Considerações sobre o erótico na prosa de Álvares de Azevedo (original) (raw)

Algumas considerações sobre a temática erótica nas elegias de Tibulo

Caliope Presenca Classica, 2007

Passa em seguida a aconselhar àqueles que porventura desejem aprender o verdadeiro latim clássico: Legant ideo ipsius artis grammatices latinos auctores, audiant latinos poetas, euoluant quoque ipsorum oratorum et in primis Ciceronis Latinae linguae parentis, historiographorumque latina uolumina. (St. Eq.,fl A iij) Leiam, portanto, os autores latinos de gramáticas, ouçam os poetas latinos, manuseiem, também, os volumes dos mesmos oradores latinos e, sobretudo, os de Cícero-pai da língua latina-e os dos seus historiadores. E conclui sua diatribe com a recomendação taxativa: Quod profecto si facient, taedebit eos sui barbari ridiculique Pastranae, illum manibus abigent pedibusque explodent, eo quo tam prolixo tempore eos fefellit atque in errorum foueam incidere fecit. (St. Eq., fl. A iij vº e A iiij) E se verdadeiramente o fi zerem, enfadar-se-ão do seu bárbaro e risível Pastrana; empurra-lo-ão com as mãos e o enxotarão, por isso que os enganou durante tanto tempo e os fez cair na fossa dos seus erros.

Notas para uma reinterpretação crítica da erótica weberiana

Arquivos do CMD, 2020

o famoso ensaio Consideração Intermediária guarda uma interessante reflexão sobre a esfera erótica, em especial, sobre o papel redentor desta esfera em um mundo secularizado; ainda que muito lido, poucos foram os esforços empreendidos para trazer à luz os elementos contextuais e intelectuais que enformaram essa reflexão. Este trabalho pretende explorar a ideia de salvação intramundana desenvolvida por Max Weber (1864-1920) em sua esfera erótica, apresentando o seu contexto social de emergência e contrapondo o diagnóstico de tempopresente nesse escritoao desenvolvimento do amor como problema sociológico. Intenta-se, com isso, resgatar os elementos desta reflexão que permanecem válidos para a compreensão do destino social do amor no século XXI, dialogando com algumas teorias sociológicas que pretendem explicar o papel do amor nos tempos do capitalismo.

A Concepção De Erótica Na Obra “O Tempo e O Outro”, De Levinas

Problemata, 2012

Propomonos a apresentar a reflexão levinasiana sobre a erótica na obra "O Tempo e o Outro". Tratase de expor as categorias utilizadas por Levinas para apresentar a erótica como um âmbito possível de se fazer a experiência da relação original com o outro, respeitando a sua alteridade. Ele sugere a relação erótica como situação capaz de exibir "a pureza da alteridade do outro", uma ideia de alteridade que não é a simples inversão da identidade. A sua intenção é defender uma concepção de alteridade como um modo próprio de ser do outro. Ele apresenta a categoria do feminino como um termo que "retém absolutamente sua outredade". Aqui se preocupa em expor sua compreensão de "diferença sexual", distinguindoa da "divisão lógica em gêneros e espécies", da "contradição", e da "dualidade". Propõe a carícia como um modo de contato que se concretiza para além dele mesmo, da objetividade e se abre para o inacessível porvir. Finalmente, explicita o conceito de fecundidade, mostrando como é que no erótico "pode o eu converterse em diferente de si mesmo", o que se torna possível mediante a paternidade.

Especular a alteridade do texto: Valêncio Xavier e a contraparte erótica da literatura

Herick Martins Schaiblich, 2018

Realocar o movimento da alteridade no campo das forças que atuam na e emanam da experiência com o literário talvez seja o fio condutor a percorrer, às vezes apenas margeando, mas às vezes como tópico em questão, toda a especulação construída nesta monografia. A começar, instalando como ponto cardeal de leitura a singela novela O mistério da prostituta japonesa & Mimi-Nashi-Oichi, de Valêncio Xavier, texto a partir do qual se optou por desenvolver o potencial erótico experimentado no contato com a alteridade japonesa no conjunto dessa esfera de ocidente chamada Brasil. Em seguida, partindo para uma ponderação propriamente teórica, que joga com a história moderna da relação entre o Japão e o Ocidente e a crítica pós-colonial, o texto se debruça no desenvolvimento de um enfrentamento que tem por eixos as perspectivas teóricas do intelectual palestino Edward Wadie Said e do antropólogo brasileiro Eduardo Viveiros de Castro; das tensões produzidas nesse enfrentamento, surge um palco para pensar: 1) de que modo a configuração conferida à relação com o Outro, no problemático texto do Ocidente, pode ser lugar estratégico para fazer proliferar experiências com outras imaginações, 2) a reabertura da própria potencialidade do fictício, inoculada no texto literário, como um modo de devolver o corpo à realidade como alteridade.

Oscilações do “espontâneo” na poesia de Álvares de Azevedo

The concept of spontaneity is problematical to all romantic poetry, which searches for poetic sincerity but has to deal with the artificiality involved in all writing. The present short essay observes the oscillations between rhetorical exaggerated verses and other ones closer to a natural language in one of Álvares de Azevedo’s poems.

Epigramas Eróticos (Livro V)

2018

Resumo O quinto livro da Antologia Grega contempla 310 epigramas unidos pelo conteúdo erótico que os anima. Entendido o adjetivo "erótico" em sentido literal ("inspirado por ou relativo a Eros"), inclui desde composições de tema ou intenção sexual, com linguagem obscena mais ou menos disfarçada, a outras onde se pode ler a mais ou menos violenta explosão do sentimento amoroso, um pouco à maneira que viria a ser também a dos trovadores medievais. Salvo um menor grupo de epigramas que recorrem a paralelos da mitologia grega, os poemas versam sobre os sintomas e queixumes mais correntes e atemporais do ser enamorado, sobre os sentimentos tantas vezes contraditórios inspirados por esse Eros que lapidarmente Posidipo define como agridoce (núm. 134).

O que há de erótico no desenho ou, a quase-transcendentalidade do traço

Comunicação apresentada no XIX Encontro de Pesquisa em Filosofia Da UFMG: Filosofia e Corpo, em Novembro de 2023. No livro Memórias de Cego, Jacques Derrida explora a impossibilidade de uma vinculação direta entre a visão e o desenho. O autor afirma fazer parte, pois, de uma tradição que, com Baudelaire, liga o desenho e o ato de desenhar à memória. Sendo o presente dos olhos inacessível, a origem do desenho aponta, portanto, para a falta, para um contínuo e impossível exercício de restituição. Por oposição a esta falta, o traçamento sempre carrega consigo este desejo. A partir destas considerações presentes na obra de Derrida, pretendo explorar a dimensão erótica, da falta e do desejo, que reside no traço (trait), na origem do desenho e também da escrita. Para comentar a origem do desenho, me concentrarei no trecho de Memórias referente à “Dibutade ou A origem do desenho”. Já para abordar a origem da escrita, recorrerei à obra Eros, o doce-amargo de Anne Carson, que trata deste tema sobretudo na poesia lírica e no Fedro de Platão. Relacionando as duas obras, pretendo investigar em que medida o tema da falta e do desejo aponta para nossa experiência da temporalidade e que permite, por sua vez, pensarmos na promessa derridiana de uma quase-transcendentalidade do traço que é anterior, desse modo, tanto ao desenho como à escrita.

O Erotismo No Osso Da Linguagem: Leitura Semiótica Do Poema as Frutas De Pernambuco, De João Cabral De Melo Neto

2017

Joao Cabral de Melo Neto e reconhecidamente o poeta engenheiro (SECCHIN, 1999), o mais cerebral dos artistas brasileiros (BOSI, 1987). Mas como o poeta do racionalismo pleno arquiteta o imaginario erotico nos limites objetivistas tipicamente marcados em sua escrita? Com o intuito de respondermos parcialmente a questao, analisamos o poema As frutas de Pernambuco, presentes na obra Antologia Poetica (1969). Como respaldo teorico e metodologico, utilizamos os instrumentais da semiotica de linha francesa, mais especificamente os temas e figuras dispostos no nivel superficial, de maior concretude e superficialidade textual junto dos elementos da expressao do poema, a fim de notar o erotismo na aspereza linguistica singular do poeta. Por fim, a leitura semiotica do erotismo cabralino alinhou o encaminhamento isotopico do poema, atentando para a ordenacao da aparicao e sequencia do envolvimento sensual do eu-lirico extasiado pela femea fruta.