Memória colectiva e identidade nacional: jovens angolanos face à História de Angola (original) (raw)

Memória, identidades e angolanidade em Ana Paula Tavares

Pontos de Interrogação, 2021

Resumo: Este artigo reúne os resultados de análise dos textos da angolana Ana Paula Tavares, incluindo as crônicas de Um rio preso nas mãos (2019) e as seis coletâneas de poemas reunidas em Amargos como os frutos (2011), apresentadas em ordem de publicação de suas respectivas primeiras edições: Ritos de passagem (1985), O lago da lua (1999), Dizes-me coisas amargas como os frutos (2001), Ex-votos (2003), Manual para amantes desesperados (2007) e Como veias finas na terra (2010). O objetivo da pesquisa pauta-se sobre o percurso de representação das populações angolanas marginalizadas e a centralidade literária dos que foram historicamente situados nas margens. A escritora angolana mencionada explora temas ligados à ancestralidade e à alteridade, sendo sua escrita elemento importante para a construção identitária da nação angolana no contexto pós-independência. Para cumprir as demandas da presente pesquisa, foram utilizados os aparatos teóricos: sobre a memória (Pollak, Leda Martins e a própria Ana Paula Tavares, em sua tese sobre História e Memória); a crítica e as teorias literárias de Alfredo Bosi, Cammarata,

Literatura, Memória e a Construção De Uma Perspectiva Nacional Angolana

Outros Tempos – Pesquisa em Foco - História, 2016

Lembro-me que, por volta de 2008, pude assistir a uma comunicação sobre a relação entre a escrita literária de Pepetela e a história de Angola, proferida por Silvio de Almeida Carvalho Filho, no âmbito dos encontros realizados pelo Núcleo de Estudos Africanos, da Universidade Federal Fluminense. Passados oito anos, com o lançamento do

Identidades imaginadas ou Agualusa vs. Agostinho Neto: a falência do projeto original da identidade nacional angolana

2011

Literature as representation not only imitates the world. It constructs and deconstructs reality through discourses. Therefore it has direct influence in forming national identities. Negritude Angolana is a movement guided by a Pan-African feeling, which has the motto "black people throughout the world, unite". The most important representative of such feeling in Angola is the poet Agostinho Neto, in works like Sagrada Esperança (1963) and the posthumous poem "Renúncia impossível" (1982). In spite of its importantance in struggle for independence in colonial time, the "essentialist/universalist" model of national identity, does not represent the multicultural e hybrid context of independent Angola. Thus it is possible to proclaim the failure of such model. The aim of this paper is to demonstrate that the controversy Agostinho Neto vs José Eduardo Agualusa, started in 2008 and considered a priori a simple literary feud provoked by Agualusa express the failure of the original design of national identity in Angola. As it will be demonstrated, such polemic involves a genuine esthetic-ideological struggle between two models of national identity in Angola: the model proposed by Agostinho Neto, which has failed, and another model, as expressed in Agualusa's literary achievement, especially in the works which are object of this study: Estação das chuvas (1996), Nação crioula (1997), O vendedor de passados (2004) e Barroco tropical (2009).

Um Problema de Identidade Histórica: Os “Jaga” na História de Angola e Congo

1999

Em torno de um problema de identidade os «Jaga» na História do Congo e Angola P a u lo J o r g e d e So u sa P in t o • Introdução 14 Saliente-se, contudo, que a historiografia actual comete alguns erros na apreciação crítica destes autores: J. Miller, por exemplo, coloca abusivamente o Conde de Ficalho no rol dos defensores das teses «camíticas», alegando que considerava os «Jaga» «exemplos de invasores altos, de pele clara e de cultura superior» («Requiem [...]», p. 135); tal não corresponde à realidade, pois, pelo contrário, Ficalho continuou a classificar os «Jaga» como «povo bárbaro» (Ficalho, p. 46). 15 Lebel, p. 241-242. 16 C o r d e ir o , p. 232, nota 14. 17 B r á sio , História e Missiologia, p. 348. 18 Pim en tel, p. 12. '* D elg a d o , p. 2 4 4 . 20 D ia s, O s Portugueses em Angola, p . 5 8 . 21 Felner, p. 9 1 . 22 R a n d le s, p. 1 0 6 e 2 1 5 . 23 Fe r r o n h a , Angola, i, p. 40; cf. o comentário à ed. de divulgação da obra de Lopes--P ig a fe tta , Relação. Lisboa; Alfa 1989 p. 130. (Biblioteca da Exp. Portuguesa; 9). 24 P a r r e ir a , «Primórdios», p . 2 2 0 (m apa) e 2 2 3 ; V . ta m b ém The Kingdom of Angola, p . 4 1 . 25 Luís Filipe B a r r e t o , Descobrimentos e Renascimento. Lisboa. Im p . Nac. Casa da Moeda, 1 9 8 3 . p. 1 0 2. 26 M iller, «Requiem [...]», p . 1 2 2 -1 3 4 .

Identidades Imaginadas ou Agualusa vs Agostinho Neto: a falência do projeto original de identidade nacional angolana

Peço licença para fazer desses agradecimentos um espaço em que eu me mostro sem amarras, sem padronizações, sem formalidades, sem preocupação de estar alerta em não me delongar muito, como num lugar em que se pode estar sozinho meditando sobre o fechamento de um ciclo imenso que é a conclusão desse mestrado, momento em que tudo, no mais absoluto silêncio, se põe a ouvir a espiral do tempo dando mais uma volta, a engrenagem dos dias se encaixando, o mecanismo do mundo dando seu imenso giro. De novo. Quem tem ouvidos para ouvir que ouça o estalar do encaixe nos dentes da catraca dos séculos e das horas. Essas são pessoas por quem serei eternamente grato porque contribuíram imensamente, infinitamente para a realização desse curso, para a escritura deste texto, para a passagem de mais essa fase na minha vida, fase que marca algo que para muitos pode parecer simples, comum, mas que, pra mim, significa ter alcançado um horizonte distante. Sorte minha a lei natural de que o horizonte é sempre mais além.

Angola – território e identidade. Crónicas de Luís Fernando

Revista FAMECOS, 2016

Literary journalism is, by now, a genre with a history for the storytellers of the real. This article analyses the corpus chosen, journalist Luís Fernando's chronicles, originally published by Angolan magazine Vida, seeking the types of approach used to grasp seminal elements in identity formation, the concepts of language and territory, also aiming to locate the elements present in the articles that allow its inclusion in literary journalism. Studies in Angolan journalism are scarce, both due to academic reasons and to motives found in the historical and political situations of the country, which emerged in 2002 from five decades of wars. Critical discourse analysis of texts has allowed glimpsing efforts toward a gradual, cultural reconnection to Angolan territory promoted by these chronicles, aiming at the whole population, after a long period of estrangement caused by its former military appropriation, as well as questioning of some aspects of the Portuguese language.