O feminicídio como material: explorando a narrativa dramatúrgica (original) (raw)
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Narrativas do feminicídio na Amazônia
Revista Estudos Feministas
Resumo: Este artigo analisa narrativas jornalísticas do feminicídio na Amazônia a partir do aporte conceitual proveniente dos estudos de gênero. O ponto de partida da pesquisa foi a coleta de notícias em jornais dos estados pertencentes à Região Amazônica que apresentassem em seu texto as palavras ‘feminicídio’, ‘assassinada’ e ‘morta’, e que essa inserção tivesse relação direta com os crimes, seus desdobramentos, investigação, julgamento e condenação. O estudo apontou que as narrativas jornalísticas podem colonizar simbolicamente as mulheres, a partir do momento em que constroem uma versão da realidade social ancorada na desigualdade entre os gêneros instalada no país. Na construção das narrativas, emergiram julgamentos e silenciamentos que afetam diretamente as mulheres e que destoam da amplitude dos discursos em prol da igualdade de gênero presentes na sociedade, e que, de forma eficaz, mascaram as assimetrias no contexto da Amazônia.
O femicídio na ficção de autoria feminina Brasileira
Revista Estudos Feministas, 2014
Este artigo apresenta um estudo sobre as representações da violência de gênero, com ênfase no femicídio - homicídio de mulheres -, nas narrativas contemporâneas brasileiras. Analisa-se como a violência de gênero e o femicídio são construídos em "A língua do p (1974)", de Clarice Lispector, e "Venha ver o pôr do sol" (1970), de Lygia Fagundes Telles. Essas narrativas descrevem as sutilezas da violência simbólica, a agressividade da violação sexual e a brutalidade do assassinato premeditado, respectivamente. Metodologicamente, parte-se das diferentes abordagens das ciências sociais e das teorias feministas acerca da "Lei Maria da Penha" e da violência de gênero, propostas por Constância Lima Duarte, Lia Zanotta Machado e Rita Laura Segato.
A narrativa do feminicídio em "Reze pelas mulheres roubadas", de Jennifer Clement
Este trabalho tem por objetivo propor uma reflexão sobre a representação da violência contra a mulher, principalmente o feminicídio, na literatura contemporânea. Com base nos estudos de gênero, pretende-se problematizar o impacto da violência na construção das personagens femininas no romance Reze pelas mulheres roubadas (2015), da escritora mexicana-americana Jennifer Clement. Os conceitos utilizados serão os de gênero, feminicídio e violência, com base nos trabalhos de Rita Segato, Judith Butler, Diana Russel, entre outras.
Feminicídio: uma leitura a partir da perspectiva feminista
ex aequo - Revista da Associação Portuguesa de Estudos sobre as Mulheres, 2016
Resumo Com este trabalho, pretendo formular um olhar sobre o fenômeno do feminicídio a partir das categorias de análise da diferença e hierarquia, entendidas no âmbito dos estudos feministas, tendo como motivação inicial o debate jurídico sobre a pertinência de legislação específica e sua efetividade na reversão das condições que motivam a violência contra as mulheres.
Anais do 19º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo, 2021
O objetivo do texto é analisar a tessitura do nexo entre a pandemia de Covid-19 e os casos de feminicídio em narrativas jornalísticas, a partir de levantamento da cobertura desses crimes pelo portal G1 Pará, entre março de 2020 e julho de 2021. Nosso percurso argumentativo se inicia pela síntese dos índices de feminicídio durante a pandemia da Covid-19. Em seguida, abordamos esses crimes como formas extremas de violências de gênero. O exame da cobertura jornalística jogará luz sobre pelo menos dois pontos: o modo como as matérias abordam o feminicídio enquanto destino trágico de suas vítimas; e a exploração das cenas desses crimes e da relação entre os impactos da pandemia e o aumento dos casos de violência contra a mulher.
Uma perspectiva antropológica do feminicídio nos contos de Marina Colasanti
Revista Ártemis, 2019
Este artigo apresenta um estudo acerca das regulações do feminicídio nos contos de Marina Colasanti: “Uma questão de educação”, da coletânea Contos de amor rasgados (1986), e “Uma ardente história de amor” e “Porém e igualmente”, da obra Um espinho de marfim e outras histórias (1999). De acordo com os estudos antropológicos de Vânia Pasinato (2011) e Lia Zanotta Machado (2014), exploramos os sentidos desse crime como uma prática de controle moral e físico da mulher e está atrelado à questão da honra masculina. Entre os corpos femininos que sofrem essa violência, destacamos o assediado e o sacrificado como as imposições do repertório patriarcal conforme as teorias de Elódia Xavier (2007). Por essa perspectiva, defendemos a tese de que a estética da desregulação de gênero, em Colasanti, é construída por recursos literários que promovem a revisão do imaginário masculino e abrem espaço para o questionamento das formas sociais de controle e punição do corpo feminino.
Memórias da Morte, projetos de vida: investigando feminicídios sob a ótica decolonial
Revista Escripturas, v. 4, n. 2, p. 226-249, 2020
Resumo: Feminicídios cruentos se exacerbaram na etapa neoliberal do capitalismo na América Latina, refletindo estruturas econômicas, políticas, raciais e de gênero nesta região. O presente artigo tem por objetivo evidenciar a impessoalidade violenta dos crimes de feminicídio propondo abordagens teóricas e metodológicas para compreensão e análise deste fenômeno. Tendo como principais referências teóricas feministas decoloniais e marxistas, entende-se por feminicídio o assassinato de mulheres, mulheres trans e travestis por razões de gênero e explora-se este fenômeno propondo o modelo de um continnum histórico de violências letais contra o gênero feminino relacionado às estruturas da modernidade/colonialidade. Por fim, lançam-se alternativas para o estudo e o combate do feminicídio neste território, propondo a técnica de diários solicitados para produção de dados em pesquisas deste tema nas Ciências Humanas e Sociais.
A Violência Estrutural Dos Feminicídios Na Literatura Latino-Americana
Revista Fórum Identidades, 2021
Este estudo apresenta reflexões sobre a impunidade estrutural que atravessa as representações de feminicídio nas narrativas de Marina Colasanti, Arminé Arjona e Selva Amada, que contextualizam esse crime em sistemas patriarcais do Brasil, México e Argentina, respectivamente. Este recorte analisará como os códigos machistas relativizam a impunidade de criminosos ao mesmo tempo em que promovem a culpabilização e a desqualificação da vítima. Neste estudo, exploramos as representações literárias como arquivos sociais, levando em conta os conceitos de violência estrutural e as abordagens feministas de Rita Laura Segato (2013), Julia Fragoso (2010) e Lia Zanotta Machado (2010). Metodologicamente, a violência está sendo vista como um código machista de punição e controle do corpo da mulher. Palavras-chave: Violência contra a mulher. Literatura comparada. Códigos misóginos.