"Rethinking Portugal": "Repensar Portugal": Camilo Castelo Branco, Alexandre Herculano e Eduardo Lourenço / "Repensar Portugal": Camilo Castelo Branco, Alexandre Herculano e Eduardo Lourenço (original) (raw)

2024, Revista Desassosego

Almeida Garrett (1799-1854) and Alexandre Herculano (1810-1877) are the two main authors representing Romanticism in Portugal or, at least of the first generation, which is inevitably confused with the struggles for the implementation of Liberalism in the country. Contemporaries, they corresponded with each other and wrote fictional works, which aimed to consider the role of Portugal, as a national and also cultural body. In short, they reflected, through literary production, on the homeland situation after the French invasions (1807), the trauma of the flight from the Court to Brazil (1807), the Liberal Revolution (1820) and the Civil War (1828-1834) between absolutists and liberals, both of whom took sides with the constitutionalists and, finally, ended up in exile. Upon returning, Garrett and Herculano formed a group of intellectuals who aimed to reflect on the country's destiny, immersed in so many crises. Regarding his works, Eduardo Lourenço (1923-2020), honored in this year of his centenary of birth, wrote important texts, also in order to “rethink Portugal”, as he invented in the writings of the two 19th century writers ways of pondering the Portuguese political, religious and cultural situations. We therefore analyzed excerpts from four narratives by nineteenth-century authors: O Arco de Sant’Ana: crónica portuense (1845/1851) and Viagens na minha terra (1846), by Almeida Garrett; O Monge de Cister ou a época de D. João I (1848) and “O pároco da aldeia (1825)” (1851), by Alexandre Herculano. These are texts written in the Shandian narrative style, in which the narrators' digressions are what interest us most in this study. In addition to O labirinto da saudade (1978) and Mitologia da saudade seguido de Portugal como destino (1999), by Lourenço, we will dialogue, in our investigations, with the productions of Maria de Fátima Marinho (1999) and Sergio Paulo Rouanet (2007), among other authors. KEYWORDS: Almeida Garrett; Alexandre Herculano; Shandian style; Political crisis; Modernity. RESUMO: Almeida Garrett (1799-1854) e Alexandre Herculano (1810-1877) são os dois principais autores representantes do Romantismo em Portugal ou, pelo menos da primeira geração, que se confunde, inevitavelmente, com as lutas pela implantação do liberalismo no país. Contemporâneos, eles se corresponderam entre si e redigiram obras ficcionais, que visaram considerar sobre o papel de Portugal, como corpo nacional e também cultural. Em suma, refletiram, por meio da produção literária, sobre a situação pátria após as invasões francesas (1807), o trauma da fuga da Corte para o Brasil (1807), a Revolução Liberal (1820) e a Guerra Civil (1828-1834) entre absolutistas e liberais, da qual ambos tomaram partido pelos constitucionais e, por fim, chegaram a conhecer o exílio. Ao regressarem, Garrett e Herculano compuseram um grupo de intelectuais que visavam refletir sobre os destinos do país, imerso em tantas crises. Sobre suas obras, Eduardo Lourenço (1923-2020), homenageado neste ano de seu centenário de nascimento, redigiu importantes textos, também a fim de “repensar Portugal”, pois inventaria nos escritos dos dois escritores do século XIX formas de ponderar sobre as situações política, religiosa e cultural lusitanas. Analisamos, por isso, trechos de quatro narrativas dos autores oitocentistas: O Arco de Sant’Ana: crónica portuense (1845/1851) e Viagens na minha terra (1846), de Almeida Garrett; O Monge de Cister ou a época de D. João I (1848) e “O pároco da aldeia (1825)” (1851), de Alexandre Herculano. São textos escritos sob o estilo narrativo shandiano, nos quais as digressões dos narradores são o que mais nos interessam neste estudo. Para além de O labirinto da saudade(1978) e de Mitologia da saudade seguido de Portugal como destino (1999), de Lourenço, dialogaremos, em nossas averiguações, com as produções de Maria de Fátima Marinho (1999) e de Sergio Paulo Rouanet (2007), dentre outros autores. PALAVRAS-CHAVE: Almeida Garrett; Alexandre Herculano; Estilo shandiano; Crise política; Modernidade.