Infâncias matáveis no Brasil Amefricano: reflexões sobre a ideologia do branqueamento e a morte de crianças negras no Brasil (original) (raw)

2023, Revista Subjetividades

A partir da expansão diária do número de mortes de crianças, principalmente daquelas não brancas no território nacional, este artigo tem como objetivo tensionar a construção dos lugares sociais em que certas infâncias perdem o direito à vida e ao futuro. Resgatando o uso da categoria amefricanidade e o conceito de neurose cultural brasileira, de Lélia González, em conjunto das elaborações sobre as infâncias matáveis, de Ilana Katz, propomos uma reflexão teórica sobre a contradição presente entre a suposta democracia racial no Brasil e a sua necropolítica vigente. Propomo-nos, com isso, a demonstrar o processo de negação da amefricanidade brasileira, assim como a negação da tentativa de apagamento do próprio futuro negro, expressos na violência contra as crianças negras. Situação essa que explicita não um desvio à lei ou desfiguração do Estado, mas, como averiguado, sua característica estrutural e sua função na manutenção de certa lógica nacional. Tentamos, então, à guisa de conclusão, demonstrar, a partir de nosso desenvolvimento, que a morte de crianças não brancas opera como a perpetuação de uma lógica de Estado baseada na ideologia do branqueamento e como recusa de um futuro que não seja baseado nas ideias da supremacia branca no poder, tornando certas infâncias matáveis no Brasil amefricano.