O Cocar e a Caneta: a luta intelectual indígena no Brasil dos militares (original) (raw)

Programa de inclusão indígena – “Guerreiros da Caneta”: Cidadania ou benesse?

2013

O presente trabalho discorre sobre um estudo inicial das cotas para indigenas na Universidade Federal de Mato Grosso. E para este intento tracamos o caminho desde o processo historico da formacao social, politica e economica do Brasil. O objetivo desta pesquisa consiste em discutir a questao dos auxilios assistenciais e o tratamento do suporte academico dado aos indigenas que ingressam a Universidade Federal de Mato Grosso . Os autores usados como base para discutir o conceito de cidadania plena, e assim analisar o PROIND, foram Coutinho e Gramsci. Os principais resultados alcancados pela pesquisa foi o fato de que os Direitos Sociais nao sao cerceados apenas a populacao, dita, branca, mas tambem aos indigenas e para estes com mais intensidade e preconceito.

Escrita indígena, discurso, resistência e cidadania

Traços de Linguagem - Revista de Estudos Linguísticos, 2019

Tomando o discurso como uma rede, puxo fios para desenvolver algumas reflexões acerca do modo como a pesquisa para a compreensão da língua, da história e os seus efeitos na escrita/sobre uma escrita específica é fundamental no processo de subjetivação da mulher indígena, na materialidade dos textos que produz, considerando as particularidades étnicas. O objetivo amplo do artigo é analisar escritas de Eliana Potiguara, principalmente, sequências discursivas do livro: Metade cara, metade máscara (2004) e a relação que ela estabelece com a língua escrita alfabética como prática de denúncia, de resistência, à revelia dos processos de naturalização, oficialização, convenção linguísticas e interdição da língua própria.

A questão indígena sob a ditadura militar: do imaginar ao dominar

Anuário Antropológico , 2018

Resumo: Neste artigo pretende-se dar espaço à reflexão sobre o con- ceito de alteridade. Estabelecendo um paralelismo entre o imaginar e o dominar, almeja-se refletir sobre como antes de impor o domínio sobre o Outro, na luta pela hegemonia no contexto colonial/nacional como é o brasileiro, primeiro há que percebê-lo ontologicamente como merecedor desse domínio, pensamento que contém uma forte dose de violência. Para isso vai se utilizar o contexto da questão indígena durante a ditadura civil-militar, já que oferece um marco de trabalho interessante para a abordagem da reflexão. Mostra-se, ao final, como desde o poder político/econômico e a tensão do contato interétnico, houve uma lógica de desumanização do índio, que legitimou uma práxis predadora sobre os povos indígenas. A metodologia usada segue os passos da imprensa do momento, assim como os discursos políticos, depoimentos e relatórios. Palavras chave: Ditadura, Brasil, “Índio”, Alteridade, Hegemonia, Desumanização.

Entre ser "bravio" e trabalhador: os indígenas do Planalto da Conquista e a política indigenista imperial

Politeia - História e Sociedade

O presente texto aborda a questão indígena no Império brasileiro e a política indigenista a partir da ótica assimilacionista. Para pensar essa questão, delineamos as formas e tentativas de inserção dos indígenas ao Estado Imperial como “braços úteis”. Vários projetos de integração nacional para eles foram pensados, porém destacaremos os Apontamentos para a Civilização dos Índios Bravios, redigido por José Bonifácio de Andrada e Silva e procuramos discutir como esse texto impactou a legislação indigenista durante todo o Império brasileiro. Para compreendermos a dinâmica do Estado que surgia, e a necessidade do trabalho indígena, é preciso dimensionar a ideia fortemente circulada acerca da escassez de mão de obra em decorrência da pressão inglesa pela abolição do trafico de africanos. Com a finalidade de solucionar a crise de mão de obra, a nova catequese, inaugurada a partir do Decreto 426 de 1845, objetivava transformar os indígenas primeiro em trabalhadores, depois em cristãos, mas...

Programa De Inclusão Indígena-"Guerreiros Da Caneta": Cidadania Ou Benesse? 1 Novais

2013

RESUMO: O presente trabalho discorre sobre um estudo inicial das cotas para indígenas na Universidade Federal de Mato Grosso. E para este intento traçamos o caminho desde o processo histórico da formação social, política e econômica do Brasil. O objetivo desta pesquisa consiste em discutir a questão dos auxílios assistenciais e o tratamento do suporte acadêmico dado aos indígenas que ingressam a Universidade Federal de Mato Grosso. Os autores usados como base para discutir o conceito de cidadania plena, e assim analisar o PROIND, foram Coutinho e Gramsci. Os principais resultados alcançados pela pesquisa foi o fato de que os Direitos Sociais não são cerceados apenas a população, dita, branca, mas também aos indígenas e para estes com mais intensidade e preconceito. PALAVRAS-CHAVE: povos indígenas, cidadania, PROINDI. ABSTRACT: This paper discusses an initial study of quotas for indigenous people in the Federal University of Mato Grosso. And for this intent we trace the path from the...

A técnica e a aniquilação indígena no Brasil

Amazônia, Organizações e Sustentabilidade

O objetivo deste artigo foi analisar diferentes movimentos políticos desenvolvidos pelos governos brasileiros relacionados às responsabilidades sobre as questões indígenas. Tais movimentos são observados pela lente de Ellul (1964), e percebidos como técnicas que, com o argumento de organizar a vida social indígena, constituem tragédias. Adotamos a forma de ensaio teórico como metodologia, devido à ausência de um formalismo científico e possibilidade de apresentarmos as interpretações dos movimentos e das técnicas aplicadas em relação aos povos indígenas. Estes movimentos e técnicas são ilustrados em três diferentes momentos, que contam com técnicas especificas, mas resultam em tragédias semelhantes, a criação do Serviço de Proteção ao Índio, a criação da FUNAI e a edição da Medida Provisória 870/2019, e sua apreciação pela Nota Técnica 001/2019. Percebe-se que as diferentes regras que buscaram integrar os indígenas na realidade técnica, resultaram em exclusão e genocídio, com seus i...

Valente, Rubens. Os fuzis e as flechas: história de sangue e resistência indígena na ditadura

Revista Brasileira de História, 2017

Os fuzis e as flechas: história de sangue e resistência indígena na ditadura é um trabalho verdadeiramente monumental, publicado em edição impecável pela Companhia das Letras como segundo livro da coleção Arquivos da Repressão no Brasil. Ao longo de 398 páginas de texto e mais de cem de notas, referências e imagens, Rubens Valente monta uma série de painéis que reconstroem paisagens, cenários, trajetórias individuais e eventos que marcaram a atuação de diversas personalidades envolvidas na chamada "questão indígena", entre os anos 1960 e o início da década de 1980. A pesquisa, que contou com um ano de entrevistas e 14 mil quilômetros atravessados entre dez estados do país, incluindo dez aldeias, é tributária da própria trajetória de Valente, que, desde os anos 1990, realizou diversas reportagens em terras indígenas e, a partir de 2010, escreve para a sucursal de Brasília do jornal Folha de S. Paulo. Os fuzis e as flechas é, portanto, um texto jornalístico. Seu tom biográfico é fruto do uso de um amplo leque de fontes orais cruzadas com material escrito, como entrevistas de época, relatórios e comunicações oficiais sobre casos ou indivíduos específicos. Trata-se de documentos muitas vezes sigilosos e que apenas puderam vir à tona depois do fim da ditadura-relativos, por exemplo, ao Serviço de Proteção ao Índio (SPI), à Fundação Nacional do Índio (Funai), ao Ministério do Interior e à Assessoria de Segurança e Informação (ASI) instalada na Funai como braço do Serviço Nacional de Informação (SNI). A própria relação desses documentos, ao fim do livro, constitui referência de riquíssimo material para pesquisadores que resolvam dedicar-se ao estudo desse período.

OLATRIASE LENARISMOS: a resistência indígena nas Américas

"É a morte prenhe, a morte que dá a luz" (M. Bakhtin) I. A idolatria como resistência specto dos mais notáveis da coloni­ ção ibérica, a "extirpação das ido­ latrias" figurou, para desgraça dos índios, entre as maiores prioridades do poder co­ lonialista no século XVI. Jean Delumeau viu na obsessão dos extirpadores-verda­ deiros demonólogos do Novo Mundo-a versão americana da ucaça As bruxas" que tomou conta da Europa na mesma época, prolongando-se, como nas colônias, até pelo menos o século XVII. ' Utilizando-se quer de métodos violen-tos, a exemplo da ação inquisitorial dos bispos, quer de métodos persuasivos, co-Estw'os Históricos, Rio de Janeiro, vol.S, D. 9, 1992, p. 29-43 • Ronaldo Vainfas mo foi a catequese jesuítica ou Úll nciscana, a Igreja Colonial mobilizou o máximo de recursos a seu dispor para erradicar os "cultos diabólicos" que julgava existir no mundo indígena. Na América Hispãnica, entre o rigor da ação inquisitorial e a disciplina pedagógica das missões, instaurou-se a prática de en­ viar"visitadores" encarregados de inquirir os índios sobre os seus costumes. Os visi­ tadores agiam como envangelizadores e inquisidores a um só tempo, pois acrescen­. tavam a tarefas propriamente pastorais a função de indiciar os "feiticeiros" mais afamados. No mais das vezes atuavam sob as ordens das autoridades eclesiásticas, co­ mo fez Hemando Ruiz de A1arcón, encar­ regado pelo Arcebispo do México, no sé­ culo XVlI, de visitar certas regiões do Vice-Reinado a fim de "se informar sobre os costumes pagãos, as idolatrias e supers­ tições" que ainda persistiam entre os indios mexicanos. Houve casos, no entanto, em

As novas cartas do Brasil: um e-pistolário dos povos indígenas

Alea-estudos Neolatinos, 2023

Suzane Lima Costa.é professora do Instituto de Letras da Universidade Federal da Bahia, coordenadora do Núcleo de Estudos das Produções Autorais dos Povos indígenas (NEAI-UFBA) e Bolsista de Produtividade em Pesquisa (CNPq).

A força comunitária indígena: reflexões com os Xakriabá no Brasil em tempos de Covid-19

Confluenze, 2021

The article presents the first year of the pandemic in the Brazilian scenario in dialogue and action with indigenous peoples. The constant deconstruction of public policies and repeated aggressions against minorities in the country are aggravated by the displacements caused by Covid19. In view of this difficult context, we present a reflection on our experience with the Xakriabá indigenous people. We aim to contribute to the understanding of the processes to which we are all submitted in order to seek alliances capable of offering us alternatives and directions to face such a situation.