Bartleby e o homem homérico (original) (raw)
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Bartleby ou a ironia silenciosa
“Bartleby, the scrivener”, de H. Melville, pode ser considerado como um dos testemunhos marcantes da dobra silenciosa da loucura donde procede a criação literária. Pois, ainda que a realização desse conto se mantenha no interior da estrutura narrativa clássica da representação, em que o narrador se dirige, em primeira pessoa, a seu leitor ouvinte, isso não impede que do niilismo cândido – para dizê-lo como Borges – dessa figura singular de Bartleby, cuja ataraxia a todos irresistível e comicamente contamina, até o fim trágico de seu isolamento melancólico, imerso na mais completa catatonia, uma vizinhança progressivamente se perfila entre a loucura e a potência literária que o silêncio desse personagem desperta, ao interromper o fluxo da fala informativa. A potência literária desse conto se impõe na medida em que sua construção condensa-se em torno de uma fórmula cuja enunciação recorrente põe a perder toda possibilidade de representação.
Miguilim Revista Eletronica Do Netlli, 2014
O presente artigo faz uma leitura da novela de Herman Melville, Bartleby, o escrivão, a partir de e com ensaio filosófico de Jean-Luc Nancy, O intruso, no qual a noção de intruso é pensada como um corpo estranho ao qual é impossível estar “imune”. A partir da experiência de um transplante de coração, mas tendo em vista a questão do estrangeiro no corpo social, Nancy problematiza a noção de “humano” assim como a noção do corpo como algo fechado e acabado, inerente à cultura ocidental moderna, para pensar o corpo como algo nem aberto, nem fechado, mas passível de “contaminações” e mutações, relacionando, assim, corpo individual e corpo coletivo. O presente texto pretende, portanto, pensar a figura de Bartleby nesse viés, dialogando também com a leitura proposta por Gilles Deleuze.
O desejo de Bartleby ou Bartleby e seus sucessores
This article aims to analyze the work “Bartleby, the scrivener: a story of Wall Street” (1856), by Herman Melville, highlighting its political content. To do so, we discuss some aspects of famous readings of Bartleby, by Deleuze, Agambén, Žižek, Hardt and Negri. The intent is to show, through formalistic analysis, that the political content of the story comes from what the philosopher Theodor W. Adorno called “negative utopia”. The work makes a “promesse de bonheur” (promise of happiness) to the reader, and that instigates the political imagination. At the same time, we compare Bartleby with works by some writers and artists that came after him, such as Kafka, Beckett, Celan and Chaplin, in order to show the power of the story in indicating the tendencies of modern art.
Estilhaços de performativo: Bartleby e o outro
Revista De Letras, 2007
Melville’s character, which entitles the novel Bartlebly, the Scrivener: a story of Wall Street, pronounces an enigmatic sentence whenever inquired: I would prefer not to. According to Deleuze, that sentence has a character of formula by its strict and solemn grammaticality, as well as devastating the double system of language reference – performative and constative. This paper is aimed to discuss the relation among the performative, the other and I, through Bartlebly’s sentence and Deleuze’s assertions in his essay Bartlebly, or the formula.
Dispõe sobre a publicação do trabalho intitulado O Homem e o Brejo. da autorln do Eng. ALBERTO RIBWO LAMEGO. A Assembléia Geral do Conselho Nacional de Geografia, no uso das suas atribuições: Considerando que a tese O Homem e o Brejo foi pelo IX Congresso Brasileiro de Geografia aprovada com louvor em vista do seu alto valor e excelência; Considerando que o mesmo Congresso solicitou ao Conselho providências no sentido de ser a tese publicada em separado; Considerando que o Eng.O ALBERTO RIBEIRO LAMEGO, autor da tese, c membro do Conselho, como um dos elementos federais integrantes da Comissão Técnica Permanente de Fisiografia; RESOLVE : Art. 1. O -A Secretaria Geral do Conselho providenciará a publicnqio, em separado, da tese O Homem e o Brejo, da autoria do Eng.O A~n~ii1-o RIBEIRO LAMEGO, aprovada com louvor pelo IX Congresso Brasiliii,~ dc Geografia, entendendo-se para isso com a Comissão de Redaçáo dos Anais do mesmo Congresso. Art. 2.0 -Essa publicação fará parte da "Biblioteca Geográfica Brasileira", instituída pela presente Assembléia, de acordo com os ciiteiidimentos que a êsse respeito a Secretaria terá com o autor. Art. 3.0 -As despesas que ocorrerem em virtude desta Resoliiqio correrão por conta da verba para publicações consignada no Orçamento do Conselho. Rio de Janeiro, 12 de julho de 1941, ano VI do Instituto. Conferido e numeraao Visto e rubricado CHBISTOVAM LEPIF DE CASTRO Secrethrio-Geral do Conselho Publique-se JOSÉ CARLOS DE MACEDO SOARES Presidente do Instituto Setores da Evolução Fluminense "Ipsz matronz hic pro Jure pugnant" lhgenda de Campos] Tese aprovada com louvor RO 11 Congresso Brasileiro de Geografia, reunido em Florianúpoli~, de 7 a 14 de setembro de 3940. Por ALIBEATO RIBEIRO LAMEGO [LAMEGO FILHO] 1 9 4 5 Serviço Gráfico do I. B. G. E. Rio de Janeiro NOTA: Este trabalho, com exceçáo do "PrefScio", "Apresentaçáo" e "fndice Analitico". foi composto antes de ser publicado o Voca-buZ6750 da Academia Brasileira de Letras. Secret&rio-Geral do Conselho Nacional de Geografia NOTICIA SOBRE O AUTOR ALBERTO R~I I R O LAMEGO nasceu n a cidade fluminense d e Campos, a 9 de abril de 1896. Concluiu, e m 1910, seu curso primário n o ColBgio Campolide, dos jesuítas. em Lisboa, começando ali o curso secundário mais tarde concluído n o Colegio de Saint Michel, d e Bruxelas. t a m b é m dos jesuitas. E m 1913 matriculou-se n o curso de engenharia d e artes. manufaturas e minas da Universidade d e Louvain. Transferindo-se. e m 1914. para Londres. cursou a Royal School o f Mines do Imperial College 09 Science and Technology frequentando. ao m e s m o t e m p o o curso de licenciado e m engenharia d e minas d a Universidade de Londres, concluindo êsses dois cursos e m 1918. E m 1920, regrcsando ao Brasil, ingressou n.0 Serviço Geológico e Mineralógico d o MinistBrio da Agricultura empreendendo v&rios trabalhos de campo e m diversas regiões d o Brasil. 20 -~s t i u t u r a Geológica d o Páo d e Açúcar. 21 -Formação Tectdnica da Entrada d a Bafa d e Guanabara. 22 -Perfil N-S d o Pão d e Açúcar, mostrando a esfaliaçáo pela clivagem tectdnica. 23 -Bloco-diagrama, ilustrando a estratigrafia e a tectdnica, d o bordo ocidental d a entrada d a Guanabara. 24 -Secção geológica a'través dos morros d o Leme, Babilonia e São João. 25 -Estratigrafia e tectgnica d o grupo Urca-Pão d e Açucar. 26 -Sem60 d a Entrada da Baia d e Guanabara. 27 -~e c ç á o através d o grupo do Corcovado. 28. 29 e 30 -Seccóes geológicas através dos Dois Irmãos. 31 -Secção através d a ~á v e a . 32 -Idem através d o pico da T i j m a . 33 -Idem através o morro da Providência. 34 a 41 -Secções através da cidade d o Rio de Janeiro. 42 -Origem d a Escarpa da Nova Cintra. 43 -Bloco-diagrama expondo o enrugantento primitivo d a serra d a Carioca e d e seus contrafortes. 1939 -44 a 46 -Secções através dos calcáreos de São Joaquim, e m Campos. 1940 -47 -A Foz e a Barra d o rio Parafba d o S u l . IV. TRABALHOS INSDITOS E EM PREPARO . I -A Bacia d e Campos n a Geologia Litorânea d o Petróleo. 2 -Areia de Fundiçáo de Macaé. 3 -Ciclo Evolutivo das Lagunas Flumtnenses. 4 -Grafita e m Conceicáo d e Macabu. 5 -"0 ÉIomem e a ~é s t i n g a~' . 6 -"O Homem e a Baia". 7 -"0 Homem e a Cordilheira". 8 -Carta Topográfica e Geológica d o Nwta-Fluminense. 9 -Carta geológica d a regiáo a o norte d e Campos. 10 -A plataforma continental a o largo d o litoral d e leste. 11 -Geologia Regional d e Macaé. 12 -Origem d a restinga da Marambaia. 13 -Geologia d a laguna d e Maricá. i4 -Geologia d a laguna d e Saquarema. 15 -Origem d a laguna d e Araruama. 16 -Geologia d a laguna d e Araruama. 17 -Reconhecimento geológico nas fazendas d e Itaitindiba e São Jose. 18 -Esbdço geológico dos vales dos rios G u a n d u e Itaguaf. 19 -Geologia d e Niterói e São Gonçalo. 20 -Carta Geológica d o Distrito Federal. 21 -Carta Geológica da Baia de Guanabara. 22 -Mapa geológico d o Estado d o Espfrito Santo. 23 -Levantamento expedito d o rio Paraná, da foz d o Parapanema d cachoeira das 7 Quedas. 24 -Reconhecimento geológico n o Estado d e Goiás. 25 -Reconhecimento do ria Dois Irmãos, n o Estado d e Mato Grosso. 26 -Reconhecimento d e Aquidauana a serra da Cascavel, Mato GTOSSO. 27 -Idem, d e Aquidauana ao rio Tabdco, e m Mato Grossa. 28 -Idem, d e Miranda a serra da Bodoquena, M. Grosso. 29 -Secçáo geológica da Gragoatá a ilha da Boa Viagem. 30 -Pedreira de Lewtinito n o morro d a Cavaldo. 31 -S e q á o geológica d o morro d a Armação. 32 -Estrutura geológica d o m o n o da Boa Vista. 33 -Afloramento de Grafita e m Macabu. 34 -Secções geoldgicas através da serra d e Itaitindiba. 35 -Esboços tectônicos através da Baixada Fluminense. O HOMEM E O BREJO À memória de meus avós maternos e paternos, senhores de engenho e m Airises (Campos) e e m São Tom6 (Itaboraí). As heróicas gerações de vaqueiros e lavradores, que, pelas armas e com a charrua, fizeram da ferra campista o maior centro agrícola do Brasil.
O humanismo d’O Vagabundo, 2019
Este ensaio objetiva traçar uma aproximação entre conceitos da filosofia sartriana e temas chaplinianos, personificados em Carlitos. Para tanto, analisamos as tra-jetórias do filósofo francês Jean-Paul Sartre e do cineasta britânico Charles “Charlie” Chaplin, a fim de isolar os principais conceitos e temas de suas obras. Em sequência, empregamos como corpus o filme Luzes da cidade, lançado em 1931, para estreitar a relação entre a filosofia existencialista e os temas que Chaplin desenvolve por meio de seu célebre personagem. Esta pesquisa pretende tomar a filosofia existencialista em seu viés mais otimista e, por isso, evitamos estereótipos que circulam por meio do senso comum e apontamos de que forma essa filosofia pode ser compreendida como defensora da liberdade absoluta, o que, em consequência, diz respeito a uma grande responsabilidade.
Archai: Revista de Estudos sobre as Origens do Pensamento Ocidental, 2012
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O Herói Homérico Pátroclo em Simone Weil
Contextura, 2020
Nota crítica sobre os comentários da filósofa Simone Weil a Pátroclo, principalmente, no seu renomado texto A Ilíada ou o poema da força. Levando em conta o adjetivo 'doux' (utilizado pela autora para descrever Pátroclo), este artigo tem por objetivo analisar linguística e etimologicamente a proposta interpretativa de Weil. É esta proposta que torna Pátroclo, sob o olhar da filósofa, o único herói homérico capaz de moderação no uso da própria força. Artigo originalmente publicado pela Revista CONTEXTURA, Belo Horizonte, nº 16, 2020, pp. 48-59.