"Lo que bota el mar no tiene dueño": Territorialidades costeiras e implicações da privatização do mar entre comunidades originárias do Sul do arquipélago de Chiloé, Chile. (original) (raw)

Bolívia x Chile e o acesso soberano ao mar: um conto inacabado

As "velhas questões" da Guerra do Pacífico continuam vivas e insurgindo face a soberania estatal, no que diz respeito à Bolívia e ao Chile. Em 24 de abril de 2013, a Bolívia representou o Chile na Corte Internacional de Justiça, localizada em Haia, no que diz respeito a obrigação do Chile para "negociar" o acesso soberano da Bolívia ao Oceano Pacífico. Ocorrida entre 1879 e 1883, esta guerra teve suas origens nas desavenças entre estes países que disputavam o controle de uma parte do deserto de Atacama, rica em recursos minerais. Este território era controladao por empresas chilenas com capital britânico e o aumento das taxas sobre a exploração mineral logo se transformou numa disputa comercial, que culminou com uma crise diplomática e a guerra. As fronteiras entre Chile e Bolívia foram motivo de muitas controvérsias depois da descolonização. Bolivianos e chilenos discordaram quanto à soberania da região, embora já houvesse exploração de companhias chilenas. Em 1866, foi assinado um tratado em os países estabelecendo limites territoriais, seguido de novo tratado em 1874. Em 1878, o então presidente boliviano Hilarión Daza decretou um aumento de taxas sobre as companhias chilenas que exploravam o litoral boliviano, retroativo ao ano de 1874. A empresa boliviana Antofagasta Nitrate & Railway Company se recusou a pagar a sobretaxa o governo boliviano ameaçou confiscar todas as suas propriedades. Como consequência, o Chile enviou um navio de guerra para local o que levou a Bolívia a decretar o sequestro dos bens da empresa, anunciando o leilão para o ano seguinte. Em 1879, a Bolívia, aliando--se ao Peru, declarou guerra ao Chile. O conflito se estendeu até 1883 culminando com a vitória chilena, que com isso

Os donos do Mar(anhão): herança política e poder local em um Estado brasileiro

Revista NEP - Núcleo de Estudos Paranaenses da UFPR

Fruto de parte de tese de doutorado, o trabalho aborda diferentes dimensões de poder da família Sarney no Maranhão ao longo de meio século. Após ser eleito governador do Maranhão em 1965, José Sarney inicia um período chamado na literatura política local de sarneysísmo, no qual uma família deteve as mais privilegiadas posições de poder não apenas político, mas também em diferentes áreas sociais. Para tanto, alguns parentes foram fundamentais para a continuidade do processo, que se inicia por volta da década de 1950, com seu pai, o desembargador Araújo Costa. Dos três filhos de José Sarney, dois aventuram-se na esfera política, sendo Sarney Filho deputado federal por nove mandatos consecutivos e a filha, Roseana Sarney, eleita para os cargos de deputada federal, governadora do Maranhão e senadora da república. Atualmente, Adriano Sarney, neto do ex-presidente, é deputado estadual no Maranhão. Seu outro filho, Fernando Sarney, é o principal acionista do maior grupo de comunicação do e...

Bolívia e Chile: Reflexões geopolíticas sobre o litígio marítimo

Boletim OPSA, n.1. Jan./Mar. ISSN 1809-8827, 2017

O presente artigo busca fazer uma análise dos impactos da Guerra do Pacífico para as relações entre Bolívia e Chile, com o ressurgimento dos debates e conflitos diplomáticos, entre os dois países, a partir da iniciativa Boliviana de uma saída ao Mar. A Guerra do Pacífico foi um acontecimento que deu força ao litígio nas relações diplomáticas e geopolíticas da Bolívia e do Chile, visto que o conflito gerou uma questão de soberania territorial e definição de limites de difícil encaminhamento nos anos posteriores. Tendo sido iniciado em 1879, este conflito deu ao Chile, em menos de cinco anos, toda a região que corresponde hoje ao norte do país, território que anteriormente era divido entre o Peru e a Bolívia. O conflito teve primordialmente motivações econômicas, por um maior acesso aos recursos estratégicos encontrados na região. No entanto, com a vitória chilena, neste conflito, a Bolívia perdeu a sua soberania territorial, numa região de acesso direto ao mar, além de seus portos. Desde então, a Bolívia tenta reverter essa situação de enclausuramento territorial em que vive desde a Guerra do Pacífico de 1879. Nesse marco, a Convenção do Direito do Mar de 1982, assim como uma série de acordos bilaterais com o Chile e o Peru, outorgaram à Bolívia direitos universais e especiais, ambos referentes ao seu acesso livre ao mar.

Añaretã, añaretameguá" : uma leitura sobre a colonialidade em Mar Paraguayo

2017

O presente trabalho faz uma leitura da obra Mar paraguayo (1992), do escritor paranaense Wilson Bueno, a partir dos efeitos da colonialidade – do poder, do saber e do ser – (QUIJANO, 1992) sobre a personagem protagonista. A obra é emblemática na literatura brasileira devido a sua hibridez característica, tanto no nível da linguagem quanto no da construção da personagem. Narrativa poética, escrita em português, espanhol, portunhol e guarani, ou em portunhol selvagem, a narrativa em primeira pessoa reproduz um monólogo oral realizado pela “marafona de Guaratuba”. Essa publicação pode ser considerada uma literatura escrita alternativa (LIENHARD, 1990), dado que se insere nas margens da cultura escrita hegemônica de matriz europeia, antecipando as literaturas escritas pelos próprios grupos indígenas marginalizados. Pretende-se, então, a partir de referencial teórico situado geopoliticamente (CUSICANQUI, 2010; JECUPÉ, 2017; FANON, 1978; MBEMBE, 2014.) compreender a condição ontológico-ex...

Geografia, despolitização e autoritarismo no processo de regionalização chilena (1973-1978)

Revista de Educação, 2019

Dentro do contexto autoritário chileno a regionalização significou vários tipos de desdobramentos geográficos, uma vez que, por um lado, condicionou uma forma particular de gestão do território do Estado-chileno e, por outro, configurou e legitimou um racionamento científico das novas unidades espaciais desdobradas em todo o território nacional. Neste trabalho organizamos uma problematização da nova demarcação regional do período e os diferentes dispositivos comandados pela Comissão Nacional de Reforma Administrativa (CONARA). Se analisam, assim, os fatores autoritarios e de despolitização inseridos na nova infraestrutura territorial constituída hierarquicamente por membros do Exército do Chile e outros segmentos castrenses e civis profissionais, entre eles, geógrafos. ¿Cómo operou o saber geográfico nas práticas políticas da regionalização? É a pergunta de fundo que tentamos desnaturalizar e reconstruir epistemologicamente.

Mar de quem? Crítica, sentimentos de (in)justiça e justificações em um conflito ambiental: empreendimentos portuários vs. pesca artesanal no litoral sul do Espírito Santo, Brasil

Disputas em torno de três grandes projetos de desenvolvimento em curso no litoral sul do Espírito Santo, Brasil, e três comunidades de pescadores artesanais são o tema de pesquisa de que trata este artigo. Baseado em trabalho ainda em andamento, propõe-se o conceito de conflito ambiental para analisar essas disputas e suas decorrências, interpretando-o como categoria híbrida de sociedade e natureza e buscando reforçar sua carga cosmopolítica. A partir dessa perspectiva, sugere-se um quadro analítico que considera a crítica como manifestações enraizadas no contexto social e que se baseiam em sentimentos de justiça/injustiça. Após análise preliminar de informações obtidas em pesquisa de campo, verifica-se que os sentimentos de justiça/injustiça que estão na base da crítica social se constroem a partir da (e na) relação sociedade-natureza, configurando uma diversidade de concepções de justiça que não pode ser reduzida às concepções de justiça como bem comum, ou como uma noção de justiça que se impõe ao conjunto da sociedade como forma capaz de solucionar conflitos. Ao contrário, a copresença problemática de práticas permite sugerir a noção de cosmojustiça para expressar a diversidade irredutível de sentimentos de justiça/injustiça na realidade estudada.

Travessias antropologicas do alem-mar: Pos-colonialismos em portugues

2018

This thesis presents the research carried out between the years 2014 and 2015 on anthropology in Portugal. It has focus on the period 1980 to 2015 and particularly in establishing relationships with anthropology practiced in Brazil. The methodology includes literature reviews, consulting archives, interviews with anthropologists and participant observation in classrooms and academic meetings. The text proposes approaches and reflections on the relations between Brazilian and Portuguese anthropologies in the last forty years. Produces brief historical review of the institutionalization of the Portuguese anthropology and analyses the privileged relations between the Brazilian and Portuguese anthropologies. There is a presentation of the participating institutions and agents of Lusophone networks being established since the 90s while focused on the relations between Brazil and Portugal as part of postcolonial processes of production of anthropological knowledge.