Ocultismo e Protestantismo na Islândia: Tendências iconófilas de contextos não-icônicos (original) (raw)

Sobre Ocultismos e Protestantismos: Islândia, Brasil e França

Protestantismo em Revista, 2008

A primeira observação com relação ao texto de Chistophe Pons é sobre a reunião da Sociedade Psíquica (Sociedade de Pesquisa sobre a Alma de Reykjavik) que ele nos apresenta. Aos moldes de uma descrição etnográfica densa, o autor nos conduz a visualizar o ambiente em seus detalhes e as pessoas em suas singularidades, buscando familiarizar o leitor com a cena. Essa se passa na capital da Islândia ambiente a princípio não-familiar inclusive para muitos europeus.

Islã: práticas religiosas e culturais

HORIZONTE, 2015

O texto propõe uma narrativa que demonstra como as fronteiras entre a religião e a cultura são fluidas, tendo como ponto de partida as observações, por mim realizadas, na comunidade islâmica em Portugal e que aqui construo a partir de excertos de minha tese de doutorado. Ainda que pesem as divergências e as complexidades do grupo de muçulmanos em Portugal, devido às suas procedências, vertentes islâmicas e movimentos, serão os muçulmanos guineenses os protagonistas nesse artigo por se tratar de um caso de migração contínua naquele país, resultando num aumento dessa população em Portugal. E que, de certa maneira, vem exemplificar a fluidez das relações religião/ cultura, pelas próprias práticas advindas de suas culturas particulares. E mais, como maioria muçulmana procedente de uma mesma região geográfica, reproduzindo traços étnicos, sofrem um processo de segregação, não somente da sociedade mais ampla de acolhimento mas também do grupo religioso islâmico estabelecido em Portugal, o que vem gerar uma situação de conflito.

Índios Missionários: Cultos Protestantes Entre os Xicrin do Bacajá

CAMPOS - Revista de Antropologia Social, 2005

Os Xikrin nunca tiveram a experiência da evangelização: nunca conviveram com missionários protestantes em sua aldeia. No entanto, atualmente eles têm aderido a uma prática protestante, que inclui cultos nos fins-de-semana no espaço interno da aldeia, e a formação de jovens pastores no que denominam "cursos", junto a missionários, mas no exterior da aldeia, em um sítio em São Félix do Xingu. Não se constituindo numa "imposição" externa, esse movimento de conversão tem que ser entendido a partir de suas motivações ao estabelecer essa nova modalidade de relações internas e externas, práticas rituais e visão de mundo. Para isso, deve-se buscar na prática religiosa, nas relações que ela estabelece e nas expectativas voltadas à conversão uma compreensão desse movimento, que é de fato uma segunda tentativa de internalização de um ethos crente, e que, portanto, tem em si um caráter flutuante. Esse texto busca entender o que está por trás dela, sem recorrer a uma abordagem de perdas ou de coerção; ao contrário, mesmo que não se possa saber qual vai ser seu lugar no futuro desse povo, já que a instituição de uma prática crente é recente, tenta sugerir modos de compreender o que os leva a se dirigir a uma relação com os missionários e com o cosmos por eles pregados.

O paganismo escandinavo entre a percepção e a imaginação

História Revista, 2019

Ao tratarmos da cultura religiosa na Europa setentrional no período alto-medieval deparamo-nos com uma condição singular no que tange a natureza das fontes textuais disponíveis ao historiador. Estas são todas constituídas por relatos produzidos por agentes externos à cultura escandinava, ainda que em contato com esta. Assim, os documentos centrais para o conhecimento das práticas religiosas levadas a cabo no espaço escandinavo acabam por constituir um corpus ao menos “problemático” em relação ao objeto que se propõe a investigar. Tais questões são fundamentais, todavia, pois têm gerado uma gama de debates em torno da fiabilidade das fontes textuais, sobretudo diante da diversidade de informações oferecidas pelas investigações de natureza distinta, como a arqueologia ou a linguística. Ainda mais interessante nesse contexto parece ser o caráter quase sempre intermediado das informações registradas pelos autores do continente europeu em relação aos costumes religiosos do Norte. Desse m...

Pentecostalismos em movimento. O (não) lugar religioso na modernidade

Horizonte, 2018

Na obra Pentecostalismos em movimento. O (não) lugar religioso na modernidade, a autora Dra. Fernanda Lemos 1 apresenta o movimento ocorrido em um trem de São Paulo, que um grupo de trabalhadores estabeleceu como local de culto. Desde os anos 80, o 4º vagão do trem da CTPM seria designado como "vagão dos crentes" e o nome do movimento "Cruzada Evangélica Interdenominacional nos Trens das Boas Novas-CEI" foi publicado no Diário Oficial do Estado de São Paulo em 20/12/1990. Esse movimento social de característica religiosa é composto por homens e mulheres de diversas confissões evangélicas de característica pentecostal, principalmente Assembleia de Deus, Deus é Amor, O Brasil para Cristo, Batista Renovada, dentre outras. A autora considera que esse movimento demonstra as novas possibilidades de criação de espaços ditos sagrados na pós-modernidade e sintetiza asseverando que a segregação entre espaços sagrados e profanos, parecem se "dissolver".

Pentecostalismo na IECLB - Precedentes Ignorados: Um Estudo de Caso

2002

Atualmente, na IECLB, muito tem se falado no reavivamento ou renovacao espiritual, em dons do Espirito Santo, em curas milagrosas, em “libertacao” da acao demoniaca e uma infinidade de outras bencaos que sao derramadas sobre os “renovados”. O quadro religioso que a IECLB esta vivendo e muito bem refletido na introducao do caderno “IECLB no Pluralismo Religioso”, com as palavras do P. Dr. Gottfried Brakemeier, proferidas na “Conferencia Luterana sobre o Espirito Santo”, em Ivoti/RS, em novembro de 1999: “A religiosidade esta em alta, a religiao esta em baixa”. A partir destas manifestacoes carismaticas surgem diversas discussoes, conflitos de fe e de interesses que mexem com as estruturas da Igreja como a conhecemos.

Quando a religião não é (não pode ser) mais unânime: uma etnografia das práticas discursivas dos ateístas no Brasil

Esta pesquisa tem como objetivo analisar a crítica ateísta à religião no Brasil, mobilizando metodologicamente a discussão de Daniel Cefaï sobre dinâmicas coletivas em torno de problemas públicos. Assim, procuramos demonstrar a regularidade discursiva presente na formulação ateísta brasileira ao identificar seus usos em diferentes arenas. Utilizamos como material empírico, de um lado, os memes produzidos por essa comunidade e depoimentos destinados a ela, que narram a ruptura com um pertencimento religioso; e, de outro, a atuação da Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos, seu "ativismo jurídico" engajado nas discussões a respeito da constitucionalidade da natureza confessional do ensino religioso público. Defendemos a existência de uma sensibilidade ateísta transversal a todas essas arenas, que se adapta por razões pragmáticas.

As superstições no reino suevo: considerações sobre o estudo da rejeição do “outro” religioso

Ao analisarmos documentos eclesiásticos produzidos no reino suevo no século VI, observamos um esforço de delimitação da fé ortodoxa, o que, por sua vez, ocasiona a rejeição de crenças e práticas, denominadas supersticiosas. Neste trabalho procuramos comentar as dificuldades no estudo da relação entre o cristianismo e as “outras” interpretações religiosas, apontando para as conclusões angariadas no decorrer de nossa pesquisa. Desta forma, ressaltamos a construção de um discurso ortodoxo no período e a relação de identidade e alteridade que se estabelece neste processo, entre a normativa clerical e a tradição e práticas locais.

Hesicastas e Estoicos: Características que Unem Estas Duas Tradições Espirituais/Filósoficas

Hesicastas e Estoicos - Características que Unem Estas Duas Tradições Espirituais-Filósoficas, 2024

A filosofia e a espiritualidade têm desempenhado papéis fundamentais na formação do pensamento humano ao longo da história. Entre as diversas tradições que emergiram, o Hesicasmo e o Estoicismo se destacam por suas abordagens profundas e práticas que buscam a paz interior, o autoconhecimento e a virtude. O hesicasmo, uma tradição espiritual da Igreja Ortodoxa, enfatiza a importância da quietude, da oração interior e da experiência mística como caminhos para a união com o divino. Por outro lado, o estoicismo, uma escola filosófica helenística, propõe que a razão e a aceitação das circunstâncias da vida são essenciais para alcançar a verdadeira felicidade e tranquilidade.