Coloquio: Libros de viajes: entre el conocimiento del mundo, la creación et dominación (original) (raw)
Related papers
As viagens como espaços de construção de conhecimento (sećulos XVI e XVII
2019
Os estudos sobre viajantes[ii] preenchem os campos acadêmicos desde décadas remotas. Entretanto, ainda é bastante relevante revisitar esse tema através de novas perguntas. Uma delas intenta saber a importância e o papel dessas viagens e expedições para a conformação do conhecimento natural e da própria ciência. Vale ressaltar que, a historiografia que se debruça acerca das expedições científicas tem se atentado a um recorte temporal bastante específico, que em geral engloba os séculos XVIII ao XX. Esse foco dado pelos intelectuais é justificável pelo processo de especialização das ciências, que se acirrou a partir do século XIX, mas que desde o século XVIII, por conta de obras como Systema Naturae (1735) de Linneaus, passou a ganhar um caráter mais padronizado, com métodos de organização e classificação da natureza. Ainda assim, é preciso reafirmar que, antes de obras e métodos que marcaram o processo dessa especialização, existiam outras formas de se conhecer, observar, descrever e se relacionar com a natureza e com o mundo. Steven Shapin, levanta considerações fundamentais para se pensar na complexidade do nascimento da ciência moderna. Em sua obra A Revolução Científica (1996), Shapin acredita não ter existido uma "essência" da ciência no século XVII, ou mesmo uma descontinuidade radical do pensamento, que passaria a ser qualificado como revolucionário. Segundo a visão mais atualizada dos historiadores, o que existiu no século XVII foi um leque diversificado de práticas culturais empenhadas em compreender, explicar e controlar o mundo natural, cada uma delas com diferentes características e cada uma experimentando diferentes modalidades de mudanças. (SHAPIN, 1999 [1996] p. 25) Para o autor, a ciência é uma atividade social, não apenas em seus aspectos "externos", mas também nas suas práticas de produção de conhecimento. Logo, é através da crítica a uma suposta descontinuidade radical do pensamento que Shapin pensa o nascimento da ciência moderna, usando como exemplo de seu estudo os cientistas seiscentistas, que compartilhavam de pensamentos e práticas de antigos e modernos. Dessa maneira, o historiador ressalta a importância da dimensão não apenas intelectual, mas sobretudo prática da ciência, mediadas por aspectos sociais. Se pensadas através desse mesmo raciocínio, as viagens que foram empreendidas no início da colonização das Américas, sobretudo entre os séculos XVI e XVII, podem servir como exemplos empíricos para se repensar o papel da conformação de um conhecimento natural, que dependia de atores, técnicas e saberes diversos, para se consolidar. Quando pensamos, por exemplo, no cenário atlântico de meados do século XVI, podemos resgatar algumas viagens de extrema importância para a consolidação do mundo colonial português na América. Os relatos do jesuíta José de Anchieta (1534-1597) e do padre Manoel da Nóbrega (1517-1570), dentre outros tantos religiosos e naturalistas, como Gabriel Soares de Souza (1540-1591), Pero de Magalhães Gândavo (1540-1579) e Frei Vicente de Salvador (1564-1636)-para citar alguns poucos exemplos-, eternizados pela historiografia, nos dão indícios da paisagem, dos animais, da língua, da geografia, do clima, entre outras características das terras desse Novo Mundo. Evidentemente, as referências filosóficas e teológicas que baseavam o pensamento e a visão de mundo desses atores estavam muito correlacionadas a autores clássicos da antiguidade, como Aristóteles, Ptolomeu e Plínio. A Fechar Imprimir
E-Book Turismo, campo de reflexões teóricas & diálogos de saberes
O relatório de competitividade do setor de viagens e turismo, também chamado de índice de competitividade turística, foi publicado pela primeira vez em 2007 pela WEF e hoje tem edição bianual, sendo o relatório de 2015 o mais recente. As empresas virtuais deram sentido ao termo “a nova economia”, cujo significado pode ser sintetizado como uma nova forma de organizar e gerir as atividades econômicas empresariais com base nas novas oportunidades trazidas pelo fenômeno da internet. No artigo intitulado Preparing for the New Economy: Advertising Strategies and Change in Destination Marketing Organizations, de Ulrich Gretzel, Yu-Lan Yuan e Daniel Fesenmaier (2000), os autores destacam que a evolução das tecnologias de informação e comunicação (TIC’s) e a globalização são alguns dos fatores chave das mudanças no comportamento do consumidor e dos turistas do novo milênio, fatos esses que forçam as organizações e os destinos turísticos a se adaptarem a um novo contexto. O novo perfil do turista, denominado de turista inteligente, já que faz uso dos seus próprios dispositivos digitais, utiliza seus smartphones para acessar a infraestrutura de informação fornecida no destino ou virtualmente, a fim de agregar valor às suas experiências (López de Ávila, 2016). Nessa direção, as tecnologias de informação e comunicação são, sem sombra de dúvidas, a chave para o desenvolvimento do turismo inteligente. Todavia, enquanto a noção de turismo inteligente só se tornou popular recentemente entre acadêmicos e profissionais, as TIC’s, com a capacidade de apoiar o turismo de uma forma inteligente, foram discutidas, desenvolvidas e concebidas por um longo tempo (Gretzel, 2011).
Metamorfoses - Revista de Estudos Literários Luso-Afro-Brasileiros, 2019
A publicação de relatos de literatura de viagem tem atingido números significativos nos últimos anos na literatura portuguesa. Associados muitas vezes a projectos mediáticos (documentários, colaboração escrita com periódicos…) ou à condição mediática dos próprios autores, com consequências diversas ao nível do registo e da qualidade de escrita, em quase todos os textos ocorre como nota dominante a da viagem, empreendida por um sujeito raramente desinformado relativamente ao destino a visitar. Interessar-nos-á descortinar o modo como as narrativas que nos propomos estudar se relacionam com outros textos que convocam. Referimo-nos, em primeiro lugar, à existência prévia de relatos sobre determinados destinos que se retomam através da reescrita de uma nova viagem. Sirva-nos de exemplo o livro de Joaquim Magalhães de Castro, Viagem ao Tecto do Mundo-o Tibete Perdido e o seu cruzamento com o testemunho dos primeiros viajantes jesuítas. Anotamos ainda uma forma de viajar determinada pelo gosto pela literatura e pelo reencontro com os espaços e vivências dos seus autores. Seleccionamos, então, "A Inglaterra Literária" em Passaporte de Maria Filomena Mónica, com a "visita" a Charles Dickens, a Robert Stevenson, Emily Brontë ou Thomas Hardy, a que se junta o sublime encontro com as livrarias de Hay-on-Wye. É com Périplo, escrito por Miguel Portas e com fotografias de Camilo Azevedo, que terminamos, tentando compreender de que modo a afirmação do autor: "Ler em viagem sobre os lugares da própria viagem é uma experiência que recomendo vivamente" (PORTAS, M.,
As feiras internacionais do livro como espaço de diplomacia cultural
Resumo: O trabalho pretende analisar como as feiras internacionais do livro são um espaço propício para conhecer dinâmicas dos campos literário e editorial, mas também para ver quais as funções de editores e escritores e para identificar as implicações de tipo político, econômico e cultural que as tornam um espaço propício para a diplomacia e uma ferramenta útil para o soft power de um país. Para tal, focaliza-se o caso do Brasil. Palavras-chave: feiras internacionais do livro, diplomacia cultural, soft power, Brasil. Abstract: : This paper analyzes how international book fairs are a conducive place to leam about the dynamies of literary and editorial fields and at the same the functions of editars and writers, identiying time it examines the type of political, economic and cultural implications that make them suitable to diplomacy and a useful tool for the soft power of a country. To this end the case ofBrazil is focused. Key-words: International Book Fairs, Cultural Diplomacy, soft Power, Brazil
Os livros de viagens medievais
Resumo: Quando tomados no seu todo, os livros de viagens medievais formam um género multifacetado. São obras de carácter diverso, que têm na sua base propósitos igualmente diferenciados. No entanto, ainda que de forma variável e sem qualquer padrão estabelecido, o recurso comum a um conjunto de procedimentos narrativos garante aos textos que compõem este género diversificado uma forma literária autónoma no panorama da prosa medieva. Uma forma literária que, na essência, oferece uma visão bastante clara da concepção do mundo e da realidade na Idade Média, ao mesmo tempo que constitui uma fonte incontornável para compreender aspectos muito diversos da cultura medieval. Taken as a whole, the medieval travel books form a multifaceted gender. They are works of diversified traits, elaborated with equally different purposes. Nevertheless, although changeable in form and without a fixed pattern, the common use of a body of narrative procedures gives the texts that form this diversified gender an autonomous literary form in the medieval prose panorama. A literary form that, in its essence, offers a very clear vision of the conception of the world and of the reality in the Middle Ages, and simultaneously is a fundamental source to understand several different aspects of the medieval culture.