POSSAMAI & PAZ Bustos raciais... Linhas (original) (raw)

Paz & Possamai Bustos Raciais: Imagens-artefatos sobre o outro (1908-1945)

Revista Linhas

O presente artigo tem como objetivo discutir os aspectos de produção, circulação e consumo de bustos raciais, aqui denominados imagens-artefatos. Produzidos em escala industrial com a finalidade de representar as tipologias humanas, esses bustos foram utilizados nas escolas para ensinar sobre o outro. Nortearam a abordagem, os aportes teóricos e metodológicos da biografia social das coisas e do circuito social das imagens, além das noções de cultura escolar, cultura material e cultura visual escolares. O texto foi dividido em quatro partes: antecedentes e circulação dos bustos raciais; produção da empresa especializada em objetos para a educação, a Somso Modelle (Alemanha); possibilidades de modos de utilização e, por fim, o papel desses bustos como objetos da cultura material e da cultura visual escolar, dando centralidade a percursos já percorridos por outros autores. A pesquisa foi realizada no acervo do Museu e Arquivo Histórico La Salle (Canoas-RS) e considerou a documentação a...

POSSAMAI & JULIAO PATRIMONIO, RESISTÊNCIAS E DIREITOS

Simpósios Nacionais de História da Associação Nacional de História (Anph), quatro simpósios temáticos com o propósito de abordar a relação entre História, Museus e Museologia, organizados pelas autoras deste capítulo. A iniciativa partiu da avaliação da necessidade de se estabelecer um fórum dedicado exclusivamente ao tema, o qual vem ganhando atenção crescente na produção historiográfica no Brasil, e cujas problemáticas não se confundem, embora estejam inter-relacionadas, com as de outros simpósios temáticos da Anpuh sobre patrimônio. A acolhida por parte de pesquisadores e pesquisadoras demonstrou que, efetivamente, essa era uma demanda reprimida no âmbito do maior evento brasileiro da área de História. Embora os museus já fossem objeto de investigação na área, a exemplo dos estudos das próprias autoras, 1 o crescimento considerável de pesquisas neste campo pode ser tributado, em médio prazo, à consolidação das contribuições da história cultural no Brasil e ao boom de processos de patrimonialização, seguido do fortalecimento do debate sobre o tema no âmbito acadêmico. Em curto prazo, pode-se creditar 1 POSSAMAI, Zita Rosane. Nos bastidores do museu: patrimônio e passado da cidade

O CONCEITO DE PATHOS EM ZENÃO E CRISIPO

O objetivo deste trabalho é o de investigar o conceito estoico de pathos em Zenão e Crisipo. Trabalharemos com esses dois autores porque eles forneceram a base para o conceito de pathos usada por filósofos estoicos posteriores, além de uma mudança de rota conceitual. Para tal intento, usaremos como fonte os fragmentos dos estoicos antigos, encontrados no Stoicorum Veterum Fragmenta, e o texto de Richard Sorabji intitulado Zeno and Chrysippus on emotion.

POSSAMAI, Zita R. Cidade fotografada

Resumo: Esse artigo pretende, através de uma revisão bibliográfica, discutir a relação entre história, fotografia e cidade na tentativa de propor novas perspectivas de abordagem e questões teóricometodológicas para a produção do conhecimento histórico.

PISTIS SOPHIA - RAUL BRANCO

INFORMAÇÕES INICIAIS O manuscrito conhecido como Pistis Sophia (P.S.), merece ser considerado por todo estudante sério dos ensinamentos ocultos de Jesus e pelos pesquisadores de religião comparada. Pois, como será visto mais adiante, as lições ali transmitidas têm muitas semelhanças com as encontradas no Tantra Budista e na Vedanta, mormente nos seus aspectos mais velados. Esta correspondência entre os ensinamentos das diferentes tradições é observada por Blavatsky, que sugere ao estudioso: "Leia Pistis Sophia à luz do Bhagavad Gitâ, do Anugita e de outras escrituras; e, então, os ensinamentos de Jesus no Evangelho gnóstico (P.S.) se tornarão claros, desaparecendo incontinente os véus do texto literal." 1 Ademais, as maiores autoridades do primitivo cristianismo têm acentuado que P.S. constitui-se num dos mais importantes monumentos do gnosticismo, às vezes reconhecido como o próprio cristianismo primitivo, mercê da profundidade, beleza e inspiração de seus ensinamentos, que contam também com a vantagem de provirem, em primeira mão, dos próprios gnósticos e não de extratos de obras de seus detratores. Como será visto, a obra, devidamente interpretada, oferece a comprovação cabal de alguns fatos anteriormente sugeridos por outros estudiosos. Primeiramente, a cosmologia de Pistis Sophia é mais rica e abrangente do que a apresentada pelas diferentes escolas gnósticas conhecidas, inclusive a de Valentino. Este esquema cosmológico não deixa nada a desejar às versões sugeridas pelas escolas orientais. Ao contrário, oferece detalhes sobre as funções das entidades macrocósmicas e de seus reflexos microcósmicos (os princípios do homem) nem sempre explicitadas por essas escolas. Em segundo lugar, o entendimento da cosmologia de P.S. e a correspondência numerológica de inúmeras expressões em grego, abrem uma nova era para o estudo dos textos mais esotéricos da Bíblia, especialmente o Evangelho de João e o Apocalipse, infelizmente tão pouco compreendidos. Em terceiro lugar, a apresentação dos princípios do homem, no contexto da peregrinação da alma assediada por seus princípios inferiores, confirma o que Jung já havia declarado, ou seja, que os textos gnósticos eram profundos tratados de psicologia. Jung chegou a declarar que havia encontrado nestas fontes a inspiração para grande parte de seus 'insights' reveladores sobre a psicologia humana. Finalmente, P.S. comprova que existe uma profunda semelhança entre os ensinamentos de Jesus e Buda. A ênfase dada à compaixão pelos dois mestres é conhecida de todos. Porém, P.S. revela um nível de paralelismo pouco conhecido: a salvação da alma está diretamente ligada à transformação dos estados mentais; o homem é prisioneiro do caos (as perturbações da mente condicionada pelo mundo material) devido à ignorância e só pode alcançar a libertação através da renovação de sua mente, culminando na integração de seus princípios inferiores e superiores. Esta linguagem, aparentemente budista, faz parte dos ensinamentos de P.S. Grupos de estudiosos das doutrinas esotéricas de Jesus sugerem que o códice foi elaborado a partir da compilação de reminiscências de ensinamentos de Jesus captados diretamente por seus discípulos, que teriam sido transmitidos após a sua morte, quando o Mestre estaria, então, revestido de um corpo sutil. Aliás esta revelação encontra-se expressa no próprio texto. É quase certo que os ensinamentos originais foram ministrados em aramaico, a língua corrente na Palestina na época em que Jesus predicava. É provável também que, em virtude de circunstâncias históricas, o livro que resultou desses apontamentos originais, acrescidos do registro de recordações e dados posteriores adicionados pelos apóstolos, tenha sido escrito em grego, a língua culta da época. Esta tese da compilação do texto em grego é reforçada pelas extensas correlações do valor numérico de palavras e expressões em grego, que oferecem uma chave adicional para a interpretação de vários aspectos dos ensinamentos nele contidos. Mais tarde, uma versão grega foi levada para uma das comunidades esotéricas gnósticas do Alto Egito, tendo sido transladada para o copto, a língua local da época. Finalmente, esta última versão, que a divina providência houve por bem conservar, chegou até nós. Desta forma, a versão atual em português, transposta do inglês, já seria a quinta na cadeia lingüística de transmissão. Em sua introdução à obra, Mead sugere que a teoria mais aceita pelos eruditos é a de que o texto original teria sido composto em grego e elaborado em data ou datas que variam entre a primeira

PAULO LEMINSKI, DISCÍPULO DE BASHÔ

Revista Ícone, 2023

Resumo: O presente artigo apresenta uma leitura da biografia de Bashô escrita pelo poeta brasileiro Leminski (publicada com o título "A lágrima do peixe" em 1983 pela editora Brasiliense, republicada em 1990 pela editora Sulina no volume intitulado Vida e depois em 2013 pela Companhia das Letras). Esta leitura interpreta que, através do estabelecimento de um kôan ("enigma zen", em linhas gerais), o autor faz uma imersão na cultura japonesa, mais precisamente na cultura do período Edo. De início, serão apresentadas informações sobre Bashô e sua formação samurai, bem como o budismo zen e o haikai como gênero florescente. Logo após, analisaremos o que há de zen no texto de Leminski e o dô ("caminho", "técnica") cuja criação ele atribui a Matsuo Bashô: o haiku-dô.

Entre Tramas, Fios, Linhas e Bordados

ILUMINURAS

RESUMO A escrita etnográfica como um empreendimento do trabalho antropológico vai além da utilização de métodos e técnicas para a sua construção. Neste sentido, o presente artigo busca refletir sobre os atravessamentos do trabalho etnográfico e como a trajetória do(a) antropólogo(a) afetam e influenciam o seu processo de escrita. Para tanto, serão problematizadas as questões que envolvem a “objetividade científica" nos textos acadêmicos a partir da análise do percurso metodológico e de escrita utilizados na monografia “Artesanato e Design de Superfície dos Bordados da Caatinga em Dom Inocêncio no Piauí”, para a conclusão do bacharelado em Moda, Design e Estilismo da Universidade Federal do Piauí, no ano de 2018. Serão abordados para fundamentação deste artigo os meios que envolvem uma escrita etnográfica localizada e corporificada, a partir das noções de objetividade cientifica feminista propostas por Donna Haraway (1995), dos sentidos que desencadeiam o olhar, ouvir e escrever...

A Armilariose em Pínus no Brasil

2000

A armilariose é uma das doenças mais conhecidas no mundo. Esta doença é conhecida como uma podridão de raízes e pode ser encontrada em diferentes plantas hospedeiras. No caso de espécies florestais, já foi encontrada em coníferas como Abies,

AQUISIÇÃO E PERDA DA POSSE

Justifica-se a fixação da data da aquisição da posse por assinalar o início do prazo da prescrição aquisitiva e do lapso de ano e dia, que distingue a posse nova da posse velha. Para melhor sistematização do estudo, serão tratadas em um só capítulo sua aquisição e perda. Convém ressaltar, desde logo, a reduzida utilidade de se regular, como o fez o Código Civil de 1916, os casos e modos de aquisição da posse. Acolhida a teoria de Ihering, pela qual a posse é o estado de fato correspondente ao exercício da propriedade, ou de seus desmembramentos, basta a lei prescrever que haverá posse sempre que essa situação se definir nas relações jurídicas.