Narrativas transbordantes: olhares sobre a literatura e o pensamento boliviano (original) (raw)

Apresentação - Narrativas transbordantes: olhares sobre a literatura e o pensamento boliviano

2018

A Bolivia e uma nacao que, ao longo da sua historia, tentou moldar um imaginario de nacao homogeneo e estavel. Porem, no seu percurso historico e politico, mais bem tem atingido, desde muito cedo no seculo XX ate a atualidade, gerar um acordo em torno a heterogeneidade inerente aos planos sociais e culturais. Esta heterogeneidade foi denominada ou canalizada no âmbito politico como “o plurinacional”, parte de um projeto de nacao iniciado no ano 2006. Os diversos modelos politicos, sociais e culturais se veem ultrapassados, transbordados, ante as representacoes, modelizacoes ou configuracoes artisticas e culturais. As artes e os diversos discursos vinculados as ciencias sociais se apresentam como expressoes que formam os espacos materiais e simbolicos nos quais se veiculam expressoes que dialogam, interpelam e interrogam esses transbordes. Ao mesmo tempo, a ideia de transbordes remete nao so a superacao dos limites se nao a um espaco simbolico-politico que se situa por “fora de”, a “...

Narrativas Contenciosas na Fronteira das Amazônias Boliviana e Brasileira

RESUMO: Neste trabalho queremos discutir de forma crítica as narrativas nacionais sustentadas historicamente a partir da ideia de " conflitos revolucionários " que ocorreram nos primeiros anos do século XX ao longo da fronteira amazônica entre Brasil e Bolívia. A proposta é de explorar como governos oficiais nos dois países, nos dois lados da fronteira, mais de cem anos após o conflito histórico fazem uso de uma memória histórica com o intuito de legitimar o poder de Estado através de narrativas de orgulho nacional, luta e coragem. Ao analisar monumentos erguidos em cidades fronteiriças como Cobija, capital do departamento de Pando, na Bolívia, e Rio Branco, capital do Acre no Brasil, queremos apresentar alguns pontos de vista conflitantes sobre a história local. Além disso, procuramos explorar de que maneiras essas narrativas apagaram, silenciaram, ou, pelo contrário, se apropriou de papéis culturais e políticos dos povos da Amazônia e suas comunidades. Em terceiro lugar, investigamos como o comércio internacional da borracha na região amazônica de alguma forma manipulou o embarque de brasileiros e bolivianos em uma guerra sangrenta enfeitiçados pela "magia do nacionalismo." Finalmente, pretende-se discutir criticamente o desequilíbrio entre a marginalização do Acre como um estado dentro de uma cultura dominante no Brasil e da importância do Acre como um território tragicamente perdido dentro de narrativas nacionais bolivianas.

A literatura cabo-verdeana e o olhar dos escritores

Neste trabalho propomos ler alguns dos escritores cabo-verdeanos não na qualidade de autores de textos considerados literários, mas como responsáveis por outros produtos culturais -não literários- cujo tema-objecto é o campo literário em/de Cabo Verde. Isto porque, debruçando-nos sobre certos ensaios de relativa dimensão, artigos mais ou menos extensos, breves reflexões críticas ou depoimentos em entrevistas feitos por alguns dos produtores cabo-verdeanos, captamos olhares que, apesar de individuais, são significativos e reveladores de uma tomada de posição a respeito dessa realidade não apenas literária na qual se inserem e em que, não se limitando a observar, intervêm.

Trajetórias literárias na Cuba revolucionária

Este artigo tem por objetivo refletir sobre as distintas trajetórias dos escritores Alejo Carpentier e Severo Sarduy no contexto da Revolução Cubana (1959), estabelecendo uma possível relação com a produção literária do período. Tomo por base as novelas Os Passos Perdidos (1953), de Carpentier, e Cobra (1972), de Sarduy, tentando estabelecer uma relação entre a produção cultural e o contexto vivido por ambos os autores.

A Literatura Bellatiniana e a Narrativa Performática

Linguística, Letras e Artes e sua Atuação Multidisciplinar, 2019

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Degustação - CLORINDA MATTO DE TURNER: A literatura como denúncia dos conflitos políticos e sociais no Peru

CLORINDA MATTO DE TURNER: A literatura como denúncia dos conflitos políticos e sociais no Peru, 2020

Além da necessidade de escutarmos o que dizem os povos indígenas da América Latina, é preciso que também saibamos escutar o que dizem as mulheres escritoras. Até porque, se a literatura de denúncia existe e é publicada por aqui pelo menos desde o século XV, não podemos mais ignorar seu conteúdo. Não obstante, se os escritos de Clorinda Matto de Turner ficaram esquecidos por décadas, ou mesmo tenham sido relegados a um grupo restrito de intelectuais que se interessam por esse campo de estudos, o início do século XXI tem se mostrado como um momento profícuo de retomada dos trabalhos que se dedicam a investigar a vida e a obra dessa escritora pioneira – como é o caso deste livro que você, leitor ou leitora, carrega nas mãos. Conhecer um pouco mais de perto o legado artístico e intelectual de uma das personalidades femininas mais interessantes da literatura latino-americana, sob o olhar atento e cuidadoso de Heloísa Costa Rigon, torna-se uma oportunidade singular para aqueles que se interessam pela História e, não menos importante, pelos processos de transformação social por meio da força das palavras.

Discussões acerca da literatura no conto “A Biblioteca de Babel”, de Jorge Luis Borges

ArReDia, 2018

Este artigo analisa como a literatura e a realidade são representados no conto “A Biblioteca de Babel”, de Jorge Luis Borges. O artigo traz alguns temas que podem ser discutidos tomando como base o conto ora sob estudo. Faz-se, então, uma análise de como a literatura (sua produção e recepção) está ligada à realidade principalmente sob a perspectiva dos estudos de Umberto Eco que fala de como Borges, apesar da escrita conservadora, inova no campo do significado (das ideias) trazendo reflexões que conduzem a horizontes impensados.

Narradores Transnacionais Na Ficção Brasileira Contemporânea

Revista Crioula, 2010

RESUMO: A questão das identidades vem, desde os anos 1980, ocupando lugar cada vez mais privilegiado no debate acadêmico. Além disso, nas últimas duas décadas, alguns escritos brasileiros inseriram essa questão como elemento central de composição de suas narrativas. Nosso intuito aqui é analisar como o problema das identidades desempenha função estrutural na forma dos romances Budapeste (Chico Buarque, 2003) e O sol se põe em São Paulo (Bernardo Carvalho, 2007). Não se trata unicamente, portanto, de ver como o tema identitário aparece nas obras, mas de averiguar -no escopo da investigação estética -a maneira como a estrutura particular dos romances é construída em função dos problemas identitários enfrentados por seus narradores.