Questões de mentalidade na literatura portuguesa contemporânea (original) (raw)

Alguns aspectos dos bons e justos diabinhos da literatura popular portuguesa

A pesquisa em literatura portuguesa, 2020

O fato é que, mesmo nessa época de intenso terror espiritual, “coexistiram duas representações diferentes de Satã: uma popular, a outra elitista, sendo esta a mais trágica” (DELUMEAU, 2009, p. 369). A representação “elitista” do diabo está fundamentada nos pressupostos até aqui apresentados, ou seja, baseava-se na figura de um cruel tentador e perseguidor dos homens, causador de tragédias, pestes, catástrofes e destruições em massa. Esse diabo impetuoso levaria consigo ao inferno todos aqueles que estivessem fracos na fé e cedessem às suas artimanhas. No contexto popular, o diabo “não é designado por um nome bíblico” e “a cor negra (característica de Satã) não lhe é atribuída”; eles geralmente são verdes, azuis ou amarelos, “o que parece ligá-los a divindades muito antigas”, típicas das florestas (DELUMEAU, 2009, p. 369). Para o historiador, as referências encontradas no arquétipo do diabo popular (pequeno, deformado, passível de ser adulado, benfazejo, familiar e humano) o colocam no mesmo patamar de entidades típicas dos contos campestres, como os duendes.

Atuais «vanguardas» literárias em língua portuguesa

100 Futurismo, 2018

As obras distinguidas pelo Prémio Literário José Saramago1 – a saber: Natureza Morta, de Paulo José Miranda (1999), Nenhum Olhar, de José Luís Peixoto (2001), Sinfonia em Branco, de Adriana Lisboa (2003), Jerusalém, de Gonçalo M. Tavares (2005), o remorso de baltazar serapião, de Válter Hugo Mãe (2007), As Três Vidas, de João Tordo (2009), Os Malaquias, de Andréa del Fuego (2011), os transparentes, de Ondjaki (2013) e As Primeiras Coisas, de Bruno Vieira Amaral (2015) – serão o ponto de partida para a reflexão acerca do que é possível entender como sendo as atuais «vanguardas» literárias em língua portuguesa. Cem anos após o movimento das vanguardas do século XX, o que devemos entender como vanguardas literárias do século XXI? Existem pontos de contacto entre as literaturas novas que se produzem em língua portuguesa? Jovens escritores terão necessariamente uma escrita jovem? De que modo o discurso crítico recebe novas obras e novos autores? Qual o papel da edição na criação e receção de literaturas novas?

O património da edição contemporânea portuguesa: estado da questão

Cultura, 2012

When it comes to cultural heritage, an area that tends to stay in the shadows is the historical archives. Of these, one of the most vulnerable groups is the publishers’ archives (and the archives of other agents of the publishing world). This article proposes a reflection on cultural heritage in general and on cultural heritage specifically related to publishers’ archives, in an international level. This analytical and problematizing tour-de-force serves, to a large extent, to help to rethink the Portuguese case, whose delays and impasses need to be solved urgently, for the risk of losing irretrievably precious sources for the knowledge of our contemporaneity is serious. In addition, and related with a specific meeting organized by the author, this article is followed by a set of reflections from distinctive cultural agents, such as José Pacheco Pereira, João Corregedor da Fonseca and José Antunes Ribeiro. Quando se fala em património cultural, uma área que costuma ficar na penumbra é a dos arquivos históricos. De entre estes, um dos conjuntos mais vulneráveis é o dos arquivos de editoras e outros agentes da edição. Este artigo propõe uma reflexão em torno do património arquivístico em geral e dos arquivos das editoras em particular, a nível internacional. Tal digressão analítica e problematizante serve, em boa medida, para ajudar a repensar o caso português, cujos atrasos e impasses urge solucionar, sob pena de se perderem irremediavelmente fontes preciosas para o conhecimento da nossa contemporaneidade. Em complemento, e a partir de um encontro específico organizado pelo autor, segue-se um conjunto de reflexões de distintos agentes do meio cultural, da autoria de José Pacheco Pereira, João Corregedor da Fonseca e José Antunes Ribeiro.

Diálogos com a literatura portuguesa

Diálogos com a literatura portuguesa, 2020

Diálogos com a literatura portuguesa Organizadores: Aion Roloff, Antonio Augusto Nery, Eduardo Soczek Mendes. Este livro reúne estudos acerca de diversos autores da Literatura Portuguesa: do início do século XIX à contemporaneidade. Autores esses que fizeram da sua produção uma reflexão crítica sobre as suas realidades com a liberdade que a ficção permite. Ficção é também reflexão. ISBN: 978-65-88285-35-0 (eBook) 978-65-88285-36-7 (brochura) DOI: 10.31560/pimentacultural/2020.350