Só garotos: notas sobre o romance Quarto aberto, de Tobias Carvalho (original) (raw)

"Um buraco na boca": edição crítica do romance experimental de António Aragão

[PT] Este projecto apresenta uma edição crítica do romance "Um buraco na boca", de António Aragão, elaborada a partir dos testemunhos disponíveis na tradição impressa. É feita uma súmula do percurso e obra do autor, com destaque para as suas criações no campo da ficção. Associado a esse trabalho, apresenta-se uma proposta de definição do conceito de romance experimental e respectivo mapeamento das produções que encaixam no modelo proposto. Faz-se ainda um comentário sobre os actuais desafios da Crítica Textual na era digital, tendo em vista o planeamento de uma edição electrónica de "Um buraco na boca". Palavras-chave: Edição crítca, Edição electrónica, Crítca Textual, Literatura Experimental, António Aragão, Século XX [EN] This project introduces a critcal editon of the novel "Um buraco na boca", by António Aragão, an edition drawn upon available witnesses in the printed tradition. The report also covers an overview of author's trajectory and work, with special focus on his creations in the fictional field. Related to this, we suggest a definition of the concept of experimental novel and respective mapping of productions that fits the proposed model. There is also a comment on the actual challenges of Textual Criticism in the digital era, having in mind the planning of an electronic edition of "Um buraco na boca". Keywords: Critical edition, Electronic edition, Textual Criticism, Experimental Literature, António Aragão, 20th Century É possível visualizar e descarregar a edição e correspondente relatório a partir do Arquivo Digital da Literatura Experimental Portuguesa: http://po-ex.net/taxonomia/transtextualidades/metatextualidades-alografas/bruno-ministro-um-buraco-na-boca-edicao-critica-do-romance-experimental-de-antonio-aragao

Um romance desamparado: uma leitura de Nove Noites de Bernardo Carvalho

A presente dissertação visa realizar uma leitura de Nove Noites (2002), de Bernardo Carvalho, a partir da noção de desamparo [Hilflosigkeit], tal como desenvolvida na psicanálise por Sigmund Freud, dessa maneira, a análise ressaltará também as consonâncias entre literatura e psicanálise. Com tal escopo, o caminho analítico se desdobrará nas duas faces que assume o desamparo no romance: individual, caso do segundo narrador, e coletiva, no que toca às tribos indígenas presentes na obra. Nesta última, o trabalho enveredará por uma rápida exposição da história dos povos ameríndios no século XX, ressaltando aqueles momentos pertinentes à análise (investigando, por exemplo, o papel de uma personagem histórica como Rondon, bisavô do narrador). No que tange ao segundo narrador, a leitura percorre a convivência com seu pai na infância e na maturidade, ressaltando como a procura por Quain revela algo de seu confronto com o desamparo. O aspecto psicanalítico mostra-se, dessa forma, transversal na narrativa, expondo o afeto predominante de um momento histórico (o romance mencionará os ataques terroristas que acentuam as incertezas de uma época), internalizado na forma romanesca.

Ouverture Noite de Sao Paulo de Dinora de Carvalho notas para uma edicao

Resumo: O objetivo principal deste artigo é discutir as decisões tomadas na edição da abertura orquestral Ouverture Noite de São Paulo (1936) da compositora Dinorá de Carvalho (1895-1980). No acervo CDMC do CIDDIC/Unicamp, há um conjunto de partituras manuscritas, as quais foram referência para o desenvolvimento da edição. A metodologia de trabalho está pautada na edição crítica, tendo como base os textos de Grier (1996), Cambraia (2005) e Figueiredo (2017). Concluímos que a edição da partitura irá colaborar na difusão acadêmica e artística da obra. Abstract: The main objective of this article is discuss the decisions taken for the edition of the orchestral opening Ouverture Noite de São Paulo (1936) by Dinora de Carvalho (1895-1980). In CDMC collection from CIDDIC/Unicamp, there is a set of handwritten scores, which were reference for the development of the edition. Work methodology is grounded on the critical edition, based on texts by Grier (1996), Cambraia (2005), and Figueiredo (2017). We conclude that the score's edition will collaborate in academic and artistic diffusion of the work.

Notas sobre o Romance Brasileiro de Autoras Negras

2017

Como escritoras negras constituem sua voz autoral no romance? Abordaremos a questao a partir da leitura de Ursula (1859), As mulheres de Tijucopapo (1982) e Um defeito de cor (2006), romances escritos por autoras negras em diferentes momentos da historia. No texto de Maria Firmina dos Reis, a autoria negra se constitui no discurso, nao se apoia em indices de auto-referencialidade da escritora, posto nao haver registros de sua imagem nem maiores detalhes de sua biografia. Na obra de Marilene Felinto, inexiste correspondencia entre o posicionamento da autora frente a escrita literaria negra e a construcao da personagem narradora, cuja trajetoria se pauta na interseccao raca, classe, genero, localidade. Por fim, Ana Maria Goncalves ficcionaliza a propria constituicao de seu lugar autoral ao inventar um manuscrito da historia narrada, investindo na autoria enquanto agenciamento coletivo de enunciacao negra, mesclando sua voz a Luiza Mahin – signo de grande potencia para o feminismo negro.

Crítica às leituras sexonormativas de "Sargento Garcia", de Caio Fernando Abreu

Revista Periódicus, 2023

Este trabalho propõe realizar uma crítica às interpretações mais recorrentes de “Sargento Garcia”, conto integrante do livro Morangos mofados, de Caio Fernando Abreu. Apoiado nas pesquisas de Arenas (1992), Camargo (2010), Ginzburg (2012), entre outros, aponta-se que diversos estudos possuem um olhar sexonormativo focado em aspectos (homo)sexuais da escrita de Caio Fernando Abreu, ofuscando outras possibilidades de leitura. O conceito de sexonormatividade provém de debates da comunidade assexual e é utilizado conforme definição de Oliveira (2015). A partir da (re)leitura do conto e da retomada da crítica alegórica à ditadura civil-militar, destacam-se as incoerências de trabalhos que desconsideram a violência que perpassa o texto em defesa de uma relação homoerótica entre os personagens centrais. A partir do estudo de Peter Fry (1982) sobre a sexualidade masculina, defende-se que há em “Sargento Garcia” uma crítica ao sistema hierárquico que divide “homens” e “bichas”.

Os romances infantojuvenis de António Mota

Nau Literária: Crítica e Teoria de Literaturas, 2013

Neste ensaio, pretende-se estudar os temas e o estilo dos romances para a infância e a juventude de António Mota. Nos livros do autor de Pedro Alecrim, a vida aparece como um permanente e plural desafio, a que cada personagem, a partir da sua individualidade e liberdade, responde na condição de ator que se move num complexo quadro familiar e cultural. A dualidade e a tensão interna das personagens atravessam invariavelmente as narrativas, mas impõe-se sempre uma visão apoteótica da vida. O enunciador, gerindo e respeitando as vozes que dizem a proposição irrefutável de que a vida é difícil e injusta, contrapõe às suas próprias dúvidas e medos uma espécie de utopia: a vida só vale a pena se for a constante invenção de um ideal. A uma desistência ou a um abatimento seguem-se uma reação, um movimento de energia e uma (re)construção. This essay studies the themes and style of António Mota' juvenile novels. In these books, life appears as a permanent and plural challenge, to which every character, using his individuality and freedom, responds like an actor who moves in a familiar and cultural complex context. The duality and the characters' inner tension go through the narratives but there is always a optimistic vision of life. The narrator, managing and respecting the voices that say the irrefutable proposition that life is hard and unfair, opposes to his own doubts and fears a kind of utopia: life is only worthwhile if it is the constant invention of an ideal. Desistance and low spirits are followed by a reaction, a movement of energy and a (re)construction.

Juventude e Intersexualidade: em foco o livro "Menino de Ouro

TEXTURA - ULBRA, 2017

A partir da obra Menino de Ouro, de Abigail Tarttelin, se objetiva investigar os significados que são (re)produzidos sobre intersexualidade no livro juvenil e analisar como as diferentes instâncias representadas produzem a personagem Max Walker. Procura-se estabelecer nexos com algumas proposições de Foucault, bem como com algumas questões postas pelos Estudos Culturais e Queer nas suas vertentes pós-estruturalistas. O saber médico e a família se preocupam em trazer Max para o centro da norma, evidenciando a busca da linearidade sexo-gênero-sexualidade. Percebe-se que os corpos intersexuais borram fronteiras e colocam à prova os binarismos socialmente legitimados.