Como as redes sociais alteram a disputa política (original) (raw)

Facebook, You Tube e Vida Cívica: as redes sociais são dispositivos de luta politica?

Libro de Actas . XIII Congreso Internacional IbercomSantiago de Compostela

Uma das consequências da aparição da sociedade em rede foi a transformação estrutural da noção de espaço público verificada por impacto das redes sociais num ambiente comunicativo caracterizado por uma aceleração significativa das trocas simbólicas, induzidas pelos meios digitais, nomeadamente redes sociais e comunicação móvel. A análise destas transformações implica uma abordagem crítica do conceito de espaço público, entendido genericamente, como instância de interacções simbólicas em que emerge um debate colectivo entre cidadãos interessados na participação politica. . As redes sociais e as comunicações móveis, ao penetrarem na domesticidade e reconfigurarem as interacções sociais, transformam as noções de espaço, tempo, interacção e participação, gerando questões dificilmente contornáveis: que públicos se formam das novas formas de interacção entre os privados? Qual o significado do diálogo público nas novas condições de interacção geradas por novos dispositivos e plataformas? Assim, importa verificar como é que as redes sociais e comunicações produzem impacto na própria configuração da acção pública. Quais são os modos de racionalidade presentes na sua expressividade? De que forma as trocas simbólicas expressam na sua materialidade a reconfiguração das estruturas do espaço público? A fim de conferir densidade empírica à análise, recorre-se nomeadamente, a exemplos proporcionados durante estudos de caso das páginas do facebook e vídeos do you tube durante as manifestações realizadas em Portugal contra as medidas de austeridade. Neste sentido, adianta-se como hipótese a existência de vários níveis de transformações: a) Nos domínios linguístico e discursivo, passando pela estetização das mensagens, resultante da introdução de formas de expressividade; b) Ao nível da circulação do conhecimento, eventualmente objecto den transformações no modo da sua circulação, disseminação e recepção; c) Na concepção de política em que se adivinha uma sobrevalorização da participação directa em detrimento da política profissional bem como o afastamento da formas consideradas canónicas que fazem apelo à deliberação racional: d) No plano epistemológico, graças ao predomínio da dimensão relacional da festa - afectiva - sobre a dimensão racional, programática e estratégica.

Poder digital: O papel das redes sociais nos movimentos de contestação política

Durante a chamada Primavera Árabe, o poder das redes sociais para impulsionar movimentos de protesto social foi reconhecido no mundo inteiro. Um dos exemplos, foi o papel assumido pelas redes sociais nas recentes revoluções árabes (Médio Oriente e Norte de África), tendo sido considerado, por vários analistas políticos, como um notável factor de mudança social e política. Escrutinando o passado próximo, apontam-se exemplos de países como o Egipto, a Tunísia e a Líbia, onde antigos governantes foram depostos, em prol da liberdade do povo. Porém, mesmo em países de regimes democráticos consolidados, como os EUA, Reino Unido, Grécia, Espanha e Portugal, as redes sociais têm servido como catalisador de descontentamentos, como vimos recentemente em manifestações ocorridas em praticamente todas as capitais do mundo ocidental. O papel das redes sociais na dinâmica dos movimentos contestatários modernos é o argumento deste artigo, pretendendo-se, como objectivo principal, analisar, de forma descritiva, a relação actual entre a Internet, em particular as redes sociais, e os movimentos sociais. Procura ainda dar resposta à questão central levantada: “Qual o poder das redes sociais na dinâmica dos movimentos de dissidência política?” e reflectir, até que ponto foram as redes sociais e respectivas características, a causa do ressurgimento dos movimentos de protesto social, neste inicio de século. Por outro lado, procura-se caracterizar e entender os movimentos sociais modernos, o que os move e quais as afinidades entre os seus participantes. Um dos pontos fulcrais deste trabalho consiste em saber como é que, pessoas das mais díspares classes sociais e formação académica, se ombreiam em espaços públicos urbanos, a maior parte deles arriscados, à procura de algo comum, de algo que para todos eles faz sentido. E é esse lado comum, esses interesses partilhados, que também se procurarão dar a conhecer neste trabalho. O Professor Rogério de Andrade disse um dia, que para escrever um qualquer texto com sentido, o autor teria de cuidar com precisão da consequência de cada uma das suas palavras e imaginar uma enorme espada, de lâmina assaz afiada, perfilada por cima da sua cabeça, pronta a desferir o golpe mortal em caso de uma má prosa. A alegoria está feita e a ser levada à risca, esperando-se que os ventos sejam favoráveis a esta navegação de águas profundas, mas ao mesmo tempo puras e cristalinas.

A Influência das Redes Sociais no Processo Eleitoral

Resenha Eleitoral, 2015

A partir da incorporação definitiva das mídias sociais como espaço para as manifestações de cunho político-eleitoral e, principalmente, para a disseminação de informações falsas (fake news), este trabalho apresenta um breve estudo sobre a influência das redes sociais na vontade do eleitor no Brasil, com base nas eleições presidenciais de 2014.

Juventude e participação política nas redes sociais

O texto busca mostrar o protagonismo político que um grupo de jovens internautas estabelece nas dinâmicas interativas e colaborativas de um dos sites de redes sociais mais populares hoje, o Facebook. Na tentativa de romper com os inúmeros estigmas sociais geralmente associados aos jovens, é cada vez mais necessário estudar a temática das juventudes a partir de uma perspectiva teórico-metodológica que penetre no cotidiano desses sujeitos, construindo um olhar com eles, e não sobre eles. Para isso, apontamos a necessidade de reconhecer e legitimar a autoridade da experiência juvenil, representada aqui pela atuação política de um grupo de jovens internautas em torno da criação colaborativa de uma imagem que representasse a liberdade de expressão sexual, indo de encontro às ideologias sociais vinculadas ao projeto “cura gay”, aprovado pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara em junho de 2013 no Brasil. Dessa forma, percebemos que a participação política mediada pelas dinâmicas ciberculturais mostram que ainda há espaços privilegiados para que os jovens exerçam hoje a liberdade de expressão; exerçam a possibilidade de falar, de ouvir e de manifestar-se politicamente pelo que acreditam a partir da potência do diálogo em rede.

Mídia social e filtros-bolha nas conversações políticas no Twitter

2017

In this paper, we aim to explore the characteristics of information circulation on social media considering the possibility of the emergence of filter bubbles. For that, we analyze two datasets related to political conversations around recent events in the country. We chose the social network site Twitter as the environment for the analysis. The method we used involves a combination of social network analysis with content analysis. Our results point to the existence of ideologically distinct groups in the discussion of the topics chosen, putting at risk the democratic nature of social media and its potential to expand the plurality of information sources for the users. Keywords: Social media. Information circulation. Filter bubbles. 1. Introdução O conceito de democracia contemporânea está bastante ancorado na ideia de esfera pública (EP). A ideia de EP de Habermas (1984, 1997) passa pelo conceito de espaços 1 Trabalho apresentado ao Grupo de Trabalho Comunicação e Cibercultura do X...

Redes Sociais, Facebook e debate político: olhares dos movimentos sociais

Ciências Sociais Unisinos, 2017

Este artigo tem o objetivo de conhecer as concepções de integrantes de diferentes movimentos sociais sobre as potencialidades do Facebook e das redes virtuais como espaços de debate político, buscando identificar as possíveis interfaces entre os diferentes olhares e os principais conceitos de tecnologia referidos na literatura. Trata-se de uma pesquisa participante, de abordagem qualitativa, cujos dados são advindos de entrevistas semi-estruturadas efetuadas no início de 2014, além de observação participante, diário de campo e registros fotográficos, realizados com militantes de cinco movimentos e redes sociais distintas. Os resultados evidenciam que, no referido período histórico, o Facebook e as redes virtuais ainda representavam um campo impreciso com o qual boa parte dos movimentos sociais, especialmente os clássicos, estavam tentando lidar e compreender, haja vista que instituíam novas formas de atuação e organização muito distintas dos modos como historicamente os movimentos sociais se organizaram e empreenderam suas lutas. Nota-se que não havia consenso acerca das potencialidades do Facebook e das redes virtuais enquanto esferas de debate político.

A Mediatização da Política na Era das Redes Sociais

Análise Social, 2019

A Mediatização da Política na Era das Redes Sociais surge como o corolário de um já longo trajeto no domínio da comunicação política por parte de Rita Figueiras. Com este trabalho procede à atualização e sistematização de um conhecimento vertido em diversos trabalhos mais parcelares (2008; 2015), mas também em obras com campos de abordagem de pendor macroestrutural (2012; 2014). Recentemente aprofundou a reflexão em torno do comentário político televisivo (2019), chamando a atenção para a relevância destes espaços no ecossistema mediático português.

Propaganda eleitoral antecipada, redes sociais e a minirreforma

2005). Bacharel em Direito pela Fundação Universidade Federal de Rondônia (2002). Resumo: O presente trabalho objetiva analisar as mudanças introduzidas pela Lei 12.891/2013 na Lei 9.504/97 no que pertine à propaganda eleitoral antecipada e sua realização em redes sociais. Palavras-chave: Direito eleitoral. Propaganda Eleitoral Antecipada. Redes Sociais.

Política e representação nas redes sociais

II Semninário Nacional de Sociologia da UFS (anais), 2020

Este paperanalisa as práticas eleitorais digitais de políticos profissionais em Sergipe. Os políticos profissionais, em sua grande maioria, compõem a elite política online sergipana, isto é, o grupo de candidatos que possuem mais de 10 mil seguidores no Facebook ouno Instagram. Seu objetivo é compreender como esse grupo mobilizou as redes sociais em suas campanhas e em que medida isso produziu transformações nas suas práticas eleitorais. O paper investiga, assim, a seguinte problemática: como os políticos profissionais mobilizam essas ferramentas em suas campanhas? O que delas fazem aqueles que mais concentram a visibilidade online? Com isso, buscou-se entender como a carreira na política profissional se reflete no uso que os candidatos fazem das redes. O trabalho se baseia na observação direta e na análise qualitativa de publicações feitas no Facebook e no Instagram, durante as eleições de 2018, por quatro candidatos eleitos para o cargo de deputado estadual. A análise das postagens revelou que as redes foram utilizadas na construção de um vínculo de identidade entre a candidatura e seu eleitorado, o que já era uma estratégia eleitoral antes do advento da internet. Além disso, constatou-se que o uso das redes ocorreu de forma integrada com práticas eleitorais offline (carreatas, comícios, passeatas, etc.). Tudo isso indicaque aincorporação das mídias digitais pela esfera política não provoca uma transformação radical de suas práticas, mas se dá através de uma lógica própria dessa ordem de atividades.Palavras-chave:Redes Sociais; Eleições (Brasil, 2018); Representação.