FRANZ KAFKA UMA BUSCA CONSTANTE PELO SER HUMANO E PELO MUNDO (original) (raw)

DISSERTAÇÃO. FRANZ KAFKA E OS CALUNIADOS PELA INDÚSTRIA CULTURAL (2018)

Resumo: No início do romance O Processo, de Franz Kafka, alguém calunia e detém Josef K. mesmo que ele não tenha feito mal algum. Frente a essa situação, K. procura saídas dentro de seu processo, sem conseguir identificar quem seria esse alguém caluniador. No percurso, ele estabelece contato com outros personagens que são igualmente acusados por um tribunal inacessível. A calúnia que atinge o protagonista mostra-se como uma acusação contra a coletividade. Os funcionários do tribunal, que aparecem nos espaços sociais do cotidiano – do trabalho à residência –, agem por toda parte contra K. e os acusados. Tendo isso em vista, pretendemos analisar os diálogos entre os acusados e Josef K., na perspectiva de desvendar os mecanismos de calúnia impessoal do tribunal kafkiano. Observamos que os escritos de Kafka, que datam das primeiras décadas do século XX, mantêm sua atualidade ao perceberem elementos culturais que permanecem na sociedade capitalista contemporânea. O absurdo processo de Josef K. oferece uma abertura histórica para pensar os caluniados contemporâneos, tanto no âmbito do direito penal quanto no âmbito social da dominação de massas. O esquematismo de uma máquina de calúnias – que identificamos como um fenômeno análogo ao da indústria cultural – revela a violência que permeia as instituições do Estado de direito, e que se oferecem à crítica de sustentarem uma igualdade jurídica formal, uma ficção da sociedade burguesa. Na luta de classes, o tribunal decide acima da lei, a qual aparece como forma vazia, insubstancial, sem conteúdo, instrumentalizando essa mesma lei para decidir o destino das coletividades oprimidas, caluniando K. e os acusados de ontem e hoje. Palavras-chave: Franz Kafka. Indústria cultural. Lei. Calúnia. / Resumén: En el principio de la novela El proceso de Franz Kafka, alguien calumnia y detiene a Josef K. aunque él no haya hecho mal alguno. Frente a esa situación, K. busca salidas dentro de su proceso, sin conseguir identificar quién sería ese alguien calumniador. En el recorrido, él establece contacto con otros personajes que son igualmente acusados por un tribunal inaccesible. La calumnia que golpea al protagonista se muestra como una acusación contra la colectividad. Los funcionarios del tribunal, que aparecen en los espacios sociales del cotidiano – del trabajo a la residencia – actúan por todos los lugares contra K. y los acusados. Teniendo esto en vista, pretendemos analizar los diálogos entre los acusados y Josef K., en la perspectiva de desentrañar los mecanismos de calumnia impersonal del tribunal kafkiano. Observamos que los escritos de Kafka, que datan de las primeras décadas del siglo XX, mantienen su actualidad al percibir elementos culturales que permanecen en la sociedad capitalista contemporánea. El absurdo proceso de Josef K. ofrece una apertura histórica para pensar los calumniados contemporáneos, en el ámbito del derecho penal y en el ámbito social de la dominación de masas. El esquematismo de una máquina de calumnias – que identificamos como un fenómeno análogo al de la industria cultural – revela la violencia que impregna a las instituciones del Estado de derecho, y que se ofrecen a la crítica de sostener la ficción de la igualdad jurídica en la sociedad burguesa. En la lucha de clases, el tribunal decide por encima de la ley, la cual aparece como forma vacía, insubstancial, sin contenido, utilizando esa misma ley para decidir el destino de las colectividades oprimidas, calumniando a K. y los acusados de ayer y hoy. Palabras clave: Franz Kafka. Industria cultural. Ley. Calumnia.

IDENTIDADE E ALTERIDADE EM FRANTZ FANON

SANKOFA, 2020

Resumo: A obra fanoniana é uma obra perpassada pelo problema político e por questões de reconhecimento na busca de uma apreensão mais ampla das totalidades que performam a situação colonial 2. No presente artigo buscaremos nos indagar sobremaneira sobre as questões de (ausência de) reconhecimento. Como se dá a construção do negro na situação colonial? Como lhe são negadas a um só tempo a identidade e a alteridade? Quais seriam suas vias de ruptura e tensionamento de acordo com Fanon? Tais respostas pressupõem um percurso que nos leve a compreender como, para citarmos Mbembe, o negro se tornou o cadáver da modernidade 3. Abstract: The Fanonian oeuvre is one trespassed by political issues as well as reconnaissance issues on a perenial quest for apreehension of the totalities that perform the colonial situation. In this present article we'll seek to question above all the (lack of) reconnaissance. How is the construction of black people and blackness in the colonial situation? How are they denied at once of both identity and alterity? Which are the ways they could brake free and tension this situation according to Fanon? Do such answers presuppose a course that lead us to understand how, to quote Mbembe, the black has become the cadaver of modernity?

A LITERATURA DESGARRADA DE FRANZ KAFKA (THIAGO BLUMENTHAL )

Dissertação / Programa de Pós-graduação em Teoria Literária e Literatura Comparada da USP, 2017

Procura-se detectar neste trabalho um modus operandi próprio de Franz Kafka (1883 – 1924) que permita justificá-lo dentro desta perspectiva que se adota como norte: uma literatura que se desgarra constantemente em seus desdobramentos internos, a saber, uma literatura ameaçada em sua própria lógica estrutural, na maneira como o narrador coloca em perigo sua matéria narrada. Mais do que isso, como a narração entra em colisão com seu criador, aquele que a narra, e como tal processo dá origem a uma porção de desdobramentos dentro ainda da mesma matéria ficcional, o que acaba por guiar o leitor, meio que às avessas, não a uma saída do dilema kafkiano, mas a um novo labirinto que lhe fornece um respiro de sobrevivência. O desgarre é sugerido na maneira como o narrador se desprende do narrado e abandona o leitor em múltiplos e novos becos sem saída – que bastam. Como a fortuna crítica de Kafka é bastante diversificada, a atitude adotada é a de traçar um histórico recortado da imensa bibliografia kafkiana e então filtrá-la de modo coerente e produtivo.

O CORPO (NÃO) HUMANO E SUA IMPORTÂNCIA NA QUESTÃO IDENTITÁRIA: O MONSTRO DE FRANKENSTEIN OU PROMETEU MODERNO

Raído, 2018

O presente artigo tem como objetivo a análise das concepções de corpo, suas bestializações e as questões de aceitação e formação de identidade que o envolvem, tomando como objeto de análise a obra de Mary Shelley - Frankenstein ou o Prometeu moderno. O estudo procurou uma discussão acerca do lado humano e não humano da criatura de Frankenstein, sua estrutura e comportamento corporal bestializados e sua identidade frágil, acompanhada de uma intensa agressividade. Para desenvolver o trabalho, foram utilizados como revisão de literatura teóricos que dissertam sobre corpo e identidade (Kathryn Woodward), bios e zoo (Giorgio Agamben) e comportamento corporal (Michel Foucault), além de uma comparação do processo de criação elaborado por Victor Frankenstein com o processo de criação divina do Homem.