Esquisso: entre a observação e a imaginação (original) (raw)

Entre a paranóia da imaginação e a percepção alucinatória

2021

After the collapse of real socialism at the end of the 20th century-whose main landmarks were the fall of the Berlin Wall and the soviet dèbâcle-, the world seems to have taken new directions. In this period, Francis Fukuyama and Robert Kurz have defied the World Left in their books The end of History and the last man and The collapse of Modernization, respectively, with the following provocation: is there possible life beyond the market economy and liberal democracy that doesn't take the world to a catastrophic collapse like that suffered during the existence of real socialism? Much more than a hasty "yes, in fact, there are", this issue is still open twenty years after its formulation. In this context, this research aims to deal with thinking about the hip-hop as a way to build what Donna Haraway points as oppositional posture, and this regards both to their militants and their organic intellectuals as to social scientists that study and work about hip-hop themes. This same oppositional posture, if does not brings a response to the challenge posed by Fukuyama and Kurz, the least proposes face it straightforward, and it having, for this reason, to take a long account of what is this union between the market economy and liberal democracy and what is the price to be paid for taking the position of confronting it.

Uma Visão Enunciativo-Discursiva Da Hesitação

Este artigo realiza uma reflexão sobre a hesitação. Para tanto, retomamos o modo como esse fenômeno tem sido tratado na literatura linguística brasileira e constatamos uma lacuna no que diz respeito à investigação da hesitação de uma perspectiva lingüístico-discursiva. Com o objetivo de apresentar tal visão sobre a hesitação, abordamos conceitos advindos de estudos da psicanálise lacaniana, bem como do discurso e da enunciação: o dialogismo-formulado no círculo de Bakhtin-, o interdiscursodesenvolvido na Análise do Discurso de linha francesa-e as heterogeneidades enunciativas-, conforme a proposta de Authier-Revuz. Com base na análise de um fragmento de conversação, propomos que a hesitação constitui um acontecimento que indicia a negociação do sujeito com outros constitutivos do discurso/do sujeito. Argumentamos, ainda, que a representação da hesitação no discurso constitui indício de deriva e de ancoragem, denunciando quão problemático é, para o sujeito, o estabelecimento de fronteiras do/no discurso. Esperamos com esta reflexão lançar luz sobre a investigação da hesitação como um fenômeno de natureza lingüístico-discursiva. Ambicionamos, inclusive, instigar pesquisas com esse viés teórico e contribuir para preencher o que constatamos como uma lacuna nos estudos brasileiros sobre hesitação.

O ASSOMBRO DE UMA OKUPAÇÃO: Fantasma e o acontecimento projetual

PIXO - Revista de Arquitetura, Cidade e Contemporaneidade, 2017

Resumo O presente artigo traz uma reflexão sobre o conceito de fantasma, presente na filosofia de Gilles Deleuze, na passagem feita entre 1968 e 69: do simulacro-fantasma do livro Diferença e Repetição (2000) para o acontecimento-fantasma de Lógica do Sentido (1974). Nesta abordagem o fantasma ganha um valor positivo, testemunho dos acontecimentos que visa "contestar a identidade e (...) a perda do nome próprio" (DELEUZE, 1974, p.3). Para rastrear este fantasma, propomos investigar os acontecimentos emergentes de um encontro numa atividade projetual entre OCAS

IMAGINAÇÃO E PESQUISA: APONTAMENTOS E FUGAS A PARTIR D'A POÉTICA DO ESPAÇO

This essay was written from a triple perspective: presenting some of Gaston Bachelard’s writings on imagination as a human creative faculty, bringing forth and discussing the methodological path followed by the author of this essay in his research and, at the same time, inserting escape and consolidation lines of both perspectives. The dialog between Bachelard and the author compose the main text. Thoughts that link and disperse this main dialogue to other authors and ideas are pointed out throughout the whole text.

‘Não é imaginação, é realidade’: intersecções entre o flâneur e o rolezeiro

‘Não é imaginação, é realidade’: intersecções entre o flâneur e o rolezeiro, 2018

A partir das perspectivas temporal, espacial e social visa-se investigar qual foi o cenário, o impacto de ação e as relações identificáveis entre o flâneur, pelas ruas de Paris, capital da modernidade no século XIX, e o rolezeiro, pelos corredores dos shoppings centers da maior metrópole do hemisfério sul, a cidade de São Paulo, no século XXI, partindo da concepção de que a flânerie e o rolezinho são fenômenos sociais e não experiências efêmeras e desconexas de seus tempos históricos. Tanto Charles Baudelaire, escrevendo sobre o flâneur, quanto o historiador do século XXI, escrevendo sobre a cultura funk paulista estão, em medidas diferentes, estão fazendo a História do Tempo Presente. Para Jean-Pierre Rioux, a História do Tempo Presente é “um vibrato do inacabado que anima todo um passado, um presente aliviado de seu autismo, uma inteligibilidade perseguida fora de alamedas percorridas” (1999) e o historiador deve, nesse sentido, se atentar a recusa do que é efêmero de modo a ser protagonista na redação da História e não os jornalistas que possuem as informações nas mãos mas, realizam análises superficiais, momentâneas e enviesadas. Domínio ainda em consolidação na academia, a História do Tempo Presente é para Eric J. Hobsbawm, um dos maiores historiadores do século XX, uma necessidade “ainda que seja para salvar do esquecimento, e talvez da destruição, as fontes que serão indispensáveis aos historiadores do III milênio” (1998). Com base nas obras sobre o tema é possível salientar que o exercício da inserção tanto do flâneur, quanto do rolezeiro se dá nos seus referidos tempos históricos, então, na chave da experiência no/do espaço urbano que com seus ritmos e traços característicos moldam estes sujeitos, ao passo que, estes sujeitos também moldam as referidas cidades, não existindo, assim, uma relação hierárquica entre o homem e o espaço, mas, uma relação de dupla troca em que a temporalidade se afirma, ademais, como um elemento de suma importância, tendo em vista, que sociedade, espacialidade e temporalidade são produtos de construções sociais de longa duração. Isto é, estes três elementos (sociedade, tempo e espaço) são resultados de interações sociais, das quais o flâneur e o rolezeiro desempenharam papéis significativos, cada um a seu modo, com seu trajeto, seja caminhando pelas ruas de Paris, no século XIX, em meio a arte, jogatina, mulheres ou seja caminhando pelos corredores de um shopping center, em São Paulo, no século XXI.

Sobre imaginação e fantasia

Revista Música, 2016

Este estudo tem por objeto a Imaginação e a Fantasia entendidas como princípios de representação nas artes visuais, e enfocada num recorte temporal que parte do Maneirismo ao advento do Rococó. Como ferramenta de análise optou-se pela observação da ornamentação de origem fitomórfica. Nesta abordagem a condição seminal da Fantasia está atrelada historicamente ao conceito de desenvolvimento e variação, que indica uma articulação de gênese criativa direta para com a Fantasia. Desenvolvida como um "Corpus" com auto-suficiência estrutural, o ornamento entre os séculos XVI e XVIII derivou numa maneira rigorosa de organização das formas e ordenou linguagens distintas. Como resultado observou-se o desenvolvimento de um gosto regido por afinidades com as variações da curva e também o advento da transição do ornamento enquanto elemento agregado para a condição de estrutura. O estudo é situado num recorte temporal quando, por um princípio de primazia técnica, se privilegiou o gosto pela imagem de caráter pictórico em sobre a linear.

Escalas de observação e utopias ibéricas

A escala é um elemento contido nos mapas e que passa a ser essencial, mesmo que não ainda não se generalize, na cartografia do Renascimento. Seu uso, porém, está presente mesmo quando não explicitado pelo cartógrafo. A redução do objeto – independentemente da escala adotada – serve à sua inteligibilidade, como afirmou Bernard Lepetit. A partir do desenvolvimento dessas considerações, que fundamentam o trabalho tanto do produtor de mapas quanto do historiador, analisam-se as utopias cristãs ibéricas. São privilegiados levantamentos cartográficos e relatórios produzidos durante a União Ibérica que serviram aos reis espanhóis como fontes de informação sobre os domínios portugueses na Índia e no Brasil. Mais do que dados sobre a produção agrícola ou extrativista de cada região, ou de suas condições de defesa, esses documentos expressam os anseios de implantação de sociedades católicas fora da Europa, destacam a necessidade de purificar as novas terras de seus habitantes indóceis ou de convertê-los e fixam as promessas resultantes da crença em um lugar a construir.

Subjetivações: Entre Os Passos, O Percurso e as Linhas

Revista Teias, 2014

Por quanto tempo ficaremos aqui? Eu e elas, sim, eu e elas. Algumas delas são tão calmas, tão serenas, que me querem ver voar. Nestas horas elas me sorriem, e meu mundo se povoa de azul, azul bebê, azul clarinho, amáveis, frágeis, singelas e, outras vezes, tão desesperadas, intransigentes, agressivas; elas gritam, uivam forte, são intensas, tão intensas. E agora me pergunto, será que existe espaço? Este lugar parece tão confuso, o ambiente é iluminado e também sombrio, as horas são ininterruptas, não há mais como parar, um círculo se abre dentro de um anel imenso, a vista às vezes é inebriada, e constantemente preciso fugir. As linhas das formas se cruzam, se entrelaçam; cruzamento transversal, brilho, voz, vontade e tem, também, esse vento que traz ar de tranquilidade, e esse verbo que se forma frase, e essa virtualidade, que se fazendo alegoria torna-se aos poucos pulsação entre os encontros. Elas vão e voltam, habitam vários espaços, cidades imaginárias, e em muitas vezes são capazes de ficar tão quietas que parecem morrer. Nestas horas, nestes minutos, neste tempo infinito, elas me aprisionam e parece que gostam disso. Elas se deslumbram, têm tanta força. No fundo elas sabem que eu as desejo. Por vezes elas somem, ficam vários dias no deserto. Elas argumentam que precisam escavar buracos, correr atrás nos labirintos. Elas não têm regras, são livres, são soltas, apenas percorrem (*) Trabalho apresentado ao curso de Pós-graduação em Educação do Instituto Federal Sul-riograndense como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Educação, sob orientação do Professor Dr. Roger Albernaz de Araújo. (**) Aluna do curso de Especialização em Educação do IFSUL, Licenciada em Ciências Sociais, aluna regular do Mestrado Profissional em Educação e Tecnologia do IFSUL.