Relatos de viagem sobre o Brasil no século XIX (original) (raw)

A literatura de viagem e a representação do Brasil por estrangeiros no século XIX

Sæculum – Revista de História

Os “viajantes estrangeiros” foram extremamente importantes na elaboração de representações sobre o Brasil e contribuíram para a fixação de imagens sobre a sociedade brasileira. Diferentemente dos séculos anteriores, o século XIX conhecerá um grande afluxo de estrangeiros para terras brasileiras. A expansão mercantilista dos países europeus, a importância dada ao conhecimento das ciências e o interesse por outras culturas motivaram inúmeras viagens pelo mundo. Esses estrangeiros se dirigiam ao Brasil com finalidades diversas, como, por exemplo, fazer negócios, abrir casas comerciais, explorar riquezas, conhecer o país. A imagem que elaboraram sobre o Brasil, sua população e natureza se constituiu pautada pela cultura letrada europeia, considerada civilizada. E dessa maneira seriam portadores de uma série de estereótipos sobre o Brasil. Pretendemos com essa análise refletir sobre as temáticas da paisagem e da natureza a partir das obras (pinturas e relatos) produzidas por estrangeiros...

De Belém a Tefé – as cidades e os rios do norte do Brasil nos relatos de viagem do século XIX

Resumo: Pretende-se aqui apresentar seis cidades do norte do Brasil a partir da leitura dos relatos de viagem do século XIX – fontes documentais primordiais deste trabalho, ressaltando-se a importância dos rios da bacia do Amazonas para o surgimento e desenvolvimento desses aglomerados urbanos em uma época em que era muito expressiva a dificuldade de comunicação por terra. Todas essas cidades foram dispostas ao longo de rios – apenas Belém estava em contato quase direto com o mar; e todas estavam envoltas pela floresta amazônica – impenetrável. Era por meio dos rios que se alcançavam e se vislumbravam esses lugares ocupados e instituídos pelo homem branco para demarcar seu território e povoar as terras distantes, familiares aos índios. Não foram poucos os viajantes que se aventuraram a percorrer as águas caudalosas do Amazonas e de outros rios para conhecer esses lugarejos, muitas vezes com um número restrito de casas, de ruas e de habitantes, que também integravam a paisagem brasileira. Palavras-chave: Cidades do norte do Brasil, bacia do rio Amazonas, século XIX. Abstract: We aim here to present six cities from the North of Brazil having our main source in some traveler's writings from the 19th century. We emphasize the relevance of Amazon rivers for creation and development of these places when transportation by land was extremely difficult. All of these cities were placed alongside rivers, and all of them were embraced by the forest. Only by rivers was it possible to reach and see such places created by man to demarcate their territory and to people lands far away from the coast. During the 19th century many travelers ventured to cross Amazon and other rivers to be at these places, which would not rarely present a few houses, streets and people, but were also part of the Brazilian landscape.

Experiências das viajantes naturalistas durante o século XIX e as representações do Brasil oitocentista

Revista Brasileira de História da Ciência

O objetivo central deste trabalho é analisar as experiências expedicionárias dos viajantes naturalistas durante o século XIX ao Brasil e o papel das impressões deixadas por esses intelectuais acerca da natureza e do povo brasileiro, com ênfase nos relatos feitos pelas naturalistas. O caminho metodológico é a reconstrução histórica das viagens a partir dos espaços descritos e das representações das espécies vivas observadas. Dessa forma, busca-se contribuir com os estudos que analisam a circulação de pessoas, produtos e ideias durante o Oitocentos brasileiro. O papel desempenhado pelas mulheres na produção das ciências será o eixo central desta investigação.

Viagem pelo Brasil, de Spix e Martius: o olhar de cientista na crônica de viagem do século XIX

2005

Os relatos de viagens do século XIX são caracterizados pelo cientificismo e pelo impulso classificatório que marcam as descrições acerca da natureza e sua história que ocupavam um lugar privilegiado na cultura européia. A viagem, neste momento, tem o propósito de instrução, de aprendizado, de aperfeiçoamento pessoal via experiência por parte dos viajantes naturalistas. A partir da análise da crônica de viagem intitulada Viagem pelo Brasil, de Spix e Martius, pretende-se apontar as marcas narrativas que evidenciam o olhar de cientista-característica esta marcante nas crônicas dos viajantes do século XIX. Como base teórica recorreremos às obras O Brasil não é longe daqui, de Flora Süssekind e Os olhos do império: relatos de viagem e transculturação, de Mary Louise Pratt. Desta forma, será possível verificar as características específicas desses viajantes, bem como seus objetivos e interesses com as expedições ao Brasil nesta época, a imagem descrita do país e seus relacionamentos com os habitantes locais. (Fapergs).

O Brasil na Literatura do século XIX

Em Tempo de Histórias, 2011

Considerando a Literatura enquanto fonte representativa privilegiada do relato histórico, esta pesquisa tem o intuito de, por meio de uma análise crítica dos romances Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida, Senhora, de José de Alencar, e A Mão e a Luva, de Machado de Assis, sob a perspectiva da História Cultural, analisar as relações sociais estabelecidas na sociedade brasileira do século XIX e como suas representações contribuíram para a formação da identidade nacional.

As fotografias de "anjos" no Brasil do século XIX

Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material, 2006

O presente artigo examina fotografias de crianças mortas produzidas em São Paulo no século XIX, de modo a pensar acerca da sensibilidade da época em relação à morte, bem como algumas transformações operadas nesse âmbito. A estratégia de análise privilegiará a identificação, nesse material, de elementos constitutivos das práticas e representações relacionadas à criança morta, cujas origens são bem anteriores à prática de registro fotográfico dos "anjos" e, na mesma medida, daqueles elementos que estão associados às mudanças que nesse universo tiveram lugar na segunda metade do século XIX e que, como cremos, acompanharam e fomentaram não só o advento mas também a extinção desse costume.

A PINTURA DE HISTÓRIA NO BRASIL DO SÉCULO XIX: PANORAMA INTRODUTÓRIO

RESUMEN: Acompañando la cronología política de Brasil en el siglo XIX, cuando pasa de Colonia y Reino Unido, a Imperio y República, se construyó rápidamente un panorama de la pintura de historia brasileña. No se destacó apenas la relación establecida con el poder, que pertenece a la génesis de ese género de pintura, pero sí sobresalió la actuación de artistas que muchas veces impusieron visiones propias del pasado, ante un medio intelectual aún incipiente. Se buscó verificar el proceso de construcción de la memoria y del olvido, peculiar a la pintura de historia. El miedo a la fragmentación, ocurrido en América Latina, con el descalabro del dominio español, llevó al Brasil a producir una iconografía que mostrase continuidad entre pasado y presente, como también la unidad, construida en la defensa de su territorio, respecto del enemigo externo. Fueron silenciadas en ese imaginario la esclavitud y las revoluciones internas, que solamente serán representadas en la República, vinculadas a la construcción de iconografías locales, necesarias al espíritu federativo.

EM BUSCA DE UMA PRÉ-HISTÓRIA BRASILEIRA: Arqueologia, mito e ciência no Brasil do século XIX

Introdução Os estudos arqueológicos no Brasil do século XIX desenvolveram-se em um contexto inusitado, entre a institucionalização das ciências no país e a afirmação do Brasil quanto nação moderna. Em nossa pesquisa, propomos investigar este cenário por meio das pesquisas realizadas em sambaquis. Em sua concepção hodierna, sambaquis são grandes montes artificiais compostos por restos faunísticos característicos da região litorânea (mariscos, berbigões, conchas e ossos de aves e de pequenos mamíferos) que, acumulados ao longo de milhares de anos, conformaram enormes monumentos que serviram de acampamentos ou cemitérios, mas, sobretudo, como marcos paisagísticos para os colonizadores do litoral brasileiro, chamados de paleoíndios, pois são anteriores aos povos ceramistas dos quais descendem as comunidades indígenas atuais. Da especificidade destes sítios emergem questões significativas que integraram o grande debate acerca da pré-história brasileira travado pelos homens de ciência reunidos nos recém-fundados institutos e museus. Este debate contemplava a ancianidade da ocupação humana no continente americano e confrontava a cronologia imposta pelo Antigo Testamento. No plano político, construir um passado majestoso para a nação brasileira significaria alicerçar a existência de um país de dimensões continentais em um passado comum. A formulação deste passado representou um projeto intelectual e político, portanto. Entre escavações e soterramentos, esta empresa conseguiu perpetuar elementos da história do Brasil que persistiram nas narrativas da centúria posterior, por exemplo, a coesão entre as " raças fundadoras ". Por outro lado, a despeito do significativo esforço de alguns pesquisadores, a ideia de um " homem pré-histórico " nas Américas ficou adormecida. Este elemento fora * USP, mestranda em História Social.

Abertura da navegação de cabotagem brasileira no século XIX

Ensaios Fee, 2011

O objetivo deste artigo é discutir a relação entre a abertura à navegação de cabotagem para companhias estrangeiras e as mudanças ocorridas no setor de navegação nacional, entre 1866 e 1891. Para tanto, apresentamos um panorama geral das condições que levaram à abertura da cabotagem no Brasil ao fluxo mercantil e à formação do mercado interno brasileiro, da situação das companhias nacionais e estrangeiras, da política de subvenções implementadas pelo Governo imperial e das condições materiais dos estaleiros. Partimos do pressuposto de que a abertura gerou movimentos contraditórios na economia brasileira, que estava em franca expansão com a formação dos complexos regionais agromercantis exportadores. Se, por um lado, a abertura anulava as possibilidades de desenvolvimento das companhias nacionais e dos estaleiros, por outro, possibilitou a ampliação do fluxo mercantil, acelerando o processo de articulação comercial e expandindo o mercado para as companhias nacionais.