Notas sobre o narrador midiatizado (original) (raw)

O quarto narrador, a morte da editora e midiatização das narrativas

Resumo: Observa-se a reconfiguração das vozes narrativas em uma perspectiva a um tempo midiatizada e sistêmica; sobretudo, jornalística. A hipótese é que processos de enunciação também se verificam a partir das operações do sistema midiático, aqui visto como detentor de voz narrativa, e não apenas no âmbito dos dispositivos que o integram. Chamaremos este narrador, em consonância com caminho de pesquisa identificado (SOSTER, 2014), de "quarto narrador". Ele será identificado por meio da análise das marcas enunciativas que produz em seus movimentos, tendo como objeto a repercussão midiática da morte da editora de efeitos especiais da série Game of Thrones -A Guerra dos Tronos, Katherine Chappel, em decorrência de um ataque de uma leoa ocorrido durante um safári na África do Sul, a 1º de junho de 2015.

O quarto narrador, a midiatização e as narrativas da violência

Intercom: Revista Brasileira de Ciências da Comunicação, 2017

Resumo O artigo observa formatos de narrativa que denominamos “narrativas da violência”. Tratam-se de estruturas sócio-técnico-discursivas de caráter simbólico cuja temática diz respeito a denúncias de violência praticadas contra mulheres, crianças, minorias sociais ou indivíduos integrantes destes extratos sociais. A hipótese é que as “narrativas da violência” são estratégias discursivas midiatizadas por meio das quais os sistemas incorporam irritações de natureza desagregadora, caso dos discursos de violência. Ao fazê-lo, ressemantizam as mesmas, contribuindo para a estabilidade sistêmica e permitindo a emergência de um quarto extrato narrativo a partir da categorização proposta por Genette (1988), na Literatura, e Motta (2013), na Comunicação. A abordagem metodológica é qualitativa (DEMO, 2000); a amostragem analisada, intencional por critério (FRAGOSO; RECUERO; AMARAL, 2011).

Seriado simulado em revista: apontamentos sobre a midiatização no formato digital de Bravo!

Este artigo tem como objetivo analisar os processos de midiatização na versão digital da revista de cultura Bravo! que, em agosto deste ano, foi relançada na internet, após três anos do fechamento na editora Abril. Ao acionar em si referências midiatizadas a partir de outro produto em emergência no momento, a série audiovisual, a revista busca legitimação por meio de novas narrativas e temporalidades, relativas ao contexto digital e serial. A Análise de Conteúdo nos permitiu fazer a pesquisa exploratória do site e buscar as associações entre as especificidades do jornalismo digital e a linguagem do seriado. Ao longo do trabalho, conclui-se que através da utilização de nomenclaturas como temporada e episódio, Bravo! propõe claras referências midiatizadas dando ênfase às relações possíveis entre o jornalismo cultural em ambiência digital e a cultura das séries.

O acontecimento midiatizado em circulação: apontamentos metodológicos

Questões Transversais – Revista de Epistemologias da Comunicação, 2018

Title: The mediatized event in circulation: methodological notes Este artigo apresenta um exercício reflexivo sobre orientações e desafios metodológicos encontrados em uma pesquisa sobre a circulação de sentidos em torno da mobilização Eu não mereço ser estuprada. Descrevemos e avaliamos métodos e técnicas da pesquisa utilizados: fase exploratória, mapeamentos e coleta, observação sistemática e interpretação dos dados. Discutimos conceitos que embasam a compreensão do que denominamos acon-tecimento midiatizado e as particularidades do estudo de caso de caráter midiático. Por fim, apresentamos algumas descobertas da investigação e pistas para pensarmos as metodologias de pesquisas sobre circulação midiática.

As narrativas de bicicleta como fenômeno midiático e a emergência do narrador midiatizado

Analisa-se as semioses que se estabelecem quando as narrativas de viagem; nelas, as narrativas de bicicleta, ou narrativas cicloturísticas (SOSTER, 2018), transformam-se em fenômenos midiáticos. Ou seja, no diálogo com Veron (2013) quando passam a ser veiculadas em dispositivos midiáticos (sites, redes sociais, livros etc.), adquirindo autonomia e persistência; estabelecendo relações, transformando e sendo transformadas neste movimento. A hipótese que nos move é que, quando isso ocorre, em decorrência da processualidade da midiatização, este modelo de narrativa é midiatizado, reconfigurando-se. Uma das faces desta reconfiguração é a emergência de um narrador midiatizado, que sucede o narrador moderno, de Benjamim (2012), e o pós-moderno, de Santiago (2002). Trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa, nos moldes de Demo (2000). O objeto analisado será o projeto Mochila & Bike, desenvolvido pelo cicloturista Aldo Lammel. Palavras-chave Narrativas; Narrativas de Bicicleta; Narrativas Cicloturísticas; Midiatização, Narrador Midiatizado Extratos narrativos reconfigurados Este artigo parte do princípio que a processualidade da midiatização, ao se interpor nas narrativas de bicicleta, transformando-as em fenômenos midiáticos, interfere também na deontologia dos extratos narrativos localizados no âmbito das processualidades internas dos dispositivos-primeiro, segundo e terceiro narradores, que explicitaremos adiante, midiatizando-os. Emerge, dessa forma, no percurso evolutivo iniciado por Benjamin (2012) e seu narrador moderno; e

Produção amadora e midiatização

Questões Transversais, 2022

Amateur production and mediatization: mediation and otherness Resumo A produção amadora de conteúdos com vista à inserção no panorama informacional tem levantado questões que dizem respeito à democracia comunicacional e à alteridade: ao mesmo tempo que permitem a publicização de temáticas, culturas e visões de mundo ao universo midiático, também suscitam uma disputa na produção de sentidos que pode se materializar num enfrentamento mais ou menos hostil. O papel de mediação historicamente delegado ao campo jornalístico, típico da sociedade dos meios, é colocado em xeque diante da incapacidade deste de processar as heterogeneidades sociais emergentes. Neste artigo buscamos articular a discussão da passagem para a sociedade em midiatização com o relativismo moral e o problema do estreitamento discursivo a partir da formação de circuitos alternativos de circulação de conteúdos-que apontam para fenômenos como o da pós-verdade e da proliferação de notícias falsas.

Olhares sobre a midiatização: entre o teórico e o empírico, entre o macro e o micro

Anais de Resumos Expandidos do Seminário Internacional de Pesquisas em Midiatização e Processos Sociais, 2020

Midiatização; observação; epistemologia da midiatização. Introdução Hoje, cada vez mais, encontramo-nos em uma "nova ambiência" sociocomunicacional (GOMES, 2008). Trata-se de um fenômeno de midiatização das sociedades contemporâneas, conceito que emerge como "um princípio, um modelo e uma atividade de operação de inteligibilidade social. Noutras palavras, a midiatização é a chave hermenêutica para a compreensão e interpretação da realidade" (GOMES, 2008, p. 21, grifo nosso), por revelar a natureza comunicacional das culturas e das sociedades. Em todo o mundo, nos anos recentes, o conceito de midiatização vem ganhando relevância acadêmica. Se a ideia de midiatização revela uma lógica mais complexa das sociedades contemporâneas, revela-se central, portanto, perceber "de forma global os processos de midiatização" (VERÓN, 1997, p. 15, grifo nosso). Nesse sentido, não há "uma única forma estruturante que explique a totalidade de seu funcionamento. A midiatização opera por meio de diversos mecanismos de acordo com os setores da prática social que interesse e produza, em cada setor, consequências diversas (VERÓN apud MATA, 1999, p.83, trad. e grifo nossos). Com