O provérbio nas estórias de Guimarães Rosa e Mia Couto (original) (raw)

Travessias: romance e experiência em Mia Couto e Guimarães Rosa

Via Atlântica, 2015

A aproximação entre a escrita do consagrado autor moçambicano Mia Couto (1955- ) e a do brasileiro Guimarães Rosa (1908-1967), já mereceu a consideração de numerosos estudos críticos. O presente artigo volta-se para a produção romanesca de ambos, procurando evidenciar uma outra questão, em geral relegada pela crítica que aborda a interação entre eles: a figura do mediador. Objetiva-se averiguar de que forma a inserção de uma figura mediadora no plano literário, localizada entre as culturas tradicionais rurais e as culturas letradas urbanas, tenta colmatar problemas da tradução linguística, da verossimilhança ficcional no contexto dessas obras e, ainda assim, perspectiva uma espécie de alter-ego narrativo.

Mia Couto, o contador de estórias ou a travessia da interpretação da tradição

2009

Mia Couto: the storyteller or a cross-cultural interpretation of tradition. This study presents a critical reading of the literary production by the Mozambican author Mia Couto, as well as an analysis of the critical reception his work has received, both in Europe and Africa. A critical and situated reflection on the principles underlying the reception of his works enabled this research to draw relevant conclusions on literary theory, while questioning the practices of postcolonial criticism. In other words, this dissertation offers a critical reading of a heterogeneous and meaningful "corpus" selected from the whole of Mia Couto's works, suggesting new interpretative guidelines and conceptual frames to approach this "oeuvre", while questioning the practices of postcolonial criticism. In this way, the working perspective in this research moves away from established receptions of Mia Couto, offering alternative readings, as useful as necessary, to comprehend the simultaneous representation and problematization of the social and political dimensions in the literary production by this author. viii ÍNDICE INTRODUÇÃO 1 Capítulo 1. UMA REFLEXÃO EM TORNO DA LÍNGUA DE MIA COUTO. PORTUGUÊS E LITERACIA: LÍNGUA LITERÁRIA E LÍNGUA DAS NAÇÕES 9 1.1 Um iter crítico: libertar o campo de aproximações terminológicas e conceptuais 9 1.1.1 Categorias ideológicas e Recepção ambígua 17 1.2 Hipóteses interpretativas 43 1.3 Uma leitura de "Escrevências desinventosas" 54 1.4 Português / Moçambique: "ignorância" e "miscigenação" de uma língua através dos "atalhos da savana" 78 ix Capítulo 2. FISIONOMIAS LITERÁRIAS E PROBLEMÁTICAS INTERPRETATIVAS. O POÉTICO NA NARRATIVA COUTIANA 89 2.1 Situar o conceito de poético para uma abordagem crítica da escrita de Mia Couto 89 2.2 Uma leitura de O último voo do flamingo 100 2.2.1 Oralidade, Voz e Escrita: genólogias textuais e metafísicas da significação 109 2.2.2 Contaminações, intersecções e interferências orais: intertextos, interdiscursividades e polifonias 117 2.2.3 Voz [e] Escrita 125 x Capítulo 3. LUGAR[ES] PÓS-COLONIAL[IS]: FORMULAÇÕES TEÓRICAS E PRÁTICAS LITERÁRIAS 161 3.1 Introdução 161 3.2 Iter crítico. Reflectindo em torno do binómio: literaturas "africanas" de língua portuguesa e estudos pós-coloniais 167 3.3 Obra em análise. O outro pé da sereia: uma narrativa da pós-colonialidade 175 3.3.1 Primeira Viagem. As estórias que [não] fazem a História 183 3.

Antes e depois das primeiras estórias: Guimarães Rosa e a tradição regionalista

Revista Di@logus, 2015

Resumo: Este trabalho procura analisar como a obra de João Guimarães Rosa se relaciona com a tradição literária do Regionalismo e fratura os discursos críticos consolidados ao longo do tempo a respeito dos pressupostos estéticos que seriam característicos daquela vertente. Para tanto, são examinados dois momentos distintos da literatura do autor: de um lado, seus quatro contos iniciais, originalmente publicados entre 1929 e 1930; de outro, “Pé-duro, chapéu-de-couro”, texto de 1952 largamente ignorado pela crítica literária, mas relevante para a compreensão do universo ficcional gestado pelo autor. Contrariamente às perspectivas críticas historicamente dominantes, busca-se demonstrar como a ficção de Guimarães Rosa encontra seu ápice quando se volta para o espaço regional, dele retira sua matéria e nele situa suas tramas. Abstract: This essay analyses how João Guimarães Rosa’s creative writing is related to Regionalism’s literary tradition and how it fractures the critical reasoning, consolidated over time, concerning the aesthetical characteristics usually associated with Regionalism. For such, two different moments of Rosa’s prose are examined: on the one hand, his first four short stories, originally published between 1929 and 1930; on the other hand, the text from 1952 entitled “Pé-duro, chapéu-de-couro”, which is largely ignored by literary criticism despite its relevance to the comprehension of the fictional universe conceived by the Brazilian author. In opposition to the historically dominant critical perspectives, this paper intends to point out how Rosa’s fiction accomplishes its best when it turns to the regional space, obtains its matter from the region and there situates its plots.

As Primeiras estórias e as Outras estórias: de Guimarães Rosa a Pedro Bial

Scripta, 2002

O longa metragem Outras estórias, de Pedro Bial, é uma leituramontagem de cinco dos contos de Primeiras estórias que o escritor mineiro publicou em 1962; todavia, não se trata de transposição de uma obra literária para o cinema, mas, antes, de uma concepção dela enquanto possibilidade cinematográfica. À maneira de Rosa, Bial pesquisa um "dialeto" cinematográfico, uma sintaxe que se corporifica num compósito que inclui cinema, teatro e literatura, onde ficam mobilizados a oralidade e a escrita, a imagem visual e a metáfora, os planos e a montagem, os recortes e os movimentos, os sons, as imagens e os sentidos.

Literatura, sertão e linguagem: o famigerado estilo experimental de Guimarães Rosa em Primeiras estórias

Terra Roxa e Outras Terras: Revista de Estudos Literários, 2020

This paper aims to analyse the writing and aesthecs of Guimaraes Rosa within the tale “Famigerado”, which constitutes the corpus os this work. With such objective being set, the present essay analyses the language chosen by the author and its implications to the narrative and the relations it establishes with Brazilian hinterland, the ambiance where the story takes place. In order to achieve these purposes, we used the theoretical elaborations of those critics known to study the Brazilian literature historiography, Bosi (1985) and Coutinho (2004), such studies enable the understating of chainned national events. Also, Gotlib (1998) and Castro (1993) support the narrative structure analysis in a general way and Guimaraes Rosa’s as well. The foundation of a space in literature undertaken by the imaginary is supported by the works of Bachelard (2008) and Brandao (2013). Finally, we used Vanoye (1987) and Holanda as the means to understand the language experience.

Guimarães Rosa e a Nomadologia: três tempos de uma história

2013

Utilizando do conceito de “maquina de guerra nomade”, de Gilles Deleuze e Felix Guattari, analisar de forma sintetica, a partir dos movimentos autoctones narrados no “Grande Serao: Veredas”, de Guimaraes Rosa, as forcas exteriores, aquem ou alem do Estado, inserido dentro dele ou nao, que lutaram consciente ou inconscientemente pela soberania nacional, atraves de passagens no Imperio, na Republica pre-64 e no Brasil dos dias atuais. Colocar o romance de GR como sintese das forcas politicas que atuavam no pais antes do golpe, mostrando suas raizes no Imperio e que se desenvolveram ate a nossa decada.

A Tradição Oral No Romance Terra Sonâmbula, De Mia Couto

Revista Diálogos

Resumo: O presente trabalho pretende analisar a tradição oral no romance Terra Sonâmbula, de Mia Couto. A tradição oral se apresenta no romance como método fundamental para adentrar a herança de conhecimento de toda uma sociedade, pacientemente transmitida de boca 1 Graduada em Letrashabilitação em Língua Portuguesa e suas Literaturas (UPE). Desde a graduação, vem desenvolvendo estudos voltados para a obra do escritor moçambicano Mia Couto, em especial atenção as seguintes temáticas: construção de identidade(s), Literatura e Memória, Literatura e Sociedade, Tradição oral e as interfaces entre Brasil e África. Participou, no ano de 2016, do grupo de estudo "DISCENS",

Guimarães Rosa e uma visão sobre a oralidade

Boitatá

O presente artigo busca fazer uma leitura do conto “Desenredo” de João Guimarães Rosa, onde se verifica que, embora se trate de um texto escrito, há a presença de um narrador oral. Ou seja, o texto se mostra rico em marcas da oralidade, dispersas no discurso do narrador, constituindo-se, desta forma, uma espécie de texto para ser ouvido em vez de lido. Esta marca se acentua quando se percebe que há, no conto, a presença de um narratário que é designado como os “ouvintes”. Procuramos mostrar que esse texto contrapõe duas culturas, a oral e a cultura do mundo letrado. Entretanto, o homem pertencente ao universo iletrado não é visto de forma exotizada como fizeram grande parte dos escritores que se dedicaram à literatura regionalista. Ao contrário, Guimarães Rosa busca valorizar o homem com seus sentimentos, dúvidas, desejos, não importando a que universo ele possa pertencer.