Línguas indígenas (original) (raw)
2013, Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas
Este dossiê sobre línguas indígenas reúne sete trabalhos selecionados da terceira edição do Congresso Internacional de Estudos Linguísticos e Literários da Amazônia (III CIELLA), organizado pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Pará, entre os dias 18 e 20 de abril de 2011. Os artigos reunidos aqui trazem uma amostra da diversidade das pesquisas na área de linguística indígena, mais especificamente, de diferentes aspectos das gramáticas de uma variedade de línguas indígenas do Brasil, pertencendo aos troncos e famílias Tupí, Karib e Nambikwára, incluindo também uma língua isolada, Aikanã. Os artigos são todos baseados em trabalho de campo recente feito pelos próprios autores e contribuem ao corpus crescente de estudos linguísticos indígenas em geral, com novos dados, desenvolvimentos e descobertas. Os primeiros quatro artigos deste dossiê têm como foco principal os aspectos fonológicos. O artigo inicial, "Aspectos do sistema fonológico de Arara (Karib)", de Ana Carolina Ferreira Alves, resulta da dissertação de mestrado da autora sobre a fonologia Arara, com base em novos dados de campo, principalmente do dialeto da aldeia Cachoeira Seca do Iriri. O quadro de segmentos fonêmicos é revisado à luz de discussões fomentadas por um maior volume de dados e interações morfofonológicas, assimilação sendo o processo principal. Fenômenos anteriormente não descritos no dialeto, como o ablaut e a elisão, são também apresentados. Gessiane Picanço, Fabíola Azevedo Baraúna e Alessandra Janaú de Brito assinam o artigo "Similaridades fonéticas e fonológicas: exemplos de três línguas Tupí". Este artigo apresenta os resultados de pesquisas realizadas com Asurini do Xingu, Mundurukú e Wayampi. São examinadas as principais diferenças nas realizações fonéticas de três categorias de consoantes: as oclusivas /p, t, k/, as nasais /m, n/, e a vibrante simples /ɾ/. Embora esses segmentos sejam semelhantes do ponto de vista fonológico, cada língua implementa suas consoantes de maneira particular. O artigo de Stella Telles, "Traços laringais em Latundê (Nambikwára do Norte)", trata do status dos traços laringais na língua Latundê, da família Nambikwára. Após apresentar os quadros fonológicos da língua, a autora investiga a realização dos traços de glotalização e aspiração em consoantes, o contraste do traço de creaky voice (laringalização) nas vogais e, em seguida, considera a variação laringal. Além dos dados coletados no campo pela autora, considera-se também a literatura disponível sobre outras línguas da família, particularmente o Mamaindê, uma língua Nambikwára do Norte. Os resultados evidenciaram que, no Latundê, as consoantes neutralizaram os traços laringais, enquanto que as vogais os mantêm contrastivamente. Isso sugere que, com respeito à mudança linguística, o Latundê é mais inovador que o Mamaindê. No artigo "Arte verbal e música na língua Gavião de Rondônia: metodologia para estudar e documentar a fala tocada com instrumentos musicais", Julien Meyer e Denny Moore levantam a questão da relação entre as melodias tocadas e a fonologia suprassegmental das palavras correspondentes na fala cantada e na fala normal em Gavião de