Esteticismo e decadentismo nos dândis de Wilde e Huysmans: retratos de Des Esseintes e Dorian Gray (original) (raw)

Esteticismo fin-de-siècle: o groteco decadente

Anais eletrônicos do XV Congresso Internacional da ABRALIC, 2017

Resumo: Desenvolvida na Europa e no Brasil a partir do final do século XIX até meados do século XX, a ficção decadente se notabilizou por sua atração pelo artificial e por aquilo que contraria as leis da natureza. Nessa ficção, a descrição de objetos grotescos, antinaturais, foi realizada a partir de uma linguagem bastante trabalhada e estetizada. Paradoxalmente, em diversas narrativas, tal esteticismo promoveu a percepção do grotesco como algo belo e refinado. Para demonstrar exemplos do grotesco decadente, esse artigo propõe a análise de Monsieur de Phocas (1901), de Jean Lorrain, de Dança do Fogo: o Homem que não queria ser Deus (1922) e de Kyrmah: Sereia do vício moderno (1924), dois romances de Raul de Polillo.

A “Filosofia das Roupas” de Oscar Wilde e o esteticismo

dObra[s], 2024

Em 1885, o escritor irlandês Oscar Wilde (1854-1900) publicou o artigo Philosphy of Dress no New York Tribune. Uma tradução do artigo, até então inédito em português será apresentada a seguir. O objetivo deste ensaio é analisar como Filosofia das roupas poder ser entendido como o manifesto de Wilde sobre a reforma do vestuário feminino. As proposições apresentadas no texto estão em consonância com suas ideias esteticistas, que entendem a vida como uma forma de arte – o que se daria, entre outras coisas, pela oposição ao consumo de produtos comuns resultantes do capitalismo industrial. Destaco ainda que, enquanto a defesa do artifício como forma de beleza era uma das premissas de seu pensamento esteticista, no que diz respeito ao vestuário feminino, ele argumenta, com base na compilação de ideias propagadas por médicos e estilistas, que a beleza está na “naturalidade” da peça. Também analiso o fato de que a antimoda defendida por Wilde não se limita ao campo das ideias e dos textos, mas se torna material quando começa a ser comercializada na seção de roupas artísticas das lojas de departamento Liberty de Londres em 1884. Por fim, discuto como esses trajes aparecem na pintura Private view at the Royal Academy, 1881, de William Powell Frith, de 1883, uma representação artística da vida moderna na sociedade londrina.

O NARCISISMO E A SUPERVALORIZAÇÃO DA IMAGEM: A BELEZA COMO FONTE DE PERDIÇÃO NAS OBRAS "O RETRATO DE DORIAN GRAY", DE OSCAR WILDE, "ECHO, NARCISSUM", DE OVÍDIO, E "O ESPELHO" DE MACHADO DE ASSIS

“Contemplando seu reflexo nas águas de uma fonte límpida, Narciso apaixona-se por si”. Assim nasce Narciso para a cultura ocidental por intermédio das Metamorfoses de Ovídio. Sem dúvida a versão mais conhecida. Tal mito abriu a possibilidade de inúmeras outras obras ao longo da historia literária possibilitando varias outras simbologias. Dessa forma, a proposta deste trabalho é analisar as representações do narcisismo e a supervalorização da imagem como fonte de perdição nas obras "O Retrato de Dorian Gray", de Oscar Wilde, "Echo, Narcissum", de Ovídio, e "O Espelho" de Machado de Assis. Propõe-se, num primeiro momento, através de uma analise literária, abordar o conceito de narcisismos destacando os principais traços presentes dessas obras e, mais adiante, analisar também as varias semelhanças convergentes intertextuais entre as obras a fim de compreender como se constrói a caracterização da figura narcisista e a exaltação de beleza.

A Beleza e a Arte Revistas Na Obra “Retrato De Dorian Gray”

Palimpsesto, 2019

O presente texto busca mostrar a representação da beleza em O retrato de Dorian Gray, obra que gira ao redor da questão estética e dos estereótipos associados. O culto à imagem é uma característica marcante do homem moderno regida por padrões mundialmente pré-estabelecidos para o que vem (ou não) a ser belo. Isto é, buscase incessantemente o "corpo ideal" sob a perspectiva incondicional da beleza, da jovialidade, enfim, da aparência em si. Para realização do trabalho postula-se um suporte teórico de autores que versam sobre arte, literatura e cultura, realiza-se então uma abordagem qualitativa, adotando-se a metodologia da revisão bibliográfica e da análise de conteúdo por constituírem indicadores indispensáveis para uma compreensão da sociedade do século XIX (período em que a obra foi escrita e em que o enredo se desenvolve), também chamado de Era Vitoriana, um dos períodos áureos da Inglaterra, em que prevaleciam convenções moralistas e sociais.

Escritas da degeneração: o gótico e a decadência em O Rei Fantasma [1895], de Coelho Neto.

Revista Organon, 2021

O objetivo deste artigo é analisar como a temática da degeneração está presente no romance "O Rei Fantasma" (1895), de Coelho Neto. Partimos da hipótese de que a narrativa é um exemplo ilustrativo da confluência entre as poéticas gótica e decadente, além de reveladora das ansiedades da época em relação à escravidão e ao imaginário orientalista. Inicialmente, investigamos como a ficção do final do século XIX explorou sistematicamente a ideia de degradação individual e coletiva. Em seguida, apresentamos a recepção crítica ao texto, segundo a qual as duas formas artísticas seriam contrárias à tradição cultural brasileira. Por fim, examinamos os procedimentos narrativos e estilísticos característicos do gótico e da decadência que estruturam a obra. ABSTRACT: This paper aims at analyzing the theme of degeneration in the novel "O Rei Fantasma" (1895), by Coelho Neto. We defend the hypothesis that the narrative is an illustrative example of the confluence between the gothic and decadent poetics and also reveals the anxieties of the time concerning slavery and the Orientalist imaginary. At first, we investigate how the fiction of the late 19th century systematically explored the idea of individual and collective degradation. Then, we present the critical reception to the text, according to which the two artistic forms were contrary to the Brazilian cultural tradition. Finally, we examine the narrative and stylistic procedures characteristic of the Gothic and the decadence that structures the work.

A estética decolonial no ativismo de coletivos teresinenses

Vértices (Campos dos Goytacazes), 2023

Neste trabalho analisamos como a expressão estética de coletivos e coletivas da cidade de Teresina (Piauí) relaciona-se com o argumento decolonial, sobretudo a partir da produção dos/as intelectuais da Rede Modernidade-Colonialidade. Uma pesquisa de campo qualitativa foi realizada com formações coletivas teresinenses, a partir da apreensão de entrevistas com seus integrantes, em sessões de grupos focais; e da seleção de postagens em suas mídias sociais Facebook e Instagram. Os dados foram interpretados pelo método de Análise do Discurso Crítica, na vertente dialético-relacional faircloughiana. Os resultados evidenciaram que esses grupos representam uma importante face do ativismo contemporâneo, ao evocarem sensações e processos de percepção que dialogam com a diversidade. Nesse sentido, concluímos que o uso de vestimentas, artefatos e corporeidades/performances oferecem visibilidade a grupos socialmente excluídos pela lógica colonial-moderna, despertando sensações e percepções outras sobre a padronização e universalização de modos de ser e viver.

Estética diaspórica": lógica do fantasma, sombras, semovência e rasuras em Dalcídio Jurandir, Paes Loureiro e Conceição Evaristo

Zenodo (CERN European Organization for Nuclear Research), 2023

Resumo: O presente texto trata da-estética diaspórica‖ como lógica do fantasma, sombra, semovência e rasura nas literaturas de Dalcídio Jurandir, João de Jesus Paes Loureiro e Conceição Evaristo. Lança mão das reflexôes de Stuart Hall, Jacques Derrida, Gilles Deleuze em uma primeira apresentação; das reflexões de Luís H M del Castilo sobre a lógica do fantasma em Dalcídio Jurandir, com participação de Jacques Lacan; das reflexões de