O homem do pau-brasil (1981) de Joaquim Pedro de Andrade: releitura oswaldiana no Brasil da Abertura (original) (raw)
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O homem (1887), de Aluísio Azevedo, como best-seller erótico
Alea - Estudos Neolatinos, 2019
Embora fosse respeitado nos círculos intelectuais desde o aparecimento de O mulato (1881), Aluísio Azevedo (1857-1913) só assinou contrato com a Livraria Garnier após a publicação de O homem (1887). Foi graças ao sucesso de vendas desse livro que o editor de Machado de Assis, um dos mais importantes da época, comprou os direitos de toda a ficção do autor e imprimiu a quarta edição da obra. O feito era resultado de uma forte campanha publicitária posta em curso por Aluísio Azevedo e sua rede de amigos da imprensa. Com foco nas vendas, eles apostaram no aspecto licencioso da obra para divulgá-la e alcançaram grande êxito. O Rio de Janeiro se viu escandalizado ao ler os devaneios eróticos da protagonista, descritos para tratar do tema da histeria feminina. Aluísio Azevedo sofreu ataques dos detratores da estética naturalista, que o acusaram de escrever “pornografia” disfarçada de ciência. Neste artigo, vamos contar a história de O homem como best-seller erótico do fim do século XIX.
2018
H erdeiros da A ntropofagia O swaldiana: G lauber Rocha e Joaquim Pedro de A ndrade através de seus cantos de cisne: A idade da terra e O homem do Pau-Brasil P a ra q u e m c o n h e c e m in h a tra je tó ria fic c io n a l, re su m o q u e , em A Id a d e d a T erra , <o c a n g a c e iro m a ta A n to n y o das M o rte s (o y m p e ria ly sm o p o ly v a le n te) e o p o v o triu n fa n a utopya>. G la u b e r R o c h a Sempre que interessam as relações profundas (temporais, cau sais, sistémicas) entre obra e ambiente contextuai, o conceito de intertextualidade toma-se uma peça-chave no campo dos estu dos literários, podendo ser aplicado com proveito na análise de artefatos cinematográficos, como demonstra Mikhail Iampolskii em The Memory o f Tires ias. Intertextuality and Film. Assim, e devido ao fato de Joaquim Pedro dedicar seu último filme, O Homem do Pau-Brasil (Brasil 1982), ao recém-falecido Glauber Rocha (provavelmente pensando na última obra dele, A idade da terra, Brasil 19801, por sua vez homenagem à ousadia es tilística de Macunaíma, adaptação do romance de Mário de Andrade) nos vemos no meio de um cipoal dc referências e inter-relações, cujo caráter corresponde perfeitamente ao termo «anagrama», introduzido por Iampolskii (Iamploskii 1998: 16-25). GR deve ter conhecido certo grau de elaboração do último filme de Joaquim Pedro, pois no retrato dele («Andrade de Pe dro Joaquim 80», Rocha 2004: 441-446), após caracterizar Ma cunaíma como «o grande filme tropicalista», acrescenta: «Paix ão: Krystyna Aché. O homem do pau-brazyl é seu klymax 1 A partir daqui, salvo em citações, os filmes serão referidos como O Homem e A Idade, respectivamente. A sigla GR é usada para Glauber Rocha, JP representa Joaquim Pedro de Andrade.
O gênio engenhoso de Oswald de Andrade: uma análise de Pau Brasil
Miguilim, 2022
O artigo que aqui se apresenta objetiva discutir Pau Brasil, mais especificamente, os poemas que podem ser encontrados em A história do Brasil, parte do livro, de autoria do poeta modernista Oswald de Andrade. O trabalho pretende se debruçar sobre a questão da autenticidade artística das vanguardas europeias, que chegaram ao solo brasileiro no século XX. Intenta, ainda, relacionar a problemática da forma poética oswaldiana à teoria dos atos de fingir, de Wolfgang Iser (2013) e o problema da arte na era da reprodutibilidade técnica, como foi formalizada por Walter Benjamin. Portanto, pode-se afirmar que o livro Pau Brasil reacende a discussão sobre gênio romântico, criatividade artística, consumo da arte e impacto das novas formas de consumo e produção do capitalismo moderno, assumindo a impossibilidade da originalidade plena e de uma identidade pura na modernidade.
2013
Na graduacao em Arquitetura na USP, fui do grupo de teatro “Coro de Carcaras”. Tinhamos muita influencia do teatro da vanguarda russa e da montagem de O Rei da Vela (1967) pelo teatro Oficina. Interessada nesses temas, no trabalho final de graduacao, intitulado O teatro de Meyerhold, pesquisei a metodologia desenvolvida por Meyerhold (a biomecânica) e as montagens das pecas escritas por Maiakovski (Misterio Bufo, O Percevejo e Os Banhos). Ainda interessada em cenografia, retomei os estudos. Cheguei a Helio Eichbauer – nao sabia muito mais alem de que ele fora o cenografo da historica e revolucionaria montagem de O Rei da Vela. Desde entao venho pesquisando sobre Eichbauer. No primeiro semestre de 2012, cursei, como aluna especial na UNIRIO, a disciplina A cena, a selva e a festa: origens e desdobramentos da antropofagia no teatro brasileiro, do professor Dr. Andre Gardel. Embora tenhamos estudado a antropofagia em sentido amplo, alem da apropriacao modernista e tropicalista do termo...
Revista Ideação, 2024
An approximation between Vilém Flusser and Oswald de Andrade seems to be very plausible when we analyze some striking characteristics of their intellectual production: iconoclasm, irreverence, and an almost obsessive concern with the peculiarities of Brazilian reality and culture. It is, however, much more than that since, in a text little known to the Brazilian public, Vilém Flusser refers to Oswald de Andrade —contrary to the general opinion that considers him just a literature author —as the most significant Brazilian philosopher of his generation. Furthermore one should also draw attention to an element shared by both, namely, the ideal of humanity as embodying what Huizinga had called homo ludens, that is, the characteristic of a being whose best partis his impulse to play. Among the multiple possibilities of rapprochement between Flusser and Andrade, this paper focuses on the relevance of playfulness to both essential Brazilian philosophers.
Projeto História: revista do Programa de Estudos Pós-Graduados em História e do Departamento de História da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo., 2022
Este artigo pretende investigar o Mário de Andrade (1893-1945) viajante do final da década de 1920, com base nas suas viagens ao Norte (1927) e Nordeste (1928/1929) brasileiros, as quais tiveram como resultado os diários e as crônicas que integram o livro póstumo O turista aprendiz, publicado pela primeira vez em 1976. Discute-se o modo que Mário procurou atribuir um sentido nacional ao Brasil através das tradições populares, perspectiva já manifestada na obra de Sílvio Romero (1851-1914). Sob esse horizonte, enfatiza-se as heranças intelectuais de Romero existentes nas produções do escritor modernista, apesar de suas evidentes atualizações. A partir das incursões pelo país, Mário constrói um discurso a respeito da cultura brasileira.
2013 - A mulher pelo avesso em O Homem (1887), de Aluísio Azevedo
O homem foi publicado seis anos depois de O mulato (1881) e três antes de O cortiço (1890). No entanto, situado entre duas das obras mais conhecidas de Aluísio Tancredo Gonçalves de Azevedo (1857 -1913, é curioso o romance que não tenha recebido maior atenção por parte da crítica especializada, tendo em vista a inegável qualidade estética da narrativa e alguma audácia por parte do escritor em transpor os aspectos da histeria e das questões religiosas e familiares para o plano da ficção.