MEDICINA, EUGENIA E SAÚDE PÚBLICA JOÃO CANDIDO FERREIRA E UM RECEITUÁRIO PARA A NAÇÃO (1888-1938) (original) (raw)

A TORTUOSA VEREDA DO MÉTODO: GILBERTO FREYRE -LITERATURA OU CIÊNCIA SOBRE O BRASIL

Artigo publicado na REVISTA DE CIÊNCIAS SOCIAIS V. 33 N. 1, 2002. Resumo: O presente ensaio pretende acompanhar a sinuosidade metodológica de Gilberto Freyre na compreensão da realidade brasileira. Discute-se aqui tanto o estilo da escrita quanto a forma peculiar de fazer ciência do autor pernambucano, sempre contextualizando seu pensamento no tempo em que escreve. Pretende-se também refletir a sociologia do movimento histórico elaborada por Freyre que não está pautada em generalizações arbitrárias e caracterização importadas, mas sim em detalhamento e explicitação da peculiaridade da "civilização brasileira", sem perder de vista a situação do Brasil no conjunto das relações entre as diferentes nações.

JOAQUIM CANDIDO SOARES DE MEIRELLES: UM MÉDICO NEGRO NA CORTE IMPERIAL

Revista da ABPN, 2020

Este artigo trata da trajetória pessoal e profissional de Joaquim Candido Soares de Meirelles (1797-1868), médico cirurgião, negro, brasileiro de grande influência no Império e participante de muitos e importantes processos políticos. O Dr. Meirelles foi o idealizador e um dos fundadores da Academia Imperial de Medicina, médico da Imperial Câmara, Cirurgião-mor e Chefe do Corpo de Saúde da Armada, um dos principais reformadores do Ensino Médico no Império, além de outros atributos e títulos. Entretanto, sua carreira foi repleta de desafios, decepções e preterimentos. Desta forma, meu objetivo é mostrar como Meirelles precisou lutar por direitos à cidadania dos “Homens de Cor” e superar barreiras impostas por adversários políticos e pelo racismo para construir sua trajetória intelectual e política.

CARREIRA MÉDICA, PRESTIGIO E PRÁTICAS DE SOCIABILIDADE NO OITOCENTOS. O CASO DO DR. ERNESTO MENDO (ESPÍRITO SANTO, 1860-1895) MEDICAL CAREER, PRESTIGE AND SOCIABILITY PRACTICES IN 1800s. THE CASE OF DR. ERNESTO MENDO (ESPÍRITO SANTO, 1860-1895

O presente artigo objetiva, com base em um estudo de caso, discutir as relações de sociabilidade e afirmação de prestígio social que envolviam a carreira médica na segunda metade do século XIX. Para isso, discutiremos as ações e inserções do dr. Ernesto Mendo, que ocupou uma série de cargos, destacadamente o de professor do Liceu, Inspetor de Higiene Pública, médico da Santa Casa da Misericórdia de Vitória, dentre outros. Além disso, o dr. Mendo se envolveu com a política local, clubes abolicionistas e literários, etc. Assim, propomos reflexões que transitam das práticas médicas às relações com os círculos de poder e da alta sociedade capixaba de fins do oitocentos, com base, fundamentalmente, nos periódicos que circulavam na Capital. Para esta abordagem, lançamos mão de uma metodologia que se aproxima de questões pertinentes à História da Medicina, a exemplo dos conceitos de "estilo de pensamento" e "coletivo de pensamento" desenvolvidos por L. Fleck (2010[1935]), e a ideia de "enquadramento da doença" ("framing disease") de C. Rosenberg (1992).

UM REPUBLICANO POSITIVISTA E A RECONFIGURAÇÃO DA NAÇÃO: A TRAJETÓRIA DE JOSÉ LEÃO FERREIRA SOUTO (1850-1904

Anais do XXIX Simpósio Nacional de História - contra os preconceitos: história e democracia, 2017

Analisa a trajetória de vida do ativista republicano José Leão Ferreira Souto (Assu, 1850 – Rio de Janeiro, 1904). Persegue o caminho trilhado por esse personagem, investigando seu caminhar nas três cidades em que viveu: Assu (Rio Grande do Norte), Rio de Janeiro e São Paulo. Privilegia as vivências nessas últimas cidades, nas quais ele concentrou a sua atuação política e profissional, escreveu intensamente para jornais, participou de várias agremiações políticas e se relacionou com as lideranças nacionais do movimento republicano, especialmente com Silva Jardim. Analisa como José Leão Ferreira Souto foi se aproximando, ao longo de sua vida, da convicção de que era necessário reconfigurar espacialmente e politicamente os estados, após a Proclamação da República no Brasil. Discute, por um lado, as propostas desenvolvidas por esse personagem ainda no Império e, posteriormente, na República, para a transformação da toponímia e dos adjetivos gentílicos que até então identificavam as províncias/estados e os seus habitantes. Aponta caminhos para que os habitantes dos estados construíssem identidades solidamente vinculadas com as origens históricas desses espaços. Discute como José Leão projeta os estados em uma futura republica positivista, concentrado a análise nas suas propostas para o Rio Grande do Norte e a Paraíba, enfatizando a sua ideia de formação de um estado unionista. Discute, a partir dos escritos de José Leão, algumas das características de seu projeto de República, bem como as suas propostas para os estados e para o Brasil. As fontes da investigação foram organizadas a partir de materiais dispersos em várias cidades e que ainda não haviam sido sistematizados. Prioritariamente, utilizou-se artigos dos jornais A ideia, Gazeta de Petrópolis e Centro Acadêmico (Rio de Janeiro), A Província de São Paulo e Correio Paulistano (São Paulo), A República (Rio Grande do Norte) e Gazeta da Sertão e O Estado da Parahyba (Paraíba), bem como a biografia “Silva Jardim: apontamentos para a história do illustre propagandista”, escrita por José Leão. Metodologicamente, em virtude de esse personagem ser pouco citado na produção historiografia amparou-se nas reflexões de Carlo Ginzburg sobre o método onomástico, da dispersão das fontes. Ainda em decorrência disso, vale-se, em determinadas situações, da experiência de personagens que viveram situações semelhantes à de José Leão, conforme as reflexões de Natalie Zemon Davis sobre a imaginação histórica. Conceitualmente, vale-se das noções de Cultura Política (Cefaï) e Biografia (Loriga e Dosse). Conclui que três fatores foram importantes na construção do raciocínio de José Leão acerca dessa espacialidade: as ideias positivistas, a formação em agrimensura e a militância em entidades cientificas e/ou políticas.

DAS ESFERAS ESTADUAIS A ESFERA FEDERAL A TRAJETÓRIA DE RETORNO DA SOCIOLOGIA AO ENSINO MÉDIO EM SEIS ESTADOS BRASILEIROS SOB A ÓTICA FEDERALISTA

V Fórum Brasileiro de Ciência Política (V FBCP), 2017

A aprovação da lei federal nº 11.684/2008 (BRASIL, 2008) garantiu a presença obrigatória da Sociologia no ensino médio no país. Segundo Azevedo (2014) e Mattos (2015), entre 1983 e 2007, a disciplina já estava presente em todos os estados brasileiros por meio de iniciativas estaduais, demonstrando um caminho federativo, ainda não explorado, de retorno da Sociologia a cada um dos estados brasileiros. Esse paper é também uma continuidade da pesquisa de mestrado, na qual, entre outros aspectos, foi realizado um mapeamento do percurso de inclusão da disciplina no ensino médio em nível federal. Este trabalho indica caminhos para a pesquisa de doutorado em andamento que tem como objetivo principal reconstruir a trajetória de institucionalização da Sociologia como disciplina obrigatória em momento anterior à aprovação da lei federal em seis estados brasileiros: Acre, Pernambuco, Distrito Federal, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná.

A DOCE SOCIEDADE PERNAMBUCANA -UMA RÁPIDA ANÁLISE DO LIVRO AÇÚCAR DE GILBERTO FREYRE

A DOCE SOCIEDADE PERNAMBUCANA, 2017

1. INTRODUÇÃO A monocultura da cana-de-açúcar foi responsável, nas palavras de Gilberto Freyre (1967) em seu livro Nordeste, pela sedentariedade, pela endogamia profunda, pela especialização regional de condições de vida, de habitação e de dieta, e ainda, pelas restrições sociais à seleção sexual entre a gente das casas-grandes-do tipo mais puro de aristocrata brasileiro: o senhor de engenho. Naquela época, se considerava o tipo pernambucano como influenciado pelo uso do açúcar, talvez maior no Nordeste dos canaviais do que em outas regiões brasileiras. As sinhás e os meninos eram loucos por doces, por açúcar até em forma de alfenim. Tudo girava em torno do ouro branco O cultivo da cana-de-açúcar, e consequentemente a vasta empregabilidade do açúcar na sociedade pernambucana fez com que várias famílias de engenhos ligassem o nome a doces e bolos finos, bolos esses que possuíam tanto cuidado no seu preparo que eram quase um segredo, uma maçonaria nas palavras de Freyre. O bolo Sousa Leão, o bolo Cavalcanti, o dr. Constâncio, o do major Fonseca Ramos, o Guararapes são exemplos de bolos que se imortalizaram e caíram (alguns) no esquecimento, morrendo junto as sinhás dos engenhos. A participação do açúcar, não só na criação de parte da identidade gastronômica de Pernambuco como também na constituição da sociedade e desenvolvimento do estado e região, se faz marcada de lutas, revoluções, hábitos e criações nas cozinhas dos engenhos. O consumo, difundido e entranhado hoje em dia, se deu graças às manifestações ocorridas lá, nos engenhos, pela força dos negros, soberba dos brancos e as mãos doces e caprichosas das boleiras do Nordeste. 2. AÇÚCAR: INÍCIO DO BRASIL, INÍCIO DO NORDESTE A cana tem origem provável na Indochina. Maria Lecticia Monteiro Cavalcanti, escritora que faz a abertura do livro que é matéria de estudo deste