Teatro, tecnologia e EAD: um casamento possível? (original) (raw)

da UFRGS (CAP/UFRGS) oferece Educação de Jovens e Adultos (EJA), nível Ensino Médio, à noite. O curso é organizado em três semestres, condensando os três anos letivos previstos para essa etapa de escolarização. As turmas são denominadas como EM1, EM2 e EM3. A EJA constitui um projeto integrado, interdisciplinar, no qual a ideia da articulação dos saberes dos distintos campos do conhecimento possa ser oportunizada dentro de um mesmo componente curricular. Assim, há quatro a blocos organizados como: Ciências Exatas e da Natureza, Humanidades, Linguagens e Expressão e Movimento, além das atividades eletivas (Iniciação Científica e Oficinas) que correspondem a parte diversificada do currículo. A integração, já em curso, tem se desenvolvido dentro do componente curricular Expressão e Movimento. Acredita-se que a perspectiva de ações interdisciplinares ao invés de menosprezar a relevância dos campos especializados do conhecimento, possa por contraste ou complementação, incrementar uma leitura de mundo mais ampla. A importância das disciplinas, segundo FAZENDA ( ), está nas suas especificidades e mais do que forçar uma integração é necessário educar o olhar do professor para a totalidade de conhecimentos que a articulação pode engendrar. A intenção do trabalho aqui apresentado é que essa integração passe a ser "interblocos" e uma das possibilidades vislumbradas para isso é o uso da EAD como apoio e suporte a atividades desenvolvidas. A justificativa para a presente proposição está centrada numa primeira experiência, totalmente presencial, que foi feita durante o ano de 2012. Nessa atividade, foram integradas as disciplinas de Informática, Artes Visuais e Teatro com a intenção de realizar leituras de imagens a partir de retratos de figuras humanas. O relato dessa experiência recebeu destaque no Salão de Ensino da UFRGS de 2012. As professoras envolvidas perceberam as dificuldades de infraestrutura do CAP para as propostas desenvolvidas, ao mesmo tempo em que notaram os esforços de vários alunos para dar continuidade às atividades, buscando acesso ao computador em lan house ou em casa, quando possível. Estas tentativas de continuidade, no entanto, nem sempre puderam se concretizar devido à dificuldade de suporte a distância a esses alunos por parte do grupo de professoras envolvidas. Quanto ao aspecto específico de noções sobre a arte teatral, a diversidade sociocultural que o perfil discente indica, contudo, não inviabiliza o estudo do teatro. Ao contrário, fornece subsídios para o docente encontrar em cada um destes contextos culturais algo das especificidades para a arte da representação teatral, relacionando formas e temáticas aos estudos previstos para o componente curricular. Na leitura de autores que apontam aspectos sociológicos do teatro, como Marco De Marines (1997), é possível encontrar as afirmativas que descrevem as cerimônias dramáticas (missas, velórios, casamentos) como formas difusas de teatralidade, com significado relevante, atávico, tanto para as sociedades primitivas como para as sociedades civilizadas ou históricas. É nesse sentido, que o ensino do teatro no CAP/UFRGS é sistematizado, como um componente curricular que, além da conceituação da arte teatral, não descuida das características sociais, afetivas e cognitivas dos sujeitos da aprendizagem.