UM OLHAR DISCURSIVO EM RELAÇÃO A ALUNOS MIGRANTES VENEZUELANOS: identidade e sociabilidade na cidade de Boa Vista-RR (original) (raw)

Resumo: De acordo com informações do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), em 2020, mais de 68,5 milhões de pessoas foram obrigadas a sair de seus países e precisaram fugir para outros lugares. Essa fuga também ocorre com venezuelanos, que chegam ao Brasil pelo Estado de Roraima. Tendo em vista essa situação, o presente estudo teve por objetivo saber como alunos migrantes venezuelanos, residentes no município de Boa Vista, no Estado de Roraima, discursam quanto à identidade e à sociabilidade na cidade de Boa Vista-RR. Metodologicamente, fez-se o levantamento de dados, por meio da aplicação de um questionário estruturado, aplicado tanto à direção da escola quanto às duas coordenadoras da Escola Municipal Newton Tavares, localizada no bairro Calungá, na cidade de Boa Vista. Nessa escola, foi feito o acompanhamento do andamento das aulas remotas, desenvolvidas pelo grupo de WhatsApp da turma, em 2020, dos alunos ingressos no primeiro ano C, e, posteriormente, em 2021, o acompanhamento dessa mesma turma, agora no segundo ano C. Os resultados deste estudo revelaram, no corpus analisado, que o discurso de alunos venezuelanos no ambiente escolar roraimense de se adaptarem à língua portuguesa proporcionou o "apagamento" do espanhol e de sua identidade nesse contexto social. Por outro lado, averíguase que o poder público municipal também não oportuniza aos profissionais da educação uma formação adequada para lidar com a diversidade no ambiente escolar. Desse modo, é importante o desenvolvimento de políticas educacionais e linguísticas para respeitar a identidade dos alunos não falantes da língua portuguesa, e reverter esse "apagamento" linguístico e identitário, a fim de garantir o direito deles de se expressar na língua que representa a sua identidade e sua memória como sociabilidade. Palavras-chave: Discurso. Identidade. Sociabilidade. Migrante. Educação. INTRODUÇÃO Dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), de 2020, revelam que 82,4 milhões de pessoas em todo o mundo foram forçadas a se deslocar e foram obrigadas a deixarsuas casas e se viram obrigadas a fugir para outros lugares. No aspecto da globalização fica mais evidente as crises migratórias que ocorrem mundo afora em decorrência de conflitos armados, violência e perseguição como ocorre com os Rohingyas (uma minoria étnica marginalizada em Mianmar, que têm sofrido, nas últimas décadas, com crescentes