Um estudo análogo ao forense em contexto brasileiro com o Protocolo de Entrevista Investigativa NICHD (original) (raw)
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Capacitação para o uso do Protocolo NICHD em profissionais sul-brasileiros
2015
O presente estudo objetivou avaliar o efeito de um programa de capacitação para uso do Protocolo NICHD (National Institute of Child Health and Human Development). Trata-se de um instrumento desenvolvido com base em boas-práticas em entrevista investigativa e validado por estudos que demonstram sua eficácia em campo. O protocolo traz uma frequência maior de questões abertas diminuindo assim a sugestionabilidade. Participaram do estudo duas psicólogas e uma assistente social. Um programa de capacitação foi desenvolvido com quatro intervenções baseadas na literatura científica. O estudo teve como desenho experimental o delineamento de sujeito-único (A-B-C-D), no qual o comportamento de cada participante foi avaliado por meio de entrevistas investigativas realizadas entre cada intervenção do programa. Ao se analisar os dados de cada participante, observou-se melhora na qualidade das entrevistas realizadas, passando os participantes a utilizar mais perguntas abertas e menos questões fechadas. A média das questões utilizadas foram comparadas estatisticamente por meio da simulação de Monte Carlo e do teste ANOVAs de Friedman demonstrando significativamente a redução do uso de questões sugestivas. Ressalta-se a importância em se realizar um programa de capacitação que inclua aspectos teóricos e práticos e supervisões contínuas com a presença de feedback em cada entrevista realizada.
Investigação de suspeita de abuso sexual infantojuvenil: O protocolo NICHD
Temas em Psicologia, 2014
O presente artigo consiste em uma revisão sistemática de literatura que se refere à escuta adequada e às estratégias para investigação da violência sexual infantil, com especial ênfase no Protocolo NICHD (National Institute of Child Health and Human Development), reconhecido pela literatura internacional especializada como um dos instrumentos mais adequados para a entrevista estruturada com crianças vítimas de violência. O procedimento consistiu em verifi car nas bases de dados eletrônicas Bireme, INDEXPSI, SciELO, PePSIC, PubMed, Web of Science e PsycINFO, utilizando-se como descritores as palavras NICHD e sexual abuse, para artigos publicados entre os anos de 2000 e 2013. Foram consultados também acervos de livros em universidades. Nas bases de dados relacionadas, foram encontrados 73 artigos, dos quais 47 foram excluídos tendo como critério de exclusão artigos relacionados a outras temáticas de violência que não a sexual, e artigos repetidos, resultando em 26 artigos consultados. Nos acervos de Universidades foram consultados quatro livros nacionais, quatro livros internacionais e uma dissertação de mestrado, resultando em um total de 35 publicações analisadas. O protocolo apresenta-se como um instrumento estruturado, transmitindo informações de qualidade superior àquelas obtidas por entrevistas com menos questões abertas. Como resultado são produzidas respostas mais precisas, com relatos mais detalhados e ricos e com maior número de revelações.
Avaliação de capacitação para utilização do Protocolo NICHD em duas cidades brasileiras
2015
Considerando recomendações de boas práticas forenses na escuta de crianças, pesquisadores do National Institute of Child Health and Human Development (NICHD), nos E.U.A, desenvolveram o Protocolo de Entrevista estruturada NICHD. O presente trabalho tem como objetivo avaliar uma capacitação oferecida a 15 profissionais (psicólogas e assistentes sociais) de dois municípios brasileiros. A capacitação envolveu um curso teórico presencial sobre o protocolo em dois dias e uma parte prática que compreendia realizar, gravar e enviar em áudio para as pesquisadoras no mínimo uma entrevista realizada antes e outra entrevista após a capacitação. Tais entrevistas foram analisadas e comparadas, sendo fornecido feedback à distância sobre o desempenho aos participantes. Adicionalmente, as participantes completaram o Questionário de Aceitação Social sobre a capacitação. Após a capacitação com o protocolo, houve um aumento significativo no uso de perguntas abertas nas entrevistas realizadas, bem como aumento significativo da taxa de detalhes de relevância forense nas respostas às questões diretas. A avaliação dos participantes foi, em geral, positiva. Limitações do estudo referem-se ao número reduzido de participantes e de entrevistas realizadas, bem como problemas intrínsecos ao contexto forense brasileiro, com interferência de perguntas diretas e sugestivas por operadores de Direito durante o Depoimento Especial da criança.
A hipnose forense como método de investigação criminal
Revista Brasileira de Ciências Criminais, 2018
O presente trabalho tem como objetivo apresentar a hipnose forense aos profissionais do Direito, considerando sua utilidade como ferramenta auxiliar em investigações criminais, a despeito de todas as lendas e receios que cercam a prática da hipnose. Para isso, é feita uma abordagem sobre a história da hipnose, a fim de desmistificar sua prática e aproximar suas técnicas da realidade jurídica. A partir dessa contextualização, desenvolve-se a hipótese de que a hipnose forense pode funcionar como um método de potencialização da memória de indivíduos que participaram de algum delito – como vítimas, testemunhas ou até mesmo investigados – com base em pesquisas práticas e teóricas e busca-se traçar limites para sua utilização, levando em conta os benefícios e prejuízos que pode gerar para a investigação e para os sujeitos envolvidos.
O uso da entrevista na pesquisa juridica brasileira Abrasd
A proposta deste artigo é a de analisar a utilização da entrevista na pesquisa jurídica brasileira, refletindo assim também sobre a ciência, as técnicas, os trabalhos acadêmicos (dissertações e teses) e os Programas de Pós-Graduação em Direito (PPGDs) nos quais são produzidos. Assim, buscamos verificar se ela tem se mostrado útil para pensar e transformar o Direito. Para tanto, realizamos pesquisa qualitativa, exploratória, com coleta de informações no Banco de Teses e Dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Partimos de 308 trabalhos acadêmicos disponíveis entre os anos de 2013 e 2019 e aprofundamos a análise de 48, disponibilizados em 2019. Identificamos o tipo de entrevista, o número de entrevistados e de perguntas e o tipo de instituição de ensino no qual foi realizado o trabalho acadêmico. Assim, podemos afirmar que o tipo de entrevista mais aplicado é o semiestruturado, utilizado em trabalhos pertinentes a diversos ramos do saber jurídico (inclusive em dogmáticos) e com representatividade em Estados do norte ao sul do país. Concluímos, então, que a entrevista se adequa à perspectiva crítica, aproximando o Direito da realidade da vida e que, mesmo sendo tão somente uma técnica, não transformando o campo do Direito, ela auxilia a desvelar a realidade e a aperfeiçoar a ciência do Direito. Palavras-chave: Entrevista. Campo do Direito. Pesquisa jurídica. CAPES.
Boletim de Análise Político-Institucional, 2018
A memória frequentemente constitui fator determinante para o deslinde de processos judiciais. A memória é o coração do testemunho e do reconhecimento, já que o testemunho constitui-se, em sua essência, nas lembranças que a pessoa conseguiu registrar e resgatar sobre os fatos que ocorreram e o reconhecimento de seus personagens. Quanto mais detalhadas e fidedignas forem estas lembranças, melhor será o testemunho e a capacidade de realizar um reconhecimento correto, e, assim, potencialmente mais elucidativos para o desfecho de um caso. Só que a memória humana não funciona como uma máquina fotográfica ou filmadora! Quando a memória funciona bem, ela pode sim registrar e recuperar informações com muita precisão, mas também pode haver perdas (esquecimento parcial ou total de algum evento e/ou pessoa), como também distorções (falsas memórias acerca de eventos e/ou pessoas). Há mais de três décadas, a psicologia do testemunho tem produzido avanços científicos consistentes acerca da memória humana e suas implicações para o testemunho e o reconhecimento. Porém, no Brasil, o diálogo desse campo do saber com o ramo do direito tem sido bastante tímido. Como possível resultado, ao contrário de vários outros países, nossa legislação ainda não contempla este consolidado conhecimento científico advindo da psicologia do testemunho.
O uso da entrevista na pesquisa jurídica brasileira
Revista Brasileira de Sociologia do Direito, 2021
A proposta deste artigo é a de analisar a utilização da entrevista na pesquisa jurídica brasileira, refletindo assim também sobre a ciência, as técnicas, os trabalhos acadêmicos (dissertações e teses) e os Programas de Pós-Graduação em Direito (PPGDs) nos quais são produzidos. Assim, buscamos verificar se ela tem se mostrado útil para pensar e transformar o Direito. Para tanto, realizamos pesquisa qualitativa, exploratória, com coleta de informações no Banco de Teses e Dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Partimos de 308 trabalhos acadêmicos disponíveis entre os anos de 2013 e 2019 e aprofundamos a análise de 48, disponibilizados em 2019. Identificamos o tipo de entrevista, o número de entrevistados e de perguntas e o tipo de instituição de ensino no qual foi realizado o trabalho acadêmico. Assim, podemos afirmar que o tipo de entrevista mais aplicado é o semiestruturado, utilizado em trabalhos pertinentes a diversos ramos do saber jur...
O presente artigo discute, inicialmente, o modelo de investigação criminal pré-processual adotado no Brasil, tendente a reforçar um perfil buro- crático e bacharelesco em detrimento das atividades de investigação policial. São discutidas as relações institucionais que se estabelecem entre a Polícia Civil e as demais instituições do Sistema de Segurança Pública e Justiça Criminal e conclui-se que a falta de integração sistêmica entre os diferentes âmbitos da Justiça Criminal acaba por multiplicar as fontes de tensão entre os seus agentes e compromete a eficiência do sistema como um todo. Por fim, são apresentados trechos de entrevistas realizadas com Delegados de Polícia atuantes na cidade de Porto Alegre - RS, no intuito de apreender as percepções desses operadores do Sistema Penal a respeito dos dilemas enfrentados para a produção da investi- gação, tanto na relação com as demais instituições, quanto pelas precariedades materiais e humanas que se evidenciam na Polícia Civil gaúcha.