História e Crime - O Crime na História: Entrevista realizada com o Historiador Doutor Marcos Luiz Bretas (original) (raw)

História e Crime - Fontes e acervos sobre a História da criminalidade: Entrevista realizada com o Historiador Doutor Ivan de Andrade Vellasco

2017

Entre os dias 31 de maio a 02 de junho de 2017 o historiador Ivan de Andrade Vellasco esteve na Universidade do Vale do Rio dos Sinos- UNISINOS em Sao Leopoldo/RS compondo mesa redonda e participando do III Simposio Nacional de Historia do Crime, da Policia e Justica Criminal e I Encontro Internacional de Historia do Crime, da Policia, das praticas de Justica e suas fontes . [1] Felizmente, sua vinda ao Rio Grande do Sul coincidiu com a divulgacao do dossie “Historia e crime”, o que possibilitou a entrevista ora apresentada. Atualmente, Ivan Vellasco e professor da Universidade Federal de Sao Joao Del-Rei e coordena um importante projeto intitulado Forum Documenta cujo objetivo e a restauracao e processamento em bancos de dados dos acervos judiciarios espalhados nos arquivos cartoriais do estado de Minas Gerais. Ademais, amplamente reconhecido pelo uso farto da documentacao em suas pesquisas, sua tese de doutorado “As seducoes da Ordem: Violencia, criminalidade e administracao da ju...

HISTÓRIAS DESVELADAS: OS PROCESSOS-CRIME COMO FONTE HISTÓRICA

O estudo apresenta uma leitura acerca da importância dos processos-crime como fonte de pesquisa, especialmente para (re)pensar as elaborações históricas construídas sobre o locus Novo Hamburgo/ RS. Pretende-se analisar a relação entre processos-crime e o desvelar de historicidades distintas, dando visibilidade a atores sociais diversos, bem como aos conflitos, às contradições e tramas nos quais eles estão envolvidos, a partir de elementos do cotidiano que revelem a complexidade do cenário histórico. Palavras-chave: Processos-Crime. Micro-História. Fonte. Cotidiano. Justiça.

Criminologia e Narratividade (co-autoria com Moysés Pinto Neto)

In Novatio Juris, 2009

Resumo: O artigo argumenta que as raízes da Criminologia, inspiradas por Cesare Lombroso e Enrico Ferri, estão fixadas na matriz epistemológica positivista, baseada nas idéias de neutralidade, objetividade e experimentação. Essa metodologia -além de ter sido útil à criminologia racista latino-americana e aos estados totalitários nas suas terríveis "experiências" com humanos -perde a toda a compreensão da complexidade humana, irredutível à dimensão da "objetividade". Sustentamos que a narratividade, trabalhada a partir do famoso ensaio de Benjamin, é um método com temporalidade muito útil para penetrar na riqueza humana, que não pode ser enjaulada na "representação". Finalmente, baseado nessas premissas, o paper defende uma nova aproximação da Criminologia e Literatura.

Apresentacao ao Dossie Crime Organizado da Revista Brasileira de Sociologia

Revista Brasileira de Sociologia, 2019

O "crime organizado" não é um fenômeno social e político recente. Esteve presente, por exemplo, na história da sociedade norte-americana nas primei-ras décadas do século XX, assim como na Europa mediterrânea, em especial, em Marseille e Nápoles dos anos 40 aos anos 60 do século passado. Embora, nesse mesmo período, conexões internacionais igualmente não fossem estra-nhas, suas rotas e cadeias produtivas eram restritas. A partir do século XXI, na esteira dos processos de globalização dos mercados e de flexibilização das fronteiras nacionais, há transformações importantes no fenômeno que deslocamentos na escala e nos valores em circulação, na produção de redes conectadas e no emprego de meios tecnológicos (informática, telecomunicações, transportes terrestres, aé-reos e marítimos). Essas transformações tornaram essas modalidades "empresariais" mais complexas, diversificando as tradicionais organiza-ções piramidais constituídas à base de fidelidade pessoal, articulando de forma mais intensa os mercados ilegais com legais, estabelecendo novos acordos com poderes locais e nacionais, criando oportunidades de empregabilidade, sobretudo para aqueles destituídos do acesso ao mercado de trabalho formal, reconfigurando relações de vizinhança nos bairros onde essas modalidades de organização dispõem de influência e poder social. Em termos sociológicos, podemos destacar ao menos três eixos de abor-dagens relacionados ao fenômeno do crime organizado:

Criminologia e Antipunitivismo - Entrevista ao Blog Acervo Crítico

 Acervo Crítico -Samuel, em sua proposta de pesquisa você aborda temas como chamou de "Utopia da Abolição". Poderia comentar um pouco sobre essa perspectiv tempos em que o capitalismo engendra formas de violência cada vez mais estruturais? Samuel: Bem resumidamente, os estudos críticos sobre o controle social do sistema pena demonstrando há mais de meio século que esse sistema é um embuste. Uma grande enga da sociedade que acha que o Sistema de Justiça Criminal tem algo a ver com justiça, reduç crimes e violência, enquanto na verdade ele é marcado por uma "eficácia invertida" (conce criminóloga Vera Andrade). Quer dizer que por trás dos seus objetivos declarados, apare socialmente positivos, seu funcionamento concreto e essencial é de um controle social se sobretudo pela criminalização racista de pessoas pobres, e pela própria reprodução daqui visa combater, seja por evitar que se promova o que de fato pode cumprir essa promes

O HISTORIADOR DA POLÍTICA E A CRISE: DESAFIOS

Começo por uma definição básica dos contornos da história política ou da história do político 1. Esse campo se caracterizaria por reunir estudos dedicado às disputas pela construção (o que inclui a imaginação), conquista e manutenção (o que inclui a legitimação) do poder político. No nosso caso os fenômenos são observados em perspectiva histórica, obviamente, e as pesquisas podem colocar em foco igualmente ações, agentes, instituições e representações políticas as mais diversas. Feita essa definição inicial apresento a proposta da conferência: observar os impactos da crise atual sobre a historiografia dedicada à política, inclusive levando em conta algumas questões de natureza teórica, e refletir sobre a contribuição dos historiadores para a compreensão dos impasses atuais, em que concorrem com outras formas de apresentar/representar o passado e também com as ciências sociais. Além disso, a proposta é também debater sobre as diferentes formas de atuação pública dos historiadores em meio a esse contexto. Em outras palavras, trata-se de analisar os impactos da política sobre o conhecimento histórico e, na outra direção, a atuação da historiografia no espaço público. Temos visto recentemente alguns atores políticos e publicistas/jornalistas repetirem uma fórmula clássica, o que ao mesmo tempo destaca o lugar tradicional da história e denota a preocupação de tais agentes em garantir um lugar na posteridade. Têm se falado muito em julgamento da história e têm se especulado sobre o que dirão do momento atual os historiadores do futuro (Uma digressão provocativa para quem acredita que todos os eventos históricos são inventados pelos historiadores: com isso os contemporâneos transformam estes eventos em fato histórico, o que ficará como legado para os historiadores que não terão o papel de inventar o fato, mas de compreendê-lo e explica-lo). Não é coincidência que nos eventos realizados para debater os atuais impasses 1 Recentemente, tornou-se comum a flexão no gênero tradicional da palavra política e o uso de político, no masculino. O propósito dessa flexão de gênero, em geral, é utilizar " político " para expressar campo mais amplo que o abarcado tradicionalmente pela " política " , incorporando também o universo das representações e do imaginário. A esse respeito ver ROSANVALLON, Pierre. Por une histoire conceptuelle du politique. Paris: Seuil, 2003. Entretanto, não é indispensável o uso de " político " para expressar a ampliação do campo da política. Pode-se manter o uso da expressão tradicional e entender que ela passou a englobar também questões e fenômenos anteriormente não contemplados.