(2010): A exploração do quartzito na Faixa Atlântica Peninsular no Final do Plistocénico (original) (raw)
O trabalho que agora se apresenta não teria sido possível se, em meu redor, não tivesse existido um conjunto de pessoas que me ensinasse, me permitisse ter tido condições de trabalho e com quem tivesse podido trocar ideias. A todas elas devo um sincero e profundo agradecimento. As minhas primeiras palavras são para os meus orientadores e amigos Francisco Almeida e Nuno Bicho. A minha gratidão para com ambos não se limita ao facto de me terem aceite enquanto orientando, mas também pela sua permanente disponibilidade (mesmo quando os seus carregadíssimos calendários praticamente não o permitiam), pela segurança que sempre me transmitiram, pelos conselhos, orientações (e por vezes desorientações), pela abertura de horizontes, por me terem permitido estudar sítios sob a sua responsabilidade, mas sobretudo pela confiança depositada na minha pessoa e por me terem envolvido nos seus projectos. A ambos devo muito do que aprendi e do que sou enquanto arqueólogo. Espero não os ter desiludido. Uma palavra especial para Fernando Real, por me ter convidado a desenvolver o meu doutoramento nas instalações do ex-CIPA, mesmo não sendo esta a minha instituição de acolhimento, gesto que ganha maior valor após a extinção do Instituto Português de Arqueologia e a criação do IGESPAR, IP, altura em que os investigadores em situação idêntica foram informados que não poderiam continuar ali a sua actividade dado que gastavam electricidade e água, quando iam à casa de banho. Dentro do mesmo enquadramento um agradecimento especial também a Ana Cristina Araújo por me ter garantido, desde o início, não só as condições mínimas de trabalho (mesa, cadeira, computador, internet e um candeeiro), como também por, desde a mudança de condições, ter lutado diariamente pela nossa permanência naquelas instalações, sob ameaça directa de processos disciplinares. Ainda lhe tenho a agradecer o respeito, muitas horas de (por vezes acessa) discussão, e o envolvimento em diversas escavações. Ainda do IPA, um agradecimento especial a José Paulo Ruas, não só pelas fantásticas fotografias dos materiais do Abrigo do Alecrim mas principalmente por me ter ensinado a fotografar. Ao querido amigo e jamais esquecido Nuno Caldeira por, independentemente da hora, estar sempre disponível para resolver qualquer problema informático 5 real ou aselhice minha. Aos meus amigos e colegas do CIPA Cleia Detry, David Gonçalves, Sónia Gabriel, Carlos Pimenta e Simon Davis pela troca de ideias, artigos e conhecimentos. Aos meus amigos, colegas de trabalho e companheiros de viagem João Cascalheira, João Marreiros, Marina Évora, Carolina Mendonça, Célia Gonçalves e Luís Jesus, pelas horas de discussão, troca de artigos e sugestões. A Rita Dias, João Marreiros, Marina Évora, Célia Gonçalves e João Cascalheira devo ainda o agradecimento pelo acolhimento em suas casas sempre que me tive de deslocar a Faro. Uma palavra especial também à minha amiga e colega Sara Cura, por me ter introduzido nas problemáticas aqui abordadas, bem como à actividade associativa. A João Zilhão, por me ter permitido o estudo de muitas das suas colecções, nomeadamente da Gruta do Caldeirão, mas também pelos conhecimentos, sugestões, alertas, opiniões e ideias. A Marisa Loureiro, agradeço as informações, esclarecimentos e documentação de índole geológica. A Marina Évora pela sua paciente revisão crítica ao texto e imagens. Pelas indicações bibliográficas, artigos, separatas e livros enviados, mesmo quando não solicitados: Araújo, Andrew Peclin, Michael Kunze, entre muito outros que por lapso não foram mencionados; a 7 Resumo O objectivo do presente trabalho é compreender a exploração do quartzito durante o Paleolítico Superior na Faixa Atlântica Peninsular, especialmente no seu troço Sudoeste. Para tal, foram estudados conjuntos provenientes da Estremadura, do Alentejo e do Algarve, através da análise de atributos e do Método das Remontagens. Os resultados foram posteriormente confrontados com os modelos existentes tanto para a exploração desta matéria-prima como para aquilo que terá sido o comportamento geral das comunidades caçadoras-recolectoras em causa. Concluiu-se que, o quartzito foi um pilar essencial da economia destas sociedades, utilizado tendo em vista objectivos concretos e não apenas uma forma de economizar sílex; que essas sociedades desenvolveram conceitos próprios para a exploração desta matériaprima, nomeadamente para a sua circulação na paisagem, não sendo a mesma arbitrária; que as suas características físicas não foram condicionantes desses padrões; e que esses conceitos de exploração variaram diacronicamente, sendo possível distinguir os vários sub-períodos do Paleolítico Superior. Inferiu-se ainda existir a possibilidade de, as características físicas da Península Ibérica associadas à pressão demográfica das populações neanderthais que ocupavam o seu sector Sudoeste, terem forçado os primeiros grupos de Humanos anatomicamente modernos, a mudar de uma economia baseada em sílex, muitas vezes obtida a grandes distâncias, por uma baseada em matérias-primas locais como o quartzito e o quartzo. A boa qualidade, variedade e disponiblidade dos recursos permitiu que este substrato tecnológico se mantivesse até à Idade dos Metais.