O “avô do violão moderno”: Quincas Laranjeiras e seu papel como mediador cultural (original) (raw)
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Orfeu
O propósito do artigo é pautar a decisiva atuação de Quincas Laranjeiras (1873-1935) como professor de violão em grupos socioculturais mais vinculados às matrizes culturais populares: chorões, sambistas, regionalistas, cantoras e cantores vinculados à indústria fonográfica e ao rádio, destacando as suas relações com Donga e as senhoras e senhoritas da sociedade carioca. De forma complementar, o texto tangencia parte dos contextos e dinâmicas que, naquele momento, giravam em torno do instrumento, situando minimamente a vida desses personagens no tempo e no espaço. A partir do cruzamento e análise das fontes primárias coligidas e dos dados disponíveis na literatura, os resultados indicam que, ao longo da década de 1920, Quincas cumpriu um importante papel como professor de violão de praticantes mulheres, inserindo o seu trabalho pedagógico dentro do movimento de “ressurgimento da canção nacional” (CORREIO DA MANHÃ, 1926a, p. 11).
Revista Vórtex
Em fevereiro de 2007, ao comparar excertos de peças de Quincas Laranjeiras e Heitor Villa-Lobos até então pouco conhecidas (Dores d’Alma, Valse-Choro e Valsa Concerto N. 2), Sérgio Abreu (1948-2023) notou proximidades significativas na obra de ambos, esboçando considerar uma possível influência de Quincas na formação do “estilo violonístico” de Villa-Lobos. Em maio de 2023, no processo de organização e catalogação de seu espólio documental (Sérgio falecera em 19 de janeiro, poucos meses antes), foram encontradas seis páginas de um estudo aparentemente acabado, assinado e datado por Abreu em novembro de 2007, no qual apresenta argumentos, dados históricos e oito exemplos musicais comparativos de obras de Quincas e Villa-Lobos. Além de apresentar dados biográficos inéditos de Laranjeiras e de contextualizar o percurso de construção desse estudo, o artigo reproduz literalmente o trabalho de Sérgio, dando luz a uma de suas facetas menos conhecidas: a do músico-investigador capaz de traç...
Revista da Tulha, 2016
A presente comunicação é o resultado de uma experiência vivenciada por um professor/investigador junto a um projeto que ensina Música, por meio da viola caipira, a alunos de uma Escola Municipal da zona rural de São João del-Rei, em Minas Gerais. Trata-se de reflexões que surgiram a partir do entrelaçamento do que foi vivido e observado em campo com o que foi interpretado sobre alguns pensamentos de Hans-joachim Koellreutter. Em forma de questionamentos é que o movimento reflexivo flui quase que sem direção, uma vez que não almeja dar as respostas, mas sim, colocar lenha na fogueira que já está acesa e assim convidá-lo a pensar sobre o processo de ensino-aprendizagem em tela.
Toicinho Batera: reflexões sobre o desenvolvimento musical de Lourival Galliani
Anais 2° Congresso Brasileiro de Percussão, 2019
Este trabalho busca, a partir das vivências do baterista Lourival Galliani, músico de grande relevância na cena musical catarinense, observar aspectos de sua formação e desenvolvimento como instrumentista, e compreender os possíveis papéis dos meios musicais e sociais nesse processo. Para basear essa discussão foram trazidos autores como Paul Berliner e Ingrid Monson, além de entrevistas com o próprio músico, e o documentário Sistema de Animação, que conta um pouco de sua história. Observando sua trajetória particular, pode-se compreender aspectos inerentes a sua formação musical e de músicos de sua geração.
O legado de Antonio Madureira para o violão brasileiro
2021
A ata de defesa com as respectivas assinaturas dos membros da banca examinadora encontra-se no processo de vida acadêmica do aluno. Campinas, 24 de Agosto de 2017. AGRADECIMENTOS À minha esposa, Ana Paula Ferreira Bolis, pelo apoio incondicional neste e em todos os meus projetos. À minha querida família, em especial, à minha mãe, Roseanna Marie Coffey Torres, que sempre me incentivou nos caminhos da música e da educação. Ao meu orientador, Esdras Rodrigues, que além de valiosas orientações tornou-se um bom amigo. Ao meu coorientador, Gilson Antunes, a quem tenho muita admiração e respeito por sua trajetória e importância para o violão no Brasil. Aos professores que participaram da minha banca de qualificação e defesa de mestrado, Carlos Fiorini (UNICAMP), José Alexandre (UNICAMP) e Humberto Amorim (UFRJ). A todos os professores e mestres que participaram da minha formação, em especial aos meus professores de violão, Roberto Teixeira, Eduardo Martinelli, Everton Gloeden e Dr. Fabio Scarduelli. Aos meus queridos amigos do grupo Madureira Armorial, Ronaldo Lima, Sarah Selles, Raoni Peres e, em especial, ao Gilber Souto Maior e sua família que, além de companheiro na caminhada artística, é um grande mestre da arte armorial. A todos os meus colegas violonistas, em especial, ao Felipe Macedo, Ricardo Henrique, Helder Pinheiro, que me ajudaram muito com as conversas informais. Ao violonista Edilson Eulálio, que me concedeu uma entrevista. Ao jornalista Alessandro Soares que me concedeu uma de suas entrevistas com Antonio Madureira e sua pesquisa a respeito do violão em Recife. Por fim, ao grande mestre Antonio José Madureira, que gentilmente me auxiliou em todas as minhas dúvidas a respeito de sua obra, e vive uma vida intensa a favor da pesquisa, preservação e propagação da arteaspectos que estão estampados em sua obra para violão. "Toda a arte é local antes de ser regional, mas, se prestar, será contemporânea e universal." Ariano Suassuna Resumo A vida e a obra do violonista Antonio José Madureira (1949) estão fortemente associadas ao Movimento Armorial e às orientações estéticas de Ariano Suassuna. Após intensas atividades como principal compositor do Quinteto Armorial, retoma sua carreira como violonista e concertista, a qual resultaria em um período muito fértil de composições para o instrumento e em um registro fonográfico de dois discos ao longo da década de 1980. Contudo, sua obra para violão solo continua pouco pesquisada no meio acadêmico ou tocada no meio artístico. Este trabalho procurou realizar um levantamento biográfico do compositor e uma contextualização da sua obra para violão solo a partir do Movimento Armorial e do violão brasileiro, contribuindo, assim, com a historiografia do instrumento, em especial do violão no nordeste brasileiro. Realizamos uma síntese dos elementos da música armorial, que nos serviram como base para a análise interpretativa das obras selecionadas. Destacamos, assim, que há em sua obra uma síntese de todas as "culturas do violão" vivenciadas pelo compositor, bem como uma considerável contribuição para o violão brasileiro ao incorporar em suas composições elementos da música armorial e da cultura tradicional nordestina.
Orfeu
Transcrever ou arranjar peças de outros instrumentos e/ou formações foi uma práticaviolonística muito comum, no Brasil, desde meados do século XIX. Em diálogo com parte da bibliografia disponível e apresentando fontes primárias, o presente artigo traça um breve panorama histórico das transcrições e arranjos para violão, buscando compreender algumas das funções socioculturais que esse repertório adaptado teve no caso brasileiro, especialmente na passagem entre os anos oitocentos e novecentos. Tomando como objeto de estudo duas transcrições de autores românticos (Chopin e Massenet) realizadas por Melchior Cortez (1882-1947), os resultados sugerem que houve um empenho para que cânones da música de concerto fossem incorporados à literatura do violão, com o intuito de revelar as suas potencialidades e demonstrar que o instrumento poderia servir a qualquer repertório, incluindo “os grandes clássicos […] interpretados nas suas seis simples cordas” (O VIOLÃO, 1928, p.3).
O violão na agenda musical carioca oitocentista
OPUS, 2019
Resumo: Introduzido no Brasil em princípios do século XIX, com uma ampla aceitação pela elite econômica e social do período, o violão foi praticado em espaços privilegiados, como o Palácio da Quinta da Boa Vista, nos exercícios musicais diários da Imperatriz Leopoldina. A partir da década de 1840, nas mãos de artistas estrangeiros que fomentaram o desenvolvimento da vida cultural carioca oitocentista, a agenda de apresentações musicais permitiu conhecer o repertório destinado ao instrumento, composto de obras originais e sobretudo de transcrições de árias de óperas. Essas características fizeram ressaltar o contraponto que o advento da República imprimiu à imagem do instrumento na sociedade brasileira, altamente negativa, o que se deveu à infalível associação do violão às práticas culturais dos pobres urbanos. Palavras-chave: Violão. Rio de Janeiro. Império. Concertistas estrangeiros. The Guitar in Rio de Janeiro's 19th-Century Musical Agenda
A Viola Caipira: da Tradição a Outros Géneros Musicais
The purpose of the present work is to inquire if the viola caipira, a traditional and secular instrument, would be able to migrate to other styles such as jazz, choro, samba, salsa, African music, pop, rock, etc, analyzing previously possible obstacles that migration, at the same time question how and in which context this transition can be made. Derived from the traditional Portuguese wire violas, appears in Brazil a colonial variant designated viola caipira. The Portuguese violas came to Brazil in the sixteenth century, in the hands of the Jesuits and settlers and were used extensively in the indoctrination process of the natives, as well as fun times of the settlers, thus beginning a great process of diffusion in Brazil. Although there still exist, they were marked as instruments linked to folklore and it was few used in urban music or sound recordings linked to mass consumption, with a small exception for artists from the musical style labeled as Brazilian country music and not much more than that, imprisoning its sound to musical demonstrations from the country area without expanding all its potential sound to other musical styles. So far, its existence is mainly timited to the rural cultural events, with little participation in urban genres when it comes to musical events. Through this research based on readings of books and dissertations, as well in semi- structured interviews, it attempts to perceive what the essential elements to their roots and language so linked to the world of traditional music, they could be applied to other areas and also by other performers from different cultures.
Melchior Cortez: um precursor do violão de concerto no Rio de Janeiro
Resonancias: Revista de investigación musical, 2018
This paper aims to recover the trajectory of a little-known character in the history of the guitar in Brazil: Melchior Cortez (1882-1947), Portuguese settled in Rio de Janeiro from the age of nine. To this end, this work raises unpublished biographical data, traces a possible profile of the musician and investigates his prolific activity as a concert performer, with which he reached the stage of the "Instituto Nacional de Música" and shared recitals with the great guitarists of his time, including presentations with Quincas Laranjeiras. The methodology consisted of a critical analysis of more than 50 sources discovered in newspapers and magazines of that period. The results point to Cortez's significant participation as a classical guitarist in the Carioca musical scene of the first three decades of the 20th century. Keywords: Melchior Cortez, History of the guitar in Brazil, Pioneers of the guitar in Brazil, Classic guitar in Brazil, The guitar in Brazilian newspapers and magazines.