed. Belém: Cultural Brasil, 2014. 383p

Novos Cadernos NAEA

O livro com o título Amazônia: estado, homem, natureza trata sobre desvendar processos políticos e sociais que foram sendo desenvolvidos na região amazônica nas últimas décadas, tendo como foco principal as relações entre o estado, populações da região e a natureza. É destacada a importância de se analisar o Estado do Pará, principalmente por se tratar de um Estado com grandes impactos dentro do processo de ocupação e desenvolvimento da Amazônia. O livro trata de um período longo que vai de 1950 a 2010, onde são expostos as formas de vida da população, suas esperanças e extrema pobreza diante das mudanças provocadas pela modernização. A autora mostra a Amazônia, não somente como uma pesquisadora, cientista social, observando os fatos, mas também como uma amazônida.

Um pote de ouro no fim do arco-íris? O valor da biodiversidade e do conhecimento tradicional associado, e as mazelas da lei de acesso B uma visão e proposta a partir da Amazônia

Amazônia: Ciência & Desenvolvimento, Belém, 3(5): 7-28., 2007

A pot of gold at the end of the rainbow? The value of biodiversity and associated traditional knowledge, and the deficiencies of the access law – a viewpoint and a proposal from Amazonia ABSTRACT: Amazonian biodiversity occupies a special place in the imagination of Brazilians, since it is seen as a strategic resource that represents green gold. This is, of course, a metaphor, like the pot of gold at the end of the rainbow, both of which represent potential, defined as the “capacity to come into being, but not actually existing yet.” Different types of value are examined, but only financial value is accepted by all. The financial value of Amazonian biodiversity in 2003 is estimated at R$8,9 billion, which represents 7.8% of the Gross Regional Product (GRP) of Amazonia and 0.57% of the Brazilian GNP. The financial value of associated traditional knowledge is part of the previous estimate, and represents 2.8% of Amazonian GRP and 0.2% of Brazilian GNP. Changing these small values requires investments in research and development (R&D), whose process is examined to determine where the hope of profit occurs, permitting benefit sharing. It is evident that profit can only be expected at the end of the process, unlike the expectations raised in the Provisional Law 2186-16/2001. The metaphors and the history of the PL are examined to understand the origin of the paranoia created around Brazilian biodiversity; it is this paranoia that is responsible for the difficulties of access to biodiversity. An alternative system based on transparency and information flows is proposed to substitute the current system created by the Counsel for the Management of the Genetic Heritage (CGEN), which is based on excessive bureaucratic requirements and coercion. Changing the system is essential to permit access, develop products and processes, and generate benefits that can be shared, returning to the spirit of the Convention on Biological Diversity that has been lost in the regulations created by CGEN. Changing now is essential, as biodiversity is increasingly threatened, both by changes in land use and by increasingly evident climate change.

RESERVAS EXTRATIVISTAS NA AMAZÔNIA: MODELO DE CONSERVAÇÃO AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SOCIAL - JOSIMAR SILVA FREITAS; ARMIN MATHIS; MILTON CORDEIRO FILHO; ALFREDO KINGO HOMMA; DAVID CORREIA SILVA

Geographia, 2017

Fizemos uma demarcação da fronteira de conhecimento sobre reservas extrativistas como modelo de política de conservação ambiental e desenvolvimento social. O objetivo foi de levantar a produção científica sobre temas relacionados a biodiversidade, ao extrativismo, a produção, ao turismo e a relação do Estado com os moradores das reservas. A revisão se desenvolve a partir de quatro questões sobre os desafios das RESEX para a Amazônia. Como procedimento de identificação, seleção e inclusão dos trabalhos publicados sobre o tema foi adotado o Modelo PRISMA. Para isso foram utilizadas duas bases de textos nacionais e 11 bases internacionais, com combinação de palavras-chave extractive, reserve e Brazil, durante os meses de maio e junho de 2016. Aqui, concluímos que conservação e desenvolvimento não estabeleceram aliança porque o modelo de gerenciamento do Estado é ineficiente, e as populações locais exploram a floresta para atendimento de necessidades básicas, na expectativa de garantir alimentação e o mínimo de serviços sociais.

Saber Tradicional, Agricultura e Transformação Da Paisagem Na Reserva De Desenvolvimento Sustentável Amanã, Amazonas

Scientific Magazine UAKARI

This study aims to characterize the main patterns of landscapetransformation in agroecosystems of the Amanã Sustainable Development Reserve – RDSA. The perceptions of the farmers, forms of use and classification of environments, and their implications for the conservation of local ecosystems were also sureveyed. Different local patterns of environment classification and agroecosystems have been identified, and the main conditioners of transformation of the landscape for the establishment of agricultural systems were detected. Great heterogeneity in those patterns observed was observed, which varied as a function of the settlem ent, of the socio-economic profiles of the agriculturists and those ecosystems where the communities are established. Som e topics related to the roductive systems in a perspective of protected areas were listed for further debate.

Representações da Amazônia nas narrativas de viajantes no texto Paraíso de um Naturalista de John Hemming

v. 7 n. 1: Dossiê - Rebeldias Epistemológicas: (Re)existindo em/nas sociedades brasileiras entre 2018 a 2022, 2024

O presente artigo tem como objetivo analisar as narrativas sobre a região amazônica dos viajantes naturalistas Wallace, Humboldt, Spruce e Waterton sobre a fauna, flora e sujeitos amazônicos do século XIX mencionadas por John Hemming em seu texto Paraíso de um naturalista. Além de discutir no campo da linguagem a dualidade das narrativas ondea região e seu povo são representados pelos extremos do vazio e cheio, magnífico e medonho, paradisíaco e infernal. Essa leitura de um passado se faz necessária pela possibilidade da criação de novos imaginários em um presente, além de repensar as cristalizações manifestadas nos pensamentos de um hoje gerados no ontem. As narrativas foram selecionadas pelo sentido contraditório percebido em seus conteúdos e analisadas pelo prisma das categorias de racialização, amazonialismo e linguagem abordadas por Souza(2017), Albuquerque (2016), Williams (1979) e outros. Com a análise das narrativas, tornou-se evidente que a natureza foi posicionada acima dos sujeitos, refletindo uma hierarquia que permeava as descrições dos naturalistas. Para além disso, os viajantes estavam predispostos a confirmar suas ideias preconcebidas durante suas jornadas, moldando suas percepções e interpretações para alinhar-se com suas concepções prévias.