Sensibilidades e subjetividades contemporâneas nas relações entre cinema, cidade e Nuevo Cine Argentino (original) (raw)
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Espaços em conflito. Ensaios sobre a cidade no cinema argentino contemporâneo
2019
Publicado em outubro/2019 pela Intermeios, o livro é resultado de minha tese de doutorado desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Multimeios - Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) entre 2012 e 2016, com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e orientação de Miriam Gárate, que também escreve o prefácio. Texto da orelha por Cecília Mello, e contracapa por Ismail Xavier. Nos últimos 20 anos, a relação entre cinema e cidade tem sido objeto de sucessivas conferências ao redor do mundo, de um grande número de livros e coletâneas e de especiais em revistas científicas de várias áreas. Também há 20 anos emergia o que se convencionou denominar "nuevo cine argentino": a retomada, após um período de crise, da produção cinematográfica argentina. O espaço urbano assumiu papel privilegiado nos filmes que inauguraram e consolidaram essa nova geração, aspecto abordado em inúmeros estudos. Este livro pretende pensar como se concebe e se percebe a cidade nos filmes pós-nuevo cine: o espaço urbano ainda seria importante na cinematografia argentina contemporânea, após alguns anos de intensas modificações no panorama cinematográfico (com a consolidação das carreiras de diversos diretores e produtoras do nuevo cine e o incessante aparecimento de novos e diversificados cineastas, estéticas e modos de produção)? Sete longas-metragens irão compor o eixo do texto: "El asaltante" (2007) e "La sangre brota" (2008), ambos de Pablo Fendrik, nos quais as ruas da cidade são, quase exclusivamente, o espaço da ação, assim como em "Castro" (Alejo Moguillansky, 2009); "Una semana solos" (Celina Murga, 2008) que se desenvolve dentro de um condomínio fechado de alto padrão; "El hombre de al lado" (Gastón Duprat e Mariano Cohn, 2009) que se passa dentro de uma casa e no limiar da mesma; "Elefante blanco" (Pablo Trapero, 2012) cujos conflitos se dão em uma favela; e "Historia del miedo" (Benjamín Naishtat, 2014), no qual temos personagens que habitam um bairro privado, um alto edifício e a periferia. Nessas produções, a cidade constitui potente linha de força para perceber a vida social e seus conflitos e não é apenas cenário, mas elemento fundamental e estruturante. Localizam-se alguns temas que dialogam de forma prolífica com as obras escolhidas e que vão nortear o texto: a constante circulação dos personagens, o medo que os move ou os paralisa, os diversos tipos de violência, a fuga – todos relacionados à construção de novas fronteiras e à reconfiguração dos espaços públicos e privados. As aproximações propostas são, cada uma a seu modo, formas oblíquas de nos debruçarmos sobre essa relação entre a cidade e o cinema argentino contemporâneo. Assim, buscamos mobilizar este corpus como uma forma particular de panorama no qual transitam diversas questões, identificando recorrências e particularidades nos modos de filmar, escutar, experimentar e construir a cidade.
O CINEMA E A MODERNIZAÇÃO DAS CIDADES Impactos no contexto urbano de Pelotas
PIXO - Revista de Arquitetura, Cidade e Contemporaneidade, 2022
Resumo O final do século XIX e início do século XX, marcou um período de modernização das cidades e dos meios artísticos. Os estudos científicos e fotográficos avançaram consideravelmente a ponto de marcar o advento de uma nova arte: o cinema. A cidade de Pelotas, mesmo que interiorana geograficamente, se mostrava inserida nas novidades da época. Com isso, o objetivo do artigo é apresentar um material teórico que evidencie a cidade de Pelotas neste contexto de avanços científicos, artísticos e urbanísticos da virada do século. O artigo organizou-se da seguinte maneira: a modernização das cidades e o surgimento do cinema, o cinema como atividade urbana, a cinematografia pelotense e o cinema como atividade urbana em Pelotas. Constata-se que tanto a abertura das salas de cinema, quanto a produção cinematográfica local no início do século XX marcaram esse período de modernidade da cidade-refletindo na relação do cidadão com o espaço urbano. Palavras-chave: cinema, modernidade, urbanização, produção cinematográfica, Pelotas.
Cinema e Fenomenologia: sentidos e sentimentos
2002), a Fenomenologia nos deixou uma rica base psicológica a partir da qual se desenvolveram teorias voltadas para a psicologia, a arte, a música e a literatura, durante a década de 1950. Contudo, durante esse período, o estudo voltado para o cinema raramente esteve junto com as disciplinas mais tradicionais e os processos de exploração de uma teoria fenomenológica do cinema nunca foram devidamente encaminhados. Na visão fenomenológica, o acesso do espectador à fantasia o faz esquecer, por exemplo, que os mortos-vivos não existem ou que é impossível viajar à velocidade da luz. Porém, para o espetáculo que ele vive, traz de fora os significados e não abandona completamente o mundo. Os impulsos idiossincráticos marcam a significação daquilo que é mostrado no filme e o espectador consciente pode apreciar novos mundos com um frescor e uma força incríveis.
A urbanidade problematizada nos diálogos entre o cinema e a cidade de Palmas
LAPLAGE EM REVISTA, 2018
A participação que uma pequena cinematografia tem a desempenhar no imaginário dos lugares periféricos é o principal interesse deste texto. Tomo como exemplo o caso da cidade de Palmas, capital do estado do Tocantins, e sua razoável produção de filmes que, no entanto, permanecem pouco conhecidos pelo próprio espectador local. A investigação, ancorada no conceito de geografias de cinema, leva em conta a característica de Palmas ser uma cidade muito nova e projetada, com a história marcada pelo personalismo político e com uma identidade forjada por uma história oficial muito propagada nos meios midiáticos hegemônicos. Questiona-se então se o cinema de pouca repercussão consegue desenvolver um outro discurso histórico menos comprometido com o poder instituído. Para tanto, proponho uma observação de Palmas, eu gosto de tu, primeiro longa-metragem produzido em Palmas a ser exibido comercialmente.
Aos que sonharam, criaram e desenharam novas cidades, pela literatura, pela música, pela arte e pelo cinema e me fizeram encontrar o meu lugar no mundo. Aos que antes de mim deslindaram campos e possibilidades de pesquisa. Aos que me mantiveram até aqui de cabeça firme, em memória de minha mãe Sulivan e de minha avó Haydée, peço licença, saúdo e agradeço. À Josianne Cerasoli, minha orientadora, por sua escuta atenta e pelo longo percurso de quase quatorze anos de orientação e, em especial, por ter aceitado em 2015 encarar um projeto de pesquisa não com um, mas com dois filmes, que no decorrer da minha trajetória acadêmica se converteram em muitos mais. Stella Bresciani, pela generosidade, cuidado, leitura atenciosa e diversas sugestões ao longo desse percurso. Por ter escrito Londres e Paris no século XIX e mostrado para uma estudante de graduação da Universidade Federal de Uberlândia outras formas de escrever e pesquisar história. Silvana Rubino por ter alimentado meu ímpeto de pesquisa e investigação de temas e filmes pouco afeitos aos historiadores, e por me mostrar que ser chamada de socióloga (em meio a historiadores), é também um elogio. Jacy Seixas, pela orientação e as aulas na graduação, e pelo carinho. Mônica Campo, quem primeiro me apresentou o mundo do cinema e o curta-documental que intitula e motiva essa tese. Por ter acreditado e acreditar em mim e no meu trabalho. Robert Pechman, maior inspiração na minha forma de olhar para o espaço urbano. A todos eles em conjunto pela leitura e o aceite em participar da banca. Fernando Atique, que generosamente aceitou supervisionar e frutificar os novos caminhos que não se encerram com o término do doutorado. Paola Berenstein pela leitura do material de qualificação e pelas recomendações valiosas que são, sem dúvida, estrutura dessa tese e mostraram novas formas de olhar a cidade. Esteban Dipaola, por seus textos, pesquisas e formas de olhar para os sentimentos, sensibilidades e subjetividades contemporâneas. Por me inspirar e aceitar me supervisionar na Universidad de Buenos Aires junto ao Instituto de Investigaciones Gino Germani ao longo de mais de um ano. À minha família pelo apoio de sempre, especialmente minhas irmãs Emanuele e Eveline Caldas, minha sobrinha Sophia e meu pai Ézio. Gilma Rios, minha eterna melhor professora de história e madrinha.
Brasília contemporânea: ambiguidades e contradições da cidadevistas pelas lentes do cinema
ARS (São Paulo), 2018
Brasília é reconhecida tanto pela excepcionalidade de sua arquitetura modernista e de seu urbanismo como pela segregação socioeconômica representada pelas cidades-satélite. Sua área metropolitana conta com mais de três milhões de habitantes, sendo que 90% dessa população habita fora dos limites da cidade planejada. Essa ambiguidade é evidente no cinema, pois se, de um lado, os filmes produzidos para a divulgação de Brasília exploravam sua amplitude, monumentalidade e plasticidade, de outro, aqueles da primeira geração de cineastas nascidos na cidade revelam outras Brasílias. Este artigo explorará as tensões resultantes dessa segregação socioespacial que se materializam no espaço construído e na representação de Brasília no cinema.
Som como reprodutor de subjetividades: Pasolini e o Nuevo Cine Argentino
2018
A partir do entendimento de uma “semiologia geral da realidade” proposta pelo cineasta-teórico Pier Paolo Pasolini (1981) visa-se, neste trabalho, explorar as similaridades de seu pensamento sobre a ontologia da imagem com as propostas de expressividade sonora da realidade em Vsevolod Pudovkin (1985). Para isso, foi realizado um duplo movimento: 1) a partir da associação entre Pasolini (1981) e Pudovkin (1985), estabeleceu-se uma atualização destes autores com pesquisas mais recentes sobre a sonoridade no cinema: 2) Utilizando as ferramentas que emergem dessa revisão, foi possível indicar a presença da “subjetiva indireta livre”, expressa no Nuevo Cine Argentino, através do estudo de caso do filme “O pântano” (Lucrecia Martel, 2001).
34ª Reunião de Antropologia, 2024
Resumo: O presente artigo apresenta uma discussão sobre a formação de um circuito cultural urbano no Recife e área metropolitana, dando destaque para a constituição da cena audiovisual como linguagem e interesse orientador de uma modalidade de ocupação espacial na cidade e sua emergência a partir do contexto contemporâneo. O estudo deriva de uma imersão etnográfica do autor, requisito da pesquisa de doutoramento em antropologia, entre os anos de 2016 e 2020, onde constatou-se o relacionamento entre as táticas ou demarcações socioespaciais, empregando os termos usados por Michel de Certeau e seu desdobramento em Rogério Proença Leite, e a dimensão do artivismo, enquanto reivindicação estética e política de um uso da cidade e de questionamento da cultura dominante por parte de uma fração da classe artística e intelectual. Este setor articulou-se, contemporaneamente, a partir do contexto de redemocratização, o que suscitou uma cena videoativista e cineclubista no final dos anos 80, associada ao manguebeat nos 90, posteriormente convertida ao formato digital na década de 2000. Palavras-chave: Direito à cidade; Cinemas de Rua; Ruínas; videoativismo; Cena Mangue