Experiência religiosa e Psicologia: contribuições da fenomenologia segundo Ales Bello (original) (raw)
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Por uma fenomenologia da religião: uma entrevista à Ângela Ales Bello
Revista Caminhos (Goiânia), 2021
A entrevista à professora Angela Ales Bello, doutora em Filosofia e fundadora do Centro Italiano de Ricerche Fenomenologiche, foi conduzida por José Reinaldo F. Martins Filho, que também traduziu a versão em português do texto que ora é disponibilizado. Docente da Pontifícia Universidade Lateranense de Roma, Ales Bello é uma das maiores especialistas sobre o pensamento de Edmund Husserl e Edith Stein, tendo consolidado sua própria interpretação a respeito da aplicação da fenomenologia à análise da experiência religiosa.
Revista Pistis Praxis, 2016
O presente trabalho objetiva realizar uma aproximação fenomenológica da mística de Bernardo de Claraval (1090-1153), tendo como ponto de partida algumas anotações de Martin Heidegger (1889-1976) a propósito de uma preleção não oferecida sobre “Os fundamentos filosóficos da mística medieval (1918/1919)”. O percurso assumido aqui consiste em três etapas: a) apresentar elementos que nos permitam compreender o contexto no qual desperta o interesse de Heidegger pela mística medieval; b) fazer uma aproximação da interpretação fenomenológica proposta por Heidegger para os Sermões ao Cântico dos Cânticos, de São Bernardo; c) oferecer uma tradução — acompanhada simultaneamente do texto latino — do terceiro sermão da série bernardina sobre o livro do Antigo Testamento, uma vez que este sermão nos permite acompanhar e compreender melhor as anotações e indicações deixadas por Heidegger. Bem ao espírito do Cântico dos Cânticos, texto que inspirou muitos outros místicos cristãos ao longo dos sécu...
A fé e a experiência religiosa da prece - Um estudo fenomenológico
2016
RESUMO: Edmund Husserl (1859-1938), filósofo e fundador da Fenomenologia, foi crítico do caráter objetivista e relativo da ciência positivista no estudo da subjetividade, buscando outra ciência de rigor que considera o humano envolvido nos conhecimentos e resultados produzidos pelo mesmo, ou seja, uma investigação da sua essência integral. Baseando-nos nessa critica e evidenciando o estudo da vivência religiosa, destacamos o estudo fenomenológico da fé. Na análise ontológico-fenomenológica de Paul Tillich (1886-1965) que admite a possibilidade de uma psicologia da fé, esta procede, de modo imprescindível, do centro do eu pessoal, sendo o ato mais integral, íntimo e global do espírito humano, servindo como meio pelo qual percebemos e somos possuídos pelo incondicional e infinito, transcendendo elementos racionais e não-racionais da vivência humana. Fundamentada na análise fenomenológica da fé, considerando suas características e servindo como uma forma de linguagem da mesma, temos a prece como ato de transcendência, integralidade e experimentação da presença divina que pertence à condição humana concreta. Portanto, por meio do diálogo entre fenomenologia da religião e psicologia da prece, fundamentados em autores como Husserl e Tillich, entre outros, discutimos a possibilidade de integrar o sentido da prece na prática clínica, como forma fundamental de interiorização e autoconhecimento psicológico e espiritual. Palavras-chave: Prece. Fenomenologia da religião. Psicologia. Considerações Introdutórias
William James-Variedades da Experiencia Religiosa Pensologosou
A maioria dos livros sobre a filosofia da religião tenta começar com uma definição precisa daquilo em que consiste a sua essência. Poderemos esbarrar em algumas dessas pretensas definições em segmentos subsequentes deste curso, e não serei tão pedante que as enumere agora. Entrementes, o próprio fato de serem elas tão numerosas e tão diferentes uma da outra basta para provar que a palavra "religião" não significa nenhum princípio ou essência singular, mas é antes um nome coletivo. A mente teorizante tende sempre para a super simplificação dos seus materiais. Essa é a raiz de todo o absolutismo e dogmatismo unilateral de que tanto a filosofia quanto a religião têm sido infestadas. Não resvalemos, porém, de pronto, a um ponto de vista parcial do nosso assunto, mas admitamos antes, desde o princípio, que muito provavelmente não encontraremos uma essência única, senão muitos caracteres que podem ser, de forma alternada, igualmente importantes na religião. Se perguntássemos a várias pessoas qual é a essência do "governo", por exemplo, uma diria que é a autoridade, outra a submissão, outra a polícia, outra um exército, outra uma assembléia, outra um sistema de leis; e, contudo, na verdade nenhum governo concreto pode existir sem todas essas coisas, uma das quais é mais importante em determinado momento e outras em outro. O homem que mais conhece governos é o que menos se preocupa com dar-lhe uma definição essencial. Conhecendo a fundo e com intimidade todas as suas particularidades, cada qual por seu turno, ele encararia naturalmente uma concepção abstrata, em que todas estivessem juntas, como coisa mais apta a despistar do que a esclarecer. E por que não pode ser a religião uma concepção igualmente complexa? {9} Consideremos também o "sentimento religioso", que vemos mencionado em tantos livros, como se fosse uma espécie única de entidade mental.
Raízes fenomenológicas da sociologia da religião de Peter Berger
2018
Há aspectos da teoria sociológica da religião de Peter Berger que são pouco investigados, um desses aspectos é sua raiz fenomenológica. Segundo Berger, sua principal referência nesse âmbito é o sociólogo austríaco Alfred Schütz, fundador da sociologia fenomenológica. E Schutz, por sua vez, se inspirou no método fenomenológico de Edmund Husserl. Assim, o objetivo dessa pesquisa é analisar as raízes fenomenológicas da sociologia da religião de Peter Berger, partindo da investigação do método fenomenológico de Husserl, em seguida, examinando as contribuições deste para a formação da sociologia fenomenológica de Schutz e, por fim, como e em que medida essa produção teórica e metodológica chega a Berger e é utilizada para fundamentar sua sociologia da religião em fase inicial.
Religious beliefs and experiences are increasingly being recognized by contemporary scientific research as natural phenomena, subjected to the same evolutionary, cognitive and neural mechanisms that characterize other forms of human behaviour. From an evolutionary perspective, such beliefs and experiences became possible only by the development and the concatenation of various structures in the brain, given the specific requirements of the biological adaptation process.The cognitive science of religion has also been indicating how religious experience could be explained on the basis of fundamental perceptive, linguistic and cognitive processes. These approaches seem all to converge to a comprehensive understanding of the natural origins of religion, although sometimes they diverge in terms of details and perspectives. This paper presents a review of the contributions in this research area, and discusses their empirical foundations and theoretical and methodological limitations. The authors review the cognitive functions presumed to be in the genesis of religious rituals and beliefs in supernatural agents and phenomena. The paper also presents the literature on the neurophysiology of religious beliefs and experiences, including recent investigations concerning the neuroestimulation/neuromodulation of beliefs. The authors discuss the implications of these studies to the broader field of the science of religion.
Teocomunicação, 2017
O presente artigo discute os pressupostos metodológicos para o estudo do fenômeno religioso a partir das linhas traçadas por Angela Ales Bello, filósofa italiana, interprete do pensamento de Edmund Husserl e de Edith Stein, em suas várias obras. A tarefa desta pesquisa consiste em compreender como a filosofia fenomenológica pode contribuir para repensar as estruturas internas do sagrado e especificar o papel da Fenomenologia da Religião no aprofundamento da experiência religiosa. Ales Bello, seguindo os passos da fenomenologia husserliana e steiniana, propõe, como ponto inicial para o estudo das religiões, uma análise antropológica. As indicações advindas do método fenomenológico de Husserl e de Edith Stein revelam-se como instrumentos úteis para entrar nos meandros das dimensões sacro-religiosas e para compreender o sentido profundo da experiência religiosa e mística. O conteúdo do artigo deixa transparecer o encontro de Angela Ales Bello com a fenomenologia de Husserl e de Edith S...