O vinho e a vinha nos concelhos de Arraiolos e Vimieiro nos séculos XVII e XVIII – uma perspectiva sobre a gestão municipal (original) (raw)
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A vinha e o vinho no distrito de Leiria
International Journal Semiarid, Ano 7, Vol. 9 , 2024
ABSTRACT: The study examines the long history of vine cultivation and wine production in the district of Leiria (Portugal). It explores vineyard settlements, grape variety panels, density per hectare, related cultural practices, phytosanitary issues, and production costs, highlighting the transformations that took place from the Middle Ages to the 19th century. It particularly focuses on the 19th century when fungi and pests threatened the survival of the vines and on the political agenda aimed at overcoming the wine crisis, involving the central government, municipalities, winegrowers' associations, and the support of academic experts. The study also addresses the transformation of winemaking methods, wine types, and consumption. Keywords: Leiria (Portugal), Vine Cultivation, Winemaking Methods, Consumption
As quintas vinhateiras de D. Antónia – um legado para o Douro
Capítulo do catálogo da exposição «D. Antónia uma vida singular». O texto centra-se nas quintas adquiridas por esta importante figura do Douro, analisando não só aspectos formais e arquitectónicos, mas igualmente estratégias de gestão do território.
Casa Quaresma: Espólio essencial à escrita da História da Vinha e do Vinho na Península de Setúbal
No corolário das comemorações do centenário da implantação da República portuguesa, apresentamos neste número uma síntese histórica do que era o território do actual concelho em 1910, entãofruto da reforma administrativa de 1855 -integrado no município de Setúbal e só em 1926 de novo autónomo daquele e restaurado, em resultado da luta da população local. As efemérides têm o mérito de desencadear processos de investigação historiográfica e, este, é um desses casos. O trabalho nesta vertente está, assim, reaberto e iremos prossegui-lo, certos que a História é fundamental para alicerçar um desenvolvimento sustentável, para além das crises financeiras que nos perturbam, mas não impedem de exercer uma activa Cidadania, na senda dos ideais republicanos da Fraternidade, da Igualdade e da Liberdade.
De vino ac vineas – viticultura romana no Vale do Douro
No século Iº a.C., Estrabão escreve uma das primeiras obras conhecidas, a Geografia, em que a Lusitânia é referida. No primeiro parágrafo do terceiro capítulo do terceiro livro, descreve os povos do Norte da Lusitânia enquanto consumidores de zithos, um tipo de cerveja, "(...) mas são escassos de vinho, e o vinho que teem bebem-no rapidamente em festas de casamento com seus familiares.". A Arqueologia, pelo seu lado, tem vindo a comprovar este mesmo consumo, pelo menos entre elites, na bacia do Douro pelo menos desde o século IIº a.C.
Enomemórias & Enoturismo. Os Territórios Culturais do Vinho. Paisagem, Museus, Comunidade, 2019
Resumo: Neste estudo abordamos a construção da paisagem vinhateira, assim como os métodos e técnicas de produção e conservação do vinho desenvolvidas no senhorio monástico alcobacense ao longo do século XVIII. Os cistercienses são indissociáveis da expansão da vinha, assim como do aperfeiçoamento do vinho, produto indispensável na cerimónia eucarística e como reforço da dieta alimentar do cenóbio. A vantagem da longa duração e do cruzamento de saberes e descobertas entre a rede de mosteiros permitiu a estes monges "agrónomos" criar vinhos de excelência elogiados, em particular, pelos viajantes do Grand Tour setecentista. Tratamos neste trabalho da localização preferencial das vinhas, dos critérios, mobilizações e defesos aplicados à cultura, das técnicas de produção dos vários tipos de vinho, da capacidade de armazenamento e envelhecimento deste produto relevando a sua importância no agrossistema dominial cisterciense. Palavras-chave: Vinha, Vinho, Alcobaça, Cister 1. Na civilização cristã o vinho é indispensável ao coração da liturgia, a cerimónia eucarística. É natural que para instalar um cenóbio se tivesse de cuidar não só da casa que acomoda e abriga, mas também das terras onde, de imediato, se chantava a vinha para não se ficar dependente de aquisições do exterior. Cumpria-se, assim, a vontade do monaquismo cisterciense de afastamento do mundo ao semear ou plantar o que se consome, em que os marcadores matriciais do isolamento, autarcia e pobreza entram em comunhão virtuosa (por isso não aceitavam doações e heranças, dízimas e banalidades). Mas a função do vinho não se quedava ao plano ritual e simbólico, nos tempos iniciais de rigor e mortificação do corpo e do espírito pela exigente regra do ora et labora e pelas magras rações alimentares destes servidores de Deus, o vinho oferecia um contributo calórico, fortificava o humor e dava alento aos doentes, já para não falar do seu papel
Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, vol. LXII, pp. 57-159., 2004
A vitivinicultura constituiu desde o século XVIII um dos mais importantes sectores da agricultura portuguesa, dando origem a um dos principais produtos de exportação. O seu peso na economia era enorme, se bem que desigualmente distribuído pelas várias regiões do País. Nos cerca de 200 anos que aqui iremos estudar, da segunda metade do século XVIII à primeira metade do século XX o conjunto de actividades em torno da cultura e da produção de vinho enfrentou profundas transformações. Por um lado, sofreu o impacto de várias doenças que afectaram decisivamente os vinhedos de toda a Europa; por outro, passou por uma série de processos de reconversão, transformação e alteração nas configurações dos mercados que atingiram quase todas as suas etapas produtivas. Este conjunto de processos acelerou-se a partir de 1852, após os primeiros ataques do oídio. Neste contexto os agricultores e as autoridades portuguesas tentaram acompanhar, com graus de sucesso variáveis, a trajectória de mudanças que se operava na vitivinicultura e nos mercados europeus. As transformações manifestaram-se em diversas áreas e tomaram a forma de diferentes processos de modernização e adaptação. A chegada faseada do oídio, da filoxera, da antracnose e do míldio obrigou a enormes processos de replantação, de mudança no uso das castas e das técnicas de cultivo que passaram a integrar novos produtos de origem industrial nas várias e recentes etapas de prevenção das doenças. Simultaneamente, a configuração dos mercados alterou-se com o crescimento do consumo de massas, com o aparecimento de novos mercados internacionais e de novas áreas produtoras concorrentes. Os mecanismos de circulação, transporte e distribuição modificaram-se, assim como as próprias técnicas de produção numa tentativa permanente de adaptação a novos gostos e às oscilantes modas dos
2012
"Esta dissertação visa dar a conhecer a rede de agentes da Inquisição no concelho de Arraiolos, entre 1570 e 1773. Apresenta uma caracterização dos comissários e dos familiares do ponto de vista socioeconómico e analisa a respectiva actuação. Por fim, são apresentadas duas propostas para fruição e valorização do património histórico local a partir dos dados recolhidos e analisados: por um lado, uma exposição temporária e por outro a criação de um percurso pedestre pelo centro histórico de Arraiolos, que permitirá aos visitantes conhecerem a localidade sob outro ponto de vista: o da Inquisição."
A vinha e o vinho dos cistercienses de Alcobaça (séculos XVIII e XIX)
I Congresso Internacional Vinhas e Vinhos, pp.75-91, 2012
A vinha explorada directamente pelos monges cistercienses de Alcobaça recebia um conjunto de benefícios culturais. Interditava-se ou restringia-se as sementeiras de cereais praganosos para evitar a disseminação de afídios, mandavam-se cavar os pés das cepas para evitar os danos radiculares provocados pelas alfaias de canga, cuidava-se dos compassos, proibia-se a adubação das vinhas para que a produção excessiva não empobrecesse o teor alcoólico do vinho, fazia-se a colheita separada de brancas e tintas. O vinho era produzido em regime de monopólio nos lagares de varas do Mosteiro de Alcobaça sob o método de bica aberta. As brancas dominantes nos povoamentos (cerca de 80%) fermentavam à parte das tintas de cobertura. Na fermentação adicionava-se arrobe, camoesas e cascas de laranja para fortalecer e frutar o palheto.