Usina Santana (1906-2023): do pioneirismo econômico às ruínas do abandono (original) (raw)
O artigo discorre sobre a arquitetura e ocupação urbana produzida pela fábrica de álcool e açúcar, Usina Santana, localizada na zona rural da capital do Piauí, nordeste brasileiro, fundada na primeira década do século XX. Detém‑se, também, na trajetória da empresa que modificou a paisagem e a configuração urbana de Teresina ao promover a atração de centenas de trabalhadores para a zona rural da cidade. A Usina Santana foi responsável por diversificar a economia piauiense antes marcada pela pecuária extensiva, indústria de extrativismo vegetal e laticínios. Teresina, capital planejada e fundada em 1852, possuía caráter institucional e foi ocupada inicialmente por servidores públicos e pequenas indústrias, apresentando edifícios de pequeno porte e feições neoclássicas (TEIXEIRA; CORREIA, 2018). A nova capital do Piauí, fundada estrategicamente às margens dos rios Parnaíba e Poty, demonstra a demanda comercial e política do seu planejamento. E, apesar do discurso historiográfico tratar a cidade como exemplo de atraso, ao levantarmos sobre as iniciativas da indústria, Teresina se demonstra inserida na trama capitalista brasileira (TEIXEIRA, 2019). Diante da atual realidade, um processo de descarte da materialidade, os levantamentos arquitetônicos e documentais foram norteados pela da Carta de Nizhny Tagil sobre o Patrimônio Industrial (2003) e o trabalho aqui proposto leva em consideração a diversidade e vulnerabilidade do patrimônio industrial discutidos pelos Princípios de Dublin (2011). O abandono ou completo descaso com os exemplares que testemunham a industrialização em Teresina demonstram a necessidade da documentação desses bens como uma forma de preservação, tendo a Usina Santana, como um importante exemplar da indústria açucareira e da economia canavieira tão tradicional do nordeste brasileiro.