Atelectasias durante anestesia: fisiopatologia e tratamento (original) (raw)

Uso do azul de metileno no tratamento de choque anafilático durante anestesia: relato de caso

Revista Brasileira de Anestesiologia, 2004

F o i i n i c i a d a r e a n i m a ç ã o cardiorrespiratória com massagem cardíaca externa, seguida de IOT e injeção de adrenalina (1 mg), atropina (1 mg), restabelecendo-se FC de 150 bpm, porém sem pulso palpável. Administrou-se mais 1 mg de adrenalina além de 1 g de hidrocortisona, com restabelecimento de pulso central (8 minutos). Apesar de receber dopamina (20 µg.kg-1 .min-1), o paciente manteve-se hipotenso (60 mmHg) até 80 minutos. Administraram-se 100 mg de azul de metileno por via venosa, quando houve aumento da PAS para 85 e 105 mmHg, após a segunda dose. Seguiu-se da diminuição da dose de dopamina de 20 para 10, 7, 5 e, finalmente, 2 µg.kg-1 .min-1. CONCLUSÕES: A anafilaxia tem como principal mediador a liberação de histamina, que induz a produção de óxido nítrico (NO), com conseqüente aumento da guanilato ciclase que promove vasodilatação arteriolar por aumento do GMP cíclico. O azul de metileno pode ser útil nestas situações, pois inibe a guanilato ciclase e conseqüentemente a vasodilatação, o que resulta em melhora hemodinâmica.

Efeitos hemodinâmicos da oclusão da aorta durante anestesia inalatória com isoflurano e sevoflurano: estudo experimental em cães

Revista Brasileira de Anestesiologia, 2006

A supressão do fluxo aórtico e sua posterior liberação em intervenções cirúrgicas da aorta ocasionam importantes distúrbios hemodinâmicos. O objetivo deste estudo foi avaliar essas alterações em cães anestesiados com isoflurano ou sevoflurano. MÉTODO: Foram estudados 41 cães, divididos em dois grupos segundo o anestésico empregado na manutenção com 1 CAM: GI (n = 21) isoflurano; GS (n = 20) sevoflurano. Foi realizada a oclusão aórtica por insuflação de balão intra-arterial infradiafragmático por 30 minutos. Os parâmetros hemodinâmicos foram observados nos momentos M1 (controle), M2 e M3, 15 e 30 minutos após a oclusão aórtica, M4 e M5, 15 e 30 minutos após a desinsuflação do balão. RESULTADOS: Durante a oclusão da aorta, observou-se aumento da pressão arterial média (PAM), da pressão venosa central (PVC), da pressão de artéria pulmonar (PAP), da pressão de capilar pulmonar (PCP) e da resistência vascular sistêmica (RVS) sem aumento da resistência vascular pulmonar (RVP) e do débito cardíaco (DC). O DC manteve-se mais estável com o isoflurano comparado com o sevoflurano, com o qual apresentou diminuição após a oclusão. A freqüência cardíaca teve diminuição inicial seguida de aumento durante a oclusão sendo em GS mais expressiva do que em GI, porém sem diferença significativa entre os grupos. O volume sistólico não teve grandes alterações; o trabalho sistólico dos ventrículos esquerdo e direito aumentou após a oclusão de for-ma semelhante nos dois grupos. Com a liberação do fluxo PAM, PVC, PAP, PCP e RVS diminuíram, a RVP aumentou nos dois grupos; o trabalho ventricular diminuiu abruptamente. CONCLUSÕES: O estudo demonstrou ser o isoflurano mais bem indicado nessas intervenções cirúrgicas por causar menores alterações hemodinâmicas.

Biometría Pulmonar en Embriones De Octava Semana Del Desarrollo

2016

Introduccion: El desarrollo pulmonar, proceso complejo y altamente organizado, constituye una atractiva y dinamica area de investigacion constante. Metodologia: estudio descriptivo, transversal y correlacional realizado en nueve embriones humanos de semana ocho, pertenecientes a la Embrioteca de la facultad de Medicina de Villa Clara. Los especimenes se procesaron histologicamente por tecnica de parafina, procedentes de interrupcion del embarazo por Misoprostol, digitalizados sus cortes y medidos las secciones seriadas de los pulmones mediante las opciones de area y distancia del software Escopephoto 3.0; para el calculo del volumen se empleo el espesor del corte multiplicado por la sumatoria de areas parciales. Se utilizo la prueba de Mann-Whitney para la comparacion de volumenes. Resultados: la semana estudiada encontramos que los pulmones tuvieron predominio longitudinal y en el mismo eje hicieron sus mayores incrementos, el pulmon izquierdo incremento menos su eje lateral con...

Envelhecimento pulmonar acelerado em pacientes com obesidade mórbida

Jornal Brasileiro de Pneumologia, 2010

OBJETIVO: Determinar a idade pulmonar de pacientes com obesidade mórbida e compará-la com a idade cronológica desses pacientes, ressaltando o dano precoce da obesidade mórbida sobre os pulmões. MÉTODOS: Estudo transversal, prospectivo e aberto que envolveu 112 indivíduos: 78 pacientes com obesidade mórbida (grupo de estudo) e 34 indivíduos não obesos e com função pulmonar normal (grupo controle). Todos os pacientes realizaram espirometria para a determinação da idade pulmonar. A idade pulmonar e a idade cronológica dos indivíduos em cada grupo foram comparadas isoladamente e entre os grupos. RESULTADOS: A diferença entre a idade pulmonar e a idade cronológica no grupo com obesidade mórbida foi significativa (p < 0,0001; IC95%: 6,6-11,9 anos), com uma diferença média de 9,1 ± 11,8 anos. A diferença da idade pulmonar entre o grupo de estudo e o grupo controle foi significativa (p < 0,0002; IC95%: 7,5-16,9 anos), com uma diferença média de 12,2 ± 2,4 anos. A idade pulmonar demons...

Oxygen concentration and characteristics of progressive atelectasis formation during anaesthesia

Acta Anaesthesiologica Scandinavica, 2011

Background: Atelectasis is a common consequence of preoxygenation with 100% oxygen during induction of anaesthesia. Lowering the oxygen level during pre-oxygenation reduces atelectasis. Whether this effect is maintained during anaesthesia is unknown. Methods: During and after pre-oxygenation and induction of anaesthesia with 60%, 80% or 100% oxygen concentration, followed by anaesthesia with mechanical ventilation with 40% oxygen in nitrogen and positive end-expiratory pressure of 3 cmH 2 O, we used repeated computed tomography (CT) to investigate the early (0-14 min) vs. the later time course (14-45 min) of atelectasis formation. Results: In the early time course, atelectasis was studied awake, 4, 7 and 14 min after start of pre-oxygenation with 60%, 80% or 100% oxygen concentration. The differences in the area of atelectasis formation between awake and 7 min and between 7 and 14 min were significant, irrespective of oxygen concentration (Po0.05). During the late time course, studied after pre-oxygenation with 80% oxygen, the differences in the area of atelectasis formation between awake and 14 min, between 14 and 21 min, between 21 and 28 min and finally between 21 and 45 min were all significant (Po0.05). Conclusion: Formation of atelectasis after pre-oxygenation and induction of anaesthesia is oxygen and time dependent. The benefit of using 80% oxygen during induction of anaesthesia in order to reduce atelectasis diminished gradually with time.

Impacto hemodinâmico de manobra de recrutamento alveolar em pacientes evoluindo com choque cardiogênico no pós-operatório imediato de revascularização do miocárdio

Revista Brasileira de Anestesiologia, 2008

Manobras de recrutamento alveolar (MRA) utilizando pressões de 40 cmH 2 O nas vias aéreas são efetivas em reverter as atelectasias após revascularização cirúrgica do miocárdio (RM), contudo não existem estudos avaliando o impacto hemodinâmico dessa manobra em pacientes que evoluíram com choque cardiogênico. O objetivo foi testar a tolerância hemodinâmica à MRA em pacientes evoluindo com choque cardiogênico após RM. MÉTODO: Após admissão na UTI e estabilização hemodinâmica, foram estudados dez pacientes hipoxêmicos e em choque cardiogênico após RM. Os ajustes ventilatórios foram volume corrente de 8 mL.kg-1 , PEEP 5 cmH 2 O, FR de 12 ipm e FiO 2 de 0,6. Pressão contínua de 40 cmH 2 O foi aplicada nas vias aéreas por 40 segundos em três ciclos. Entre os ciclos, os pacientes foram ventilados por 30 segundos e após o último ciclo a PEEP foi ajustada em 10 cmH 2 O. Foram obtidas medidas hemodinâmicas após 1, 10, 30 e 60 minutos da MRA e colhidas amostras sangüíneas arteriais e venosas para mensuração de lactato e gases sangüíneos 10 e 60 minutos após. Dados analisados por meio de ANOVA e teste de Friedman. Valor de p fixado em 0,05. RESULTADOS: A MRA aumentou a relação PaO 2 /FiO 2 de 87 para 129,5 após 10 minutos e 120 após 60 minutos (p < 0,05) e reduziu o shunt pulmonar de 30% para 20% (p < 0,05). Não foram detecta-das alterações hemodinâmicas ou no transporte de oxigênio imediatamente ou em até 60 minutos após a MRA. CONCLUSÕES: Em pacientes que evoluíram com choque cardiogênico após RM e hipoxemia, a MRA melhorou a oxigenação e foi bem tolerada sob o ponto de vista hemodinâmico. Unitermos: CIRURGIA, Cardíaca: revascularização do miocárdio; COMPLICAÇÕES: atelectasia; colapso pulmonar; VENTILAÇÃO: manobra de recrutamento alveolar, mecânica, pressão positiva no final da expiração.

Efeitos da supressão da aspiração endotraqueal na incidência de complicações pulmonares no pós operatório de cirurgia cardíaca

Revista Pesquisa em Fisioterapia, 2020

INTRODUÇÃO: Aspiração traqueal é utilizada rotineiramente após cirurgia cardíaca para garantir adequada ventilação. OBJETIVO: Verificar se a ausência da aspiração traqueal antes da extubação em pacientes sem sinais de secreção brônquica influencia na incidência de complicações pulmonares, além de repercussões hemodinâmicas e ventilatórias do procedimento e custos. MÉTODOS: Pacientes foram avaliados entre agosto/2012 e julho/2014, divididos igualmente em Grupo ASP (aspiração traqueal prévia à extubação) e NASP (sem aspiração prévia). Foram incluídos indivíduos com: primeira cirurgia cardíaca, idade entre 18 e 75 anos, IMC ≤ 30 kg/m² e sem doença pulmonar prévia. Foram excluídos indivíduos com tempo de CEC > 120 minutos, necessidade de assistência circulatória mecânica, relação PaO2/FiO2 < 200, SpO2 < 92%, tempo de intubação > 12 horas, PAM < 60 mmHg e sinais de secreção pulmonar. Variáveis hemodinâmicas, ventilatórias, complicações pulmonares e custos hospitalares fora...

Anestesia e apnéia obstrutiva do sono

Revista Brasileira de Anestesiologia, 2006

A manutenção da permeabilidade das vias aéreas superiores (VAS) é fundamental para anestesia e para pacientes com apnéia obstrutiva do sono (AOS). Durante ambos os estados ocorre uma redução do tônus da musculatura faríngea. Identificar pacientes com AOS é importante a fim de prevenir riscos durante o período perioperatório. O objetivo deste trabalho foi apresentar uma revisão sobre a relação entre AOS e anestesia, levando em conta o planejamento da anestesia, enfatizando a importância da identificação da síndrome da apnéia e hipopnéia obstrutiva do sono (SAHOS). CONTEÚDO: A SAHOS ocorre principalmente por colapso total ou parcial da faringe, podendo levar a diminuição na saturação da oxiemoglobina e complicações cardiovasculares. Os principais fatores predisponentes são sexo masculino, obesidade, características crânio e orofaciais. Seu diagnóstico é clínico e polissonográfico, o que também quantifica a gravidade da AOS. Os pacientes com SAHOS especialmente acentuada podem apresentar problemas durante a intubação traqueal e sedação, estando alguns mais susceptíveis à ocorrência de hipóxia e hipercapnia, mesmo na vigência de pulmões normais. Os autores discutem a importância do diagnóstico prévio e tratamento da SAHOS na tentativa de reduzir o risco anestésico. CONCLUSÕES: O diagnóstico e tratamento prévio da SAHOS com pressão positiva contínua nas VAS podem reduzir complicações perioperatórias e influenciar na conduta anestésica e na recuperação pós-anestésica. Unitermos: DOENÇAS, Apnéia Obstrutiva do Sono; VENTILAÇÃO, pressão positiva contínua. SUMMARY Machado C, Yamashita AM, Togeiro SMGP, Poyares D, Tufik S-Anesthesia and Obstructive Sleep Apnea. BACKGROUND AND METHODS: Maintaining the patency of the upper airways is fundamental to anesthesia and patients with obstructive sleep apnea (OSA). During anesthesia and while a person is sleeping, the tonus of the pharyngeal muscles is reduced. It is important to identify patients with OSA to prevent risks in the perioperative period. The objective of this report was to present a revision of the relationship between OSA and anesthesia regarding planning of anesthesia, stressing the importance of identifying the obstructive sleep apnea hypopnea syndrome (OSAHS). CONTENTS: OSAHS is caused mainly by total or partial pharyngeal collapse, which may cause a reduction in hemoglobin saturation and cardiovascular complications. The main predisposing factors include male gender, obesity, and cranial and orofacial characteristics. It is diagnosis by its clinical and polysomnographic characteristics, which also determine its severity. Patients with severe OSAHS may present problems during tracheal intubation and sedation, and may be more susceptible to hypoxia and hypercapnia, even in the presence of normal lungs. The authors discuss the importance of diagnosing and treating OSAHS before surgeries in order to reduce the anesthetic risk. CONCLUSION: Prior diagnosis and treatment of OSAHS with continuous positive pressure in the upper airways may reduce perioperative complications and influence the anesthetic and postanesthetic management.

Hipoxemia por fístulas artério-venosas pulmonares em criança: relato de caso

Revista Brasileira de Anestesiologia, 2004

A presença de fístulas artério-venosas pulmonares (FAVP) deve ser investigada em pacientes com cianose sem causa esclarecida. O objetivo é relatar um caso de lobectomia pulmonar em criança portadora de FAVP. RELATO DO CASO: Paciente do sexo masculino, 3 anos, com história de cianose sem dispnéia desde 8 meses, com baqueteamento digital e ausculta cardíaca normal. ECG e ecocardiografia eram normais e a radiografia de tórax mostrou condensação na metade superior do pulmão esquerdo. A gasometria arterial mostrou PaO 2 de 28 mmHg, em ar ambiente, e PaO 2 de 31,5 mmHg com cateter nasal de O 2. Foi feito diagnóstico de FAVP através de ressonância nuclear magnética, sem possibilidade de embolização. O paciente foi submetido a lobectomia superior esquerda sob anestesia geral associada à anestesia subaracnóidea com morfina e bupivacaína. Foi realizada ventilação monopulmonar com introdução do tubo traqueal seletivo para o pulmão direito. A SaO 2 era: em ar ambiente de 59%; à admissão à sala de operações, 69% (FiO 2 = 1,0); após indução da anestesia geral, 65% (FiO 2 = 1,0); durante a ventilação monopulmonar, 58% (FiO 2 = 1,0); após a lobectomia e 98% (FiO 2 = 0,6) ao final da cirurgia, com extubação traqueal uma hora após o final do procedimento. A partir do 5º dia de pós-operatório, começou a apresentar progressiva diminuição da SpO 2 (até 83%) devido aumento de outra FAVP, tratada com embolização sob anestesia geral. A alta hospitalar ocorreu no 15º do pós-operatório.