Recursos para uma abordagem pluricêntrica da língua portuguesa com foco no Português de Moçambique (original) (raw)
Related papers
Português língua pluricêntrica: das políticas às práticas
Português língua pluricêntrica: das políticas às práticas, 2022
Num momento em que se avalia o crescente valor econômico do português e em que os decisores políticos consagraram o uso do termo “português como língua pluricêntrica”, faz-se necessário discutir em que se consubstancia o pluricentrismo, o que ele significa para os seus falantes, que implicações traz para a investigação linguística e literária, a formação de professores, as práticas de ensino e sistemas de avaliação. O III Simpósio Internacional sobre o Ensino de Português como Língua Adicional (SINEPLA), com o tema “Português língua pluricêntrica: das políticas às práticas”, realizado virtualmente de 16 a 18 de junho de 2021 e organizado por CELGA-ILTEC/Universidade de Coimbra, Universidade de Westminster e Instituto de Letras da UFRGS, buscou propiciar uma oportunidade de reflexão sobre esses temas. Os textos publicados no livro “Português língua pluricêntrica: das políticas às práticas” resultam de trabalhos apresentados no Simpósio. Ao longo de 17 capítulos, o livro traz reflexões sobre políticas e práticas em português como língua pluricêntrica, o ensino de PLA para fins e públicos específicos, a reflexão linguística, a formação de professores, o uso de textos literários em aulas de PLA e o exame Celpe-Bras. Trata-se de uma obra que procura contribuir para que o debate acerca do uso do conceito “português como língua pluricêntrica” siga ampliando a compreensão da complexidade de fatores envolvidos na nomeação das línguas com as quais se trabalha e nas possíveis implicações de seu uso.
IIISIMELP: A formação de novas gerações de falantes de português no mundo, 2012
Nos últimos anos, tem-se vindo a observar, no âmbito de Linguística Cognitiva, a emergência do estudo da variação intralinguística, dando origem à especificidade de modelos e métodos da Sociolinguística Cognitiva (Kristiansen & Dirven 2008). Seguindo os pressupostos teóricos deste enquadramento, centramos o nosso estudo sobre o português perspetivado como uma língua pluricêntrica (Clyne 1992, Silva et al. 2011) e focando-o no estudo contrastivo de variáveis lexicais e gramaticais observadas no Português Europeu (PE) e no Português do Brasil (PB). O artigo abrange três partes:
Uma língua; muitas vozes: para uma política linguística pluricêntrica do Português 1
Contatos linguísticos na sequência da expansão portuguesa / Sprachkontakte im Rahmen der portugiesischen Expansion, 2021
The "cycle of language expansion" (Castro 2006: 74ss), which begun in the XV th century, started the process that would make Portuguese a pluricentric language (Banza 2014: 29-31). On the other hand, the peculiar circumstances in which the Portuguese language was transplanted to the different extra-European territories and developed there, in contact with other languages, produced a remarkable diversity of results that, currently, configures Lusophony as a polyphony (understood as a simultaneity of different sounds that form a harmony, that is, despite being independent, form and are perceived as a whole). In the present text, based on historical data and taking into account the current synchronic results, we analyze, in the case of Portuguese, the relationship between pluricentrism, as an option in terms of linguistic policy that seems to be consolidated in recent years, and variation, to the extent that pluricentrism does not only presuppose the recognition of diversity, but also implies the concept of norm (Mateus & Cardeira 2007) and, consequently, the discussion of how many and which norms to be recognized within the same linguistic system. In this perspective, we consider the current status and treatment of emerging standards in relation to the already consolidated standards and the role of institutions in the establishment of an effective multi-centric linguistic policy for the Portuguese language.
Português, língua pluricêntrica: integração de variedades no ensino
Revista internacional em língua portuguesa, 2021
A língua portuguesa não é falada de forma uniforme nos diversos espaços, tempos, circunstâncias, usuários, etc. Ela, como qualquer organismo vivo, acompanha a dinâmica de que é imbuída, o que lhe confere categorias de variação (cf. Mateus, 2003; Mussalim et al., 2012). Porém, apenas as variedades europeia e brasileira são reconhecidas no ensino. Esta situação abre espaço para dois problemas: a. a sobrevalorização da norma europeia em detrimento das demais; e b. a exclusão das variedades não normalizadas dos meios formais de ensino. Isto, por sua vez, atenta aos princípios da pluricentricidade da língua portuguesa. Ao abrigo deste estudo, urge propor a introdução de variedades não normalizadas (e.g., de Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau, Timor-Leste), no que ao léxico diz respeito, no ensino formal, dadas as vantagens comprovadas no ensino do português como língua estrangeira. A proposta assenta em dados filológicos e de pesquisa de campo.
Hispania, 2018
Resumo: A partir de uma reflexão sobre o pluricentrismo aplicado à língua portuguesa nas diversas modalidades de ensino disponíveis hoje, ou seja, em abordagens que incorporam duas ou mais variantes lusófonas de maneira balanceada, tema em voga devido à grande projeção econômica, social, e acima de tudo, cultural do mundo lusófono, o presente estudo se propõe a coletar corpus didático do livro de Jouët-Pastré et al. (2007), na busca de analisar recortes que reflitam a natureza pluricêntrica da língua portuguesa. A amostra coletada, duma gama restrita de material pedagógico especializado em ensino contemporâneo de língua portuguesa e cultura lusófona disponível no mercado norte-americano, indica que há uma tentativa inicial de promoção do caráter pluricêntrico da comunidade de língua portuguesa, mas outras medidas ainda são necessárias para que o português possa ser tratado como uma língua realmente internacional.
Passivas analíticas escritas por falantes do português de Moçambique
Revista Investigações
O objetivo deste artigo é descrever a produção/escrita de orações passivas no português de Moçambique. O estudo baseia-se nas teorias gerativo-transformacional e de aprendizagem das línguas, e adota uma abordagem mista. Os resultados revelam o predomínio das eventivas e curtas e um maior índice de passivas convergentes com o português europeu em relação ao número de ocorrências divergentes que envolvem, sobretudo, verbos ditransitivos. O estudo sugere que os aprendentes moçambicanos de português recorrem à gramática das línguas maternas (Full Transfer) e têm acesso à gramática universal (Full Access) no processo de aprendizagem e produção/escrita das passivas.
Proposta de material didático multinível para a aula de português como língua de acolhimento
2019
Somos una especie en viaje No tenemos pertenencia, sino equipaje Vamos con el polen en el viento Estamos vivos porque estamos en movimiento Nunca estamos quietos, somos trashumantes Somos padres, hijos, nietos y bisnietos de inmigrantes Es más mío lo que sueño que lo que toco Yo no soy de aquí Pero tú tampoco […] De ningún lado del todo y De todos lados un poco Lo mismo con las canciones, los pájaros, los alfabetos Si quieres que algo se muera, déjalo quieto Movimiento, Jorge Drexler.
RESUMO: Em sociedades livres, a habilidade do ser humano para usar as variadas formas da sua língua materna como diferentes estratégias de interação é inquestionável. Todavia, em outros tipos de sociedade, como Moçambique, esse direito é limitado a apenas algum grupo (dominante) e vedado a outro/s grupo/s (dominado/s) (NGUNGA, 2009). O presente artigo tem como objetivo descrever o percurso das políticas e planificação linguísticas, vigentes em Moçambique nos períodos antes e pósindependência, demonstrando a importância de se traçarem políticas linguísticas inclusivas que respeitem as línguas maternas e as culturas da população. Para materializar este trabalho e atingir o objetivo mencionado, realizamos pesquisa de revisão bibliográfica, em documentos impressos e digitais que se debruçam sobre os conceitos de políticas e planificação linguística e sua importância na educação de um determinado país. Concluímos que para que uma política linguística seja inclusiva é preciso valorizar as línguas maternas e a cultura da população, seja português ou línguas bantu, a partir de documentos fundamentais do país como, por exemplo, a Constituição da República, definindo leis com uma política linguística ABSTRACT: In societies with freedom, the human ability to use the different ways of their mother language as different strategies for interaction is an unquestionable given.
RESUMO A pesquisa versa sobre o ensino do português em Moçambique. Tem por objetivos: compreender os problemas causados pelo multilinguismo em crianças e explicar quais as formas de ultrapassar o fracasso escolar na aprendizagem do português. Para pesquisa distribuiu-se dois questionários: um questionário os pais e outro para professores em nove turmas de três escolas do ensino fundamental. Concluiu-se que o português aprendido em casa ajuda na compreensão dos conteúdos na escola; os professores variam as metodologias porque as turmas são heterogêneas; a educação bilíngue pode ser alternativa para redução dos índices de reprovações nas zonas rurais. Palavras-chave: ensino de português, contexto multilíngue, moçambique. Considerações iniciais A língua portuguesa é uma herança herdada durante a colonização, isto porque o povo moçambicano é caracterizado por uma diversidade linguística extensa. O país conta com mais de vinte línguas bantu 2 distribuídas de forma desigual ao longo do pa...