Por sua liberdade me oferece uma escrava": alforrias por substituição na Bahia, 1800-1850 (original) (raw)

Por hoje se acaba a lida": suicídio escravo na Bahia (1850-1888)

Afro-Ásia, 2004

Federal da Bahia. Agradeço à CAPES pelo financiamento da pesquisa; aos membros da linha de pesquisa Escravidão e Invenção da Liberdade, do Programa de Pós-Graduação em História da UFBA; e, pelas valiosas sugestões, a Ligia Bellini, Jaime Nascimento, Ricardo Henrique Behrens e Frederico Mondale de Borja, além dos pareceristas da Afro-Ásia. Fontes: Dados coletados nos maços policiais, judiciais e em jornais localizados na BPEB e no APEB. * Estão enquadrados como arma branca os casos de navalhada, facada e degolamento.

Barganhas e querelas da escravidão: tráfico, alforria e liberdade (séculos XVIII e XIX)

2014

Com o intuito de evidenciar tradições, tendências e caminhos da historiografia contemporânea sobre a escravidão e a liberdade, Lisa Earl Castilho, Wlamyra Albuquerque e Gabriela dos Reis Sampaio organizam o livro Barganhas e querelas da escravidão: tráfico, alforria e liberdade (séculos XVIII e XIX). As organizadoras informam que esse livro é fruto de investigações empíricas realizadas no âmbito do grupo de pesquisa "Escravidão e Invenção da Liberdade", vinculado ao Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal da Bahia (UFBA). O livro contém nove textos que são divididos em três eixos temáticos. Os textos abrangem investigações que retratam o período histórico que vai do início do século XVIII às últimas décadas do século XIX e utilizam como fontes cartas de alforria, inventários, testamentos, jornais do período, correspondências e outros documentos encontrados em arquivos nacionais e internacionais. As abordagens teóricas são variadas, no entanto todas elas têm como objetivo, como afirmam Castilho, Albuquerque, Sampaio, valorizar "personagens e tramas próprias à sociedade escravista" (p. 9). Outro fator para o qual as organizadoras chamam a atenção é o recorte geográfico que compreende desde a cidade de Salvador até o interior da Bahia, além de outras cidades do Brasil e até mesmo outras regiões da América Latina, como, Santiago de Cuba, cidade de uma província cubana. O primeiro eixo temático do livro retrata o tráfico de escravos e suas implicações sociais, e inicia com o texto "Tráfico, tempo e lucro: capitães negreiros e redes comerciais da Bahia", do historiador Candido Domingues,

Há duzentos anos: a revolta escrava de 1814 na Bahia

Topoi (Rio de Janeiro), 2014

As rebeliões escravas que ocorreram na Bahia na primeira metade do século XIX tiveram significativa participação de africanos escravizados trazidos do Sudão Central, região que desde o começo do Oitocentos se tornara cenário de conflitos políticos de base religiosa, iniciados com o jihad de 1804 liderado por Usuman dan Fodio. Milhares de vítimas dessas guerras abasteceram embarcações negreiras que deixavam a Costa da Mina com destino à Bahia. Foram africanos trazidos dessa região, sobretudo haussás adeptos de vários tipos de devoção islâmica, os protagonistas de diversas conspirações e revoltas entre 1807 e 1816, a mais séria das quais aconteceu em fevereiro de 1814, e envolveu escravos de Salvador e subúrbios litorâneos. Esta revolta é aqui analisada com base no acórdão de sentença dos réus e outros documentos. O artigo discute o papel da religião (Islã), da identidade étnica (haussá) e de outras experiências africanas em ambos os lados do Atlântico, quanto a liderança, organização...

A miséria da alforria e as migalhas da liberdade: emancipação escrava em Macapá na década da Abolição – 1883-1886.

Dissertação de mestrado, 2022

Entre os anos de 1883 e 1886 foram registradas vinte duas cartas de alforria pelos proprietários no cartório da cidade de Macapá que libertaram do cativeiro igualmente vinte e dois escravos adultos com idades que variavam entre 24 e 64 anos. A emancipação mediante alforria, como investimento de longo prazo, foi sem dúvida não apenas desejada, mas meticulosamente planejada e conquistada por diferentes meios pelos cativos. Alguns empenharam anos de suas economias à custa de muito trabalho e esforço para compra da liberdade indenizando o valor pedido pelo senhor ou senhora. Outros julgaram melhor locarem a sua força de trabalho por vários anos na forma de contrato de prestação de serviços a locatários locais, oportunidade esta criada pelas leis emancipacionistas no final do século XIX. Alguns cativos apostaram em outros meios oportunos e incertos, buscando cultivar a estima e a confiança do senhor na perspectiva de, com isso, obter a alforria pela sua morte ou comiseração. A carta de alforria dos escravos de Macapá narra de forma fria e fragmentada os esforços de todo uma vida de homens e mulheres em busca da liberdade. Este estudo trata sobre a liberdade escrava conquistada por meio da alforria, da história dos sujeitos envolvidos no processo manumissório e da própria dinâmica e funcionamento da escravidão local.

Configurações de liberdade em cartas de alforria de Catalão-Goiás (1861-1876)

MOARA – Revista Eletrônica do Programa de Pós-Graduação em Letras ISSN: 0104-0944

Neste estudo, discutimos como se configurou a alforria na cidade de Catalão entre os anos de 1861 e 1876. Para tanto, segundo normas propostas em Megale e Toledo Neto (2006), editamos semidiplomaticamente 10 (dez) manuscritos exarados neste período, constituintes de um livro do Cartório do 2º Officio – Tabelionato de Catalão. Após a edição, identificamos os tipos e espécies documentais dos manuscritos, conforme Bellotto (2002), e discorremos sobre os diferentes tipos de alforria utilizados no Brasil escravocrata, utilizando autores como Santos (2008). Ao fim, discutimos as diferentes interpretações das práticas de alforria no período e possíveis concepções de liberdade presentes em Catalão na época, relacionando-as com o momento histórico no qual a cidade estava inserida, século XIX, a partir de autores como Pedro (2009), Ferraz (2010), entre outros. Ao perscrutar os fatores históricos e culturais abrangidos pelos manuscritos aqui analisados, alcançamos a terceira função da Filologi...

Imigrantes acorianos na transicao da escravatura para o trabalho livre no Brasil decadas de 1830 e 1840

Revista de História, 2022

A historiografia brasileira normalmente não inclui a imigração portuguesa e os fluxos migratórios anteriores a 1850 no processo de transição da mão de obra escrava para a livre no país. Este artigo demonstra que, na década de 1830, as elites brasileiras já se preparavam para atrair imigrantes e criar um mercado de trabalho assalariado no país. Em 1830, foi aprovado um projeto de Vergueiro para regulamentar os contratos de trabalho com imigrantes. No mesmo ano, o Senado rejeitou a concessão de terras a estrangeiros. Consagrado o modelo de imigração, formaram-se companhias particulares que transportavam portugueses despossuídos dos Açores para o Brasil, fenômeno que ficou conhecido como ‘escravatura branca’. Muitos desses imigrantes trabalhavam ao lado de africanos escravizados e disputavam com eles postos de trabalho, tendo, assim, participado ativamente do processo de transição da mão de obra escrava para a livre no Brasil.

Liberdade, Liberdades: Dilemas da Escravidão na Sabinada (Bahia, 1837-1838)

Sankofa (São Paulo), 2010

Este trabalho propõe a investigação das relações escravistas desenvolvidas ao longo da revolta liberal conhecida como Sabinada (Bahia, 1837-1838). A análise basear-se-á na documentação produzida pelos próprios envolvidos no movimento separatista baiano, bem como nas fontes referentes à repressão do movimento, de modo que se ofereça um panorama comparativo. A intenção é compreender as relações escravistas em um meio político predominantemente liberal, assim como a importância das marcas sociais de cor entre os envolvidos no episódio.

Na teia da escravidão trabalho e resistência no Recôncavo baiano na primeira metade do século XVIII

2009

No Engenho do Conde, no Reconcavo baiano, cerca 66 escravos, entre eles Domingos Benguela, Andre Arda, o barqueiro Salvador e o carpinteiro Paulo crioulo, assassinaram o Capitao Joao Dorneles em plena safra de cana-de-acucar no inicio de 1718. Foram todos presos na cadeia da Vila de Sao Francisco, enquanto os jesuitas, administradores do engenho, tentavam desesperadamente a soltura dos cativos, que faziam “grande falta ao dito Engenho”. Anos depois, Joao Dias, Nicacia e Tereza pardos, e Perpetua mestica foram acusados de assassinarem com um tiro de espingarda o seu ex-senhor Jose Pereira Sodre. Estas e outras historias de conflitos e embates envolvendo escravizados foram encontradas nos livros de Alvaras e Provisoes do Tribunal da Relacao da Bahia. Este trabalho visa perceber a acoes de resistencia e a movimentacao dos cativos no Reconcavo baiano na primeira metade do seculo XVIII, bem como analisar as medidas tomadas pelas autoridades coloniais no controle e vigilância da farta pop...