Fundamentos do processo de trabalho em terapia ocupacional: uma abordagem analítica a partir do diálogo entre Terapia Ocupacional Social e Saúde Coletiva Latino-Americana (original) (raw)

Trabalho, igualdade e inclusividade na pós-modernidade

Com o presente artigo pretende-se reflectir sobre a relação existente entre o trabalho, a utopia da igualdade e a inclusividade. Esta reflexão, porém, terá de ser enquadrada no contexto histórico e conceptual que estruturou e a ajuda a explicar. Pretende-se uma abordagem analítica que cruze diacronicamente os valores da pós modernidade e as actuais práticas do mundo laboral. Chega-se à conclusão de que a relação atrás referida está profundamente eivada pelos valores da pós-modernidade. O interesse e o discurso ideológico criam narrativas pretensamente fortes e coesas, mas, porque estruturadas numa cultura fragmentada, estão sujeitas à desconstrução e às metanarrativas. A pesquisa aqui realizada explica a “inevitabilidade” do passado, enfatizando as opções e os percursos escolhidos, e denuncia as práticas do presente, tomando como referência os horizontes da cidadania e a aposta na sociedade do conhecimento como a panaceia para a inclusividade. Trata-se de um discurso desfasado da realidade e que está longe de colocar o ser humano no centro das preocupações políticas.

Representações cotidianas: uma proposta de apreensão de valores sociais na vertente marxista de produção do conhecimento

Propõe-se um arcabouço teórico-metodológico, na vertente marxista de construção do conhecimento, para compreensão de valores sociais pela captação de representações cotidianas. Pressupõe-se que a investigação científica congrega diferentes instâncias: epistemológica, teórica e metodológica, que coerentemente às demais instâncias propõem um conjunto de procedimentos e técnicas operacionais de apreensão e análise da realidade em estudo, expondo o objeto investigado. O estudo de valores revela a essencialidade da formação de juízos e escolhas; há valores que refletem a ideologia dominante, perpassando todas as classes sociais, mas também há valores que refletem os interesses de classe, esses não são universais, são constituídos nas relações e atividades sociais. Fundamentando-se na teoria marxista da consciência, as representações cotidianas constituem formulações discursivas, opinativas ou de convicção, emitidas por sujeitos sobre sua realidade, mostrando-se coerente forma de compreen...

Representações sociais, subjetividade e aprendizagem

Cadernos de Pesquisa, 2015

Este artigo pretende investigar em que medida a teoria das representações sociais pode definir e explicar os processos de ensino e de aprendizagem, uma vez que tais fenômenos foram, até o momento, na maioria das vezes, investigados e explicados com base nas teorias psicológicas de desenvolvimento e cognição. Acreditamos que menos atenção tem sido dedicada à explicação do ensino e da aprendizagem humana, por exemplo, baseada na análise etnográfica, sociológica ou psicossocial. Neste texto, pretendemos refletir sobre o papel que pode ser desempenhado pela teoria das representações sociais, particularmente pelos fenômenos da subjetividade e intersubjetividade, na formação dos processos de ensino e de aprendizagem humanos.

Por que uma Ciência Ocupacional na América Latina? Possíveis relações com a Terapia Ocupacional com base em uma perspectiva pragmatista

Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 2021

Resumo O presente ensaio aborda a Ciência Ocupacional com base na história hegemônica e (re)conhecida da terapia ocupacional no mundo, a partir da qual nos perguntamos: “Por que uma Ciência Ocupacional na América Latina?”. Para responder a tal questionamento, apresentamos uma perspectiva crítica sobre a Ciência Ocupacional, resgatando evidências sobre a sua institucionalização, discursos e rebatimentos à validação e à identidade da Terapia Ocupacional. Com isso, verificamos semelhanças e distinções entre ambas as disciplinas, considerando, sobretudo, que os estudos da e sobre a ocupação humana sempre existiram mesmo antes de sua criação. Isso nos permite afirmar que não há uma relação de dependência da Terapia Ocupacional com a Ciência Ocupacional, como nos discursos iniciais de sua criação. No entanto, devemos considerar que ambas são complementares e não dependentes, e que, juntas ou separadas, direcionam-se para as transformações sociais. Parece-nos que no contexto da América Lat...

A fragilidade das relacoes humanas na pos modernidade

Resumo: Mediante exposição das teorias de Erich Fromm e de Zygmunt Bauman, pretendo refletir sobre diagnóstico apresentado por esses dois pensadores acerca da condição humana na era técnica da informatização que cada vez mais altera o ritmo dos processos vitais de nossa atual ordem social. Exponho a contínua alienação das qualidades intrínsecas impostas pela sociedade de consumo e pelo efeito nocivo gerado pela moda na subjetividade individual, submetida, em geral, às regras da necessidade de aceitação social na vida coletiva. Erich Fromm pensa a história da sociedade ocidental mediante o conflito entre "Ser" e "Ter", ou seja, entre o princípio de qualidade existencial e o princípio quantitativo que norteia o desejo humano por riqueza e controle total sobre as condições materiais de sua existência; Bauman, por sua vez, desenvolve o conceito de "liquidez humana", situação que se manifesta indubitavelmente nos diversos âmbitos de nosso fracassado projeto civilizatório, em decorrência da transformação do ser humano, singular, em objeto de consumo, descartável, situação, portanto, que se manifesta mesmo nas relações interpessoais cotidianas.