Native or non-native? That is the question: A complementary discussion to Saint-Paul (2017) (original) (raw)

2017, Acta of Fisheries and Aquatic Resources

Resumo Saint-Paul (2017) discutiu o cultivo de espécies nativas na produção aquícola brasileira argumentando que a seleção de espécies para sustentar a demanda nacional já é conclusiva. Porém, as espécies utilizadas, em sua maioria, não são autóctones da bacia hidrográfica onde são cultivadas e, portanto, não devem ser consideradas nativas. Destaca-se ainda, o risco das introduções entre bacias, em um país com dimensões continentais como o Brasil, que abriga várias ecoregiões e "Ramsar sites". Barreiras naturais são mais relevantes biologicamente que divisões geopolíticas, sendo assim, espécies brasileiras devem ser consideradas não-nativas quando introduzidas em uma bacia ou sub-bacia na qual ela não ocorre naturalmente. Além disso, híbridos não devem ser considerados nativos, pois podem comprometer populações nativas por meio de introgressões genotípicas. Diante disso, o objetivo do presente estudo é discutir o cultivo de espécies introduzidas de outras bacias brasileiras, demonstrando que a aquicultura no Brasil ainda precisa ser aprimorada, visando: i) tornar a aquicultura ambientalmente correta, principalmente em relação ao vazamento de resíduos para ambientes naturais; ii) regionalizar a produção estimulando o uso de espécies autóctones (e.g. dentro da menor escala biogeográfica possível) através da exploração do mercado local em pequenas e médias escalas; iii) evitar o cultivo de híbridos; iv) desenvolvimento tecnológico (prevenção de escapes e eutrofização ambiental) e v) mudança política e legislativa, adotando o Princípio da Precaução, considerando os efeitos da aquicultura na biodiversidade e nos serviços ecossistêmicos e principalmente levando em conta tratados do qual o Brasil é signatário. Por exemplo, a 10 a Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (CBD, Protocolo de Nagoya), onde Brasil e outros 192 países estabeleceram um Plano Estratégico e metas para reduzir a perda de biodiversidade em escala global-o Aichi Metas de Biodiversidade. Reforçamos que o uso de espécies nativas é preferível, porém, estas devem ser escolhidas levando em conta limites biogeográficos (bacias) e não limites geopolíticos. A presente situação da aquicultura no Brasil necessita de mudanças com novas e melhores práticas, do contrário a biodiversidade aquática brasileira poderá ser corrompida pela produção aquícola.