Uma perspectiva geracional sobre as ditaduras latinoamericanas: debate com a pesquisadora Vera Lúcia Follain de Figueiredo (original) (raw)

RESEÑA Reis, Daniel Aarão; Silveira, Diego Omar da; Leite, Isabel Cristina; Martins, Janaíana Cordeiro, organizadores, À sombra das ditaduras: Brasil e América Latina. Rio de Janeiro: Mauad, 2014, 232 p. ISBN13: 9788574786131

RESEÑA Reis, Daniel Aarão; Silveira, Diego Omar da; Leite, Isabel Cristina; Martins, Janaíana Cordeiro, organizadores, À sombra das ditaduras: Brasil e América Latina. Rio de Janeiro: Mauad, 2014, 232 p. ISBN13: 9788574786131

LIMA, F. L. T. ; FERNANDES, L. E. O. . Pelos olhos de uma criança: as ditaduras militares latino-americanas no cinema contemporâneo. Anos 90 (UFRGS. Impresso), v. 20, p. 411-439, 2013.

Resumo: Neste artigo, refl etimos sobre como alguns cineastas têm retratado o passado recente das ditaduras militares em seus fi lmes. Abordaremos o tema a partir de um recorte bastante comum adotado por alguns fi lmes: a estratégia discursiva de montar fi lmes a partir do olhar de protagonistas crianças. Para isso discutiremos o debate entre história e cinema e analisaremos os fi lmes: Kamchatka (Marcelo Piñeyro, Argentina, 2002), Machuca (Andrés Wood, Chile, 2004) e O ano em que meus pais saíram de férias (Cao Hamburguer, Brasil, 2006). Verifi caremos como, ao lidar com "passados doloridos", com um objeto ainda quente, o olhar infantil enreda a narrativa em uma aura de inocência perdida e de fi m de ilusões infantis por meio de uma experiência traumática. E o trauma pessoal passa a ser a metonímia (muitas vezes autobiográfi ca) daquilo que é visto como um trauma coletivo. Palavras-Chave: Ditadura. América Latina. Memória. Cinema. Infância. * Pesquisadora da área de História da América, desenvolve trabalhos acerca das relações entre a história e o cinema latino-americano sobre o período da ditadura militar da América do Sul no século XX, tendo como um dos objetivos específi cos estudar a representação do regime da ditadura chilena (1973)(1974)(1975)(1976)(1977)(1978)(1979)(1980)(1981)(1982)(1983)(1984)(1985)(1986)(1987)(1988)(1989)(1990), através dos fi lmes Machuca (2004) e Tony Manero (2008) e investigar as relações que esses fi lmes estabelecem com o trabalho de memória e luto no país.

Extensão universitária em Relações Internacionais: ditadura e transição à democracia na América do Sul

Mural Internacional, 2016

Este artigo traz o relato e a discussão de uma iniciativa de extensão universitária e educação popular promovida no âmbito do curso de Relações Internacionais da Universidade Federal de Santa Catarina. Trata-se de analisar a implementação e os resultados do projeto de extensão “Pedro e o Capitão”, que levou a discussão sobre ditaduras militares e transição à democracia na América do Sul para escolas públicas de ensino médio da grande Florianópolis. A arte foi o método escolhido para dialogar sobre direitos humanos com os jovens, sendo a encenação da peça teatral “Pedro y el Capitán”, de Mario Benedetti, a principal base para a interação. Após análise de conteúdo dos debates com as turmas, conclui-se que o diálogo social sobre o período ditatorial ainda é escasso, o que alimenta a desinformação e opiniões pré-concebidas sobre práticas de violência de Estado.

Alumbrar-se: realismo mágico e resistência às ditaduras na América Latina

ANAMORPHOSIS - Revista Internacional de Direito e Literatura, 2017

Trata-se de estudo que articula o gênero literário realismo fantástico e o movimento de resistência às ditaduras militares na América Latina durante o século XX. Examina a definição do gênero literário fantástico a partir de T. Todorov. Investiga as razões do recurso ao fantástico após o desenvolvimento de uma literatura realista. Analisa duas obras representativas do realismo fantástico latino-americano: “Incidente em Antares”, do escritor brasileiro Érico Veríssimo, e “A Casa dos Espíritos”, da escritora chilena Isabel Allende. Conclui que o realismo fantástico colaborou com a resistência às ditaduras militares na América Latina e cumprem a função de construir e preservar a memória coletiva desse período histórico.

Gerações e democracia no Brasil e na Argentina: ter vivido durante a ditadura importa?

41º Encontro Anual da Anpocs, 2017, 2017

Este estudo verifica as percepções a respeito da democracia entre gerações que vivenciaram o período das ditaduras militares do Brasil e da Argentina e aqueles que nasceram em anos posteriores à redemocratização nos países. Neste panorama, ganham relevo como pano de fundo os diferentes tipos de transição à democracia ocorridos no Brasil e na Argentina: enquanto o primeiro se deu por amplo controle dos militares, o segundo ocorreu por ruptura. A análise foi feita com base nos dados do Latinobarômetro do ano de 2015. Verificou-se como grupos com idades de 16-25 anos; de 26-40; de 41-60 e de 60 anos em diante se relacionam com as seguintes questões: apoio à democracia, concordância com a afirmação de que a democracia é a melhor forma de governo, senso de eficácia política subjetiva, confiança nas Forças Armadas, nos partidos e no Estado. Além disso, adotou-se um modelo de regressão múltipla comparando os impactos da questão geracional com aqueles encontrados a partir das variáveis de sexo, escolaridade e classe social nos dois países examinados. Os resultados indicam que ter vivido sob a ditadura parece importar mais quando falamos do apoio difuso à democracia, especialmente quando contraposta à ditadura. Quando tratamos principalmente da confiança institucional nos partidos e no Estado, não há uma tendência clara de aumento ou diminuição com o aumento da faixa etária.

As ditaduras no mundo ibero-americano: projetos de organização nacional e estratégias de legitimação

HISTÓRIA UNICAP

As ditaduras no mundo ibero-americano: projetos de organização nacional e estratégias de legitimação" Os princípios da democracia representativa são, nos dias de hoje, amplamente aceitos. Embora algumas de suas modalidades e procedimentos sejam objetos de discussão, há um consenso quanto ao sufrágio universal e ao respeito aos direitos humanos serem as principais fontes de legitimidade dos sistemas políticos, a tal ponto que mesmo os regimes autoritários não ousaram rejeitá-los abertamente. Estes, via de regra, preferiram manipulá-los, destacaram o caráter provisório de sua interrupção sem deixar de insistir no fato de que a verdadeira intenção era "aprofundar", "consolidar" ou "salvar" a democracia. Desde as independências, no início do século XIX, a América Latina conheceu raros momentos de estabilidade democrática: pronunciamentos, caudilhos, ditaduras personalistas e patrimonialistas, ingerência das Forças Armadas na política, violência, em suma, a instabilidade política marcou a história do continente até pouco tempo e, em certa medida, ainda marca. A partir de meados dos anos 1980, as distintas ditaduras militares, instauradas a partir dos anos 1960, deram lugar a frágeis democracias-alguns diriam "semidemocracias"-saídas de processos de transição bastante heterogêneos. O fato é que após o que Samuel Huntington chamou de "terceira onda de democratização" do final do século XX, muitos foram aqueles que acreditaram no "fim da história": a democracia liberal triunfara e o desafio era doravante consolidá-la e aperfeiçoá-la. Para alguns historiadores nascidos no início dos anos 1980 que optaram por estudar as ditaduras militares da segunda metade do século XX, como a geração dos organizadores deste número temático, que cresceram sob um regime democrático, havia algo que não "encaixava": como era possível que aquelas ditaduras, que a posteriori todos rejeitaram, ditaduras que perseguiram, torturaram e exterminaram seus opositores, puderam durar 15, 20, 25 anos ou mais? Como entender as marchas da família ou as comemorações no momento em que os governos